sábado, 14 de setembro de 2013

Sou uma cobra cheia de veneno!


Idoso membro da Academia Brasileira de Letras deseja enfrentar-me num duelo. Declarou isto a mim pelo telefone, mas sem explicar como se efetuará o confronto, se com espadas, ou peixeiras, ou revólveres, ou motosserras, ou metralhadoras... Contendo o riso, propus que o embate se realize em Buenos Aires, pois aqui no Brasil as nossas leis não permitem duelos sangrentos. Sugeri: eu e o meu adversário, lá na capital da Argentina, usaremos como armas dois guarda-chuvas, de cabos bem compridos. E à maneira de espadas, um guarda-chuva se baterá contra o outro. Depois, o primeiro que ficar arrebentado, estraçalhado, reduzido a tiras, será o do perdedor...

Qual o motivo desse desafio grotesco? Simples, o provecto membro da ABL se enfureceu ao ler o meu livro A Academia do fardão e da confusão, pois nele apresento a verdadeira história da Academia Brasileira de Letras, de maneira clara, segura, honesta, rigorosamente documentada. Com voz senil, infantil, fininha, fraquinha, o embolorado acadêmico soltou estes zurrinhos pelo telefone:

- Senhor Fernando Jorge, o senhor é muito, muito, muito perigoso, uma cobra cheia de veneno. Mas não tenho medo do senhor, ouviu? Quero ver se é capaz de me enfrentar num duelo, quero ver!

Eu respondi:

- Prezado e deteriorado acadêmico, garanto, sou capaz, porém estabeleço duas condições. Primeira, a luta terá de ser com guarda-chuvas, lá em Buenos Aires, no picadeiro de um circo. Segunda, o senhor se fantasiará de palhaço.

Após me xingar com sonoros palavrões, o carunchoso acadêmico desligou o telefone.

Doeu-me a barriga, de tanto gargalhar, e logo me lembrei daquela imagem do poeta francês Catulle Mendès (1843-1909), fundador do Parnasianismo:

“O riso é o ruído que produz o bater das asas da alegria” ...

(“Et le rire, c’est le bruit d’aile que fait la joie”...)

As informações do meu livro A Academia do fardão e da confusão, lançado pela Geração Editorial, continuam a irritar diversos membros da ABL. Dou um exemplo. Eles não se conformam, insultam-me, porque mostrei, nas páginas 229 e 230 dessa obra, como a Academia Brasileira de Letras mandou queimar, em 1940, um livro correto sobre ela, na lavra de Fernando Nery, diretor da sua secretaria. O referido livro, com prefácio de Afrânio Peixoto, descreve a safadeza dos membros da ABL na feitura dos verbetes do Dicionário da língua portuguesa, idealizado por Laudelino Freire e patrocinado pela casa dos “imortais” mortais. Durante dez anos, os acadêmicos incumbidos da redação do dicionário, não fizeram nada, mas recebiam à guisa de pagamento, todas as semanas, uma alta quantia. Que imoralidade!

Também evoco, no capítulo 35, o desrespeito aos restos mortais do acadêmico Elmano Cardim, cujo corpo foi expulso do seu túmulo, no mausoléu da Academia, para ceder lugar a outro corpo, o de Darcy Ribeiro. Fato que gerou na Justiça um processo contra a ABL, movido pelo filho de Cardim, o senhor Elmano Gomes Cardim Júnior. E a Academia saiu derrotada, por causa da sentença da 18ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça da cidade do Rio de Janeiro, que a condenou, no dia 25 de fevereiro de 1999, a indenizar a família Cardim, pois os filhos do falecido não autorizaram a ABL a realizar a exumação do corpo do acadêmico.

O desvario do débil mental da Academia, quando falou comigo pelo telefone, sem dizer o seu nome, revela o insano desespero da instituição a qual ele pertence, diante dos vergonhosos fatos expostos na minha obra.

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