segunda-feira, 24 de agosto de 2015

O Percival e o Suplicy estão sendo humilhados!



Homem franco, enérgico, de personalidade forte, inimigo de qualquer tipo de hipocrisia, eu acuso: estão sendo humilhados o jornalista Percival de Souza e o ex-senador Eduardo Suplicy (PT-SP), o primeiro pelo Marcelo Resende, na TV Record, e o segundo pela presidenta Dilma Rousseff.
No programa Cidade Alerta, da referida emissora, o Marcelo não cessa de menosprezar o Percival. Além de não dar a este a merecida atenção, a oportunidade de opinar mais, o Marcelo o humilha volta e meia. Sentado numa cadeira de espaldar alto, que parece um trono, o veterano jornalista, após falar rapidamente, em poucos segundos, sobre qualquer fato apresentado no programa, ouve do Marcelo as seguintes palavras:
-Você está repetindo tudo o que eu disse!
Ou então escuta isto, em tom de escárnio:
-Acho que você está com febre.
Se o Marcelo Resende acolhe o juízo do Percival, ele costuma perguntar:
-Você tomou algum remédio?
É como se o cérebro do jornalista, por ser débil, precise com urgência de uma injeção, a fim de poder funcionar a contento...
Frequentes vezes o Marcelo Resende indaga:
-Por que você balança tanto o pé?
E acrescenta:
-Pare de balançar o pé!
A cara do Percival, em tais ocasiões, exibe o seu constrangimento. Ele procura sorrir, disfarçar, mas a humilhação se torna bem visível. Em suma, o Percival de Souza, no programa Cidade Alerta, apresentado quase todos os dias, a partir das 17 horas, é menosprezado, ridicularizado, zombado, ofendido pelo Marcelo Resende.
Um amigo meu comentou:
-Fernando, talvez isto que vem acontecendo é combinado.
Mas se é combinado, não deixa de ser humilhação, nojenta falta de respeito a um jornalista experiente, de talento, várias vezes premiado, professor universitário, ex-comentarista da TV Globo, um dos fundadores do Jornal da Tarde, autor de dez livros valiosos, entre os quais destaco O crime da rua Cuba, Eu, o cabo Anselmo, Autópsia do medo – Vida e morte do delegado Sérgio Paranhos Fleury.
Percival: largue o programa Cidade Alerta, não aceite essas humilhações, mande às favas o Marcelo Resende. Primeiro defenda o seu amor próprio. Você engole as ofensas, as grosserias do Marcelo, porque o programa dele é em rede nacional de televisão. No entanto não vale a pena ficar conhecido no Brasil inteiro às custas do aviltamento da sua pessoa. É um preço muito alto.
Além disso, Percival, você já é idoso, é um pré-cadáver como eu, pois nasceu em 1943, tem mais de 70 anos. Envelheça com brio, com dignidade!

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Vejam a humilhação sofrida pelo Eduardo Suplicy.
Segundo a Folha de S.Paulo, após dois anos de espera, a presidenta Dilma Rousseff desmarcou uma reunião com o ex-senador, atual secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo. E o mesmo jornal salienta: Suplicy havia enviado 19 cartas à presidenta, desde junho de 2013. Agora ele prepara a vigésima carta. O ex-marido da Marta declarou:
-Eu já tinha contado para meus amigos, familiares e alunos que a presidenta me receberia. Estou entristecido.
Suplicy, você não está entristecido, você está humilhado. Há dois anos tenta falar com a Dilma sobre o seu projeto da Renda Básica de Cidadania. Dois anos, Suplicy, dois anos! Você enviou 19 cartas a Dilma, e nada! E quer remeter mais uma! Suplicy, por favor, tenha vergonha na cara, rompa com a presidenta, mande-a lamber sabão. Grave na sua memória esta frase do capítulo XLIV do Don Quijote de Cervantes:
“Mais vale vergonha na cara que desonra no coração”.
(Mas vale vergüenza en cara, que mancilla en el corazón)
Dentro em breve, Suplicy, se Deus permitir, você chegará aos 80 anos. Portanto deixe de se humilhar, de se rebaixar, não se emporcalhe, não cubra de merda a sua velhice, para ela não ficar fedendo.
E Dilma, quanta indelicadeza, quanto desprezo! Por que se mostrar tão difícil com esse homem desprovido de personalidade forte? O cargo que a senhora ocupa é efêmero, daqui a pouco deixará de ser presidenta, o tempo – fera voraz – logo vai comer o seu mandato como um tigre faminto devora o filhote de uma zebra.
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Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor do livro Se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido, cuja 6ª edição foi lançada pela Editora Novo Século