sexta-feira, 24 de abril de 2020

A LEI TEM QUE SER RESPEITADA


O papa Bento XVI, o Lula, o José Dirceu, a senadora Heloísa Helena e o Fernando Henrique Cardoso estavam viajando num avião, todos juntos. Durante o voo, Bento XVI condenou o conflito no Oriente Médio, os ataques do Hezbollah e a retaliação de Israel contra o Líbano:
-Esta selvageria é injustificável! As violações à lei e aos direitos humanos não podem ser usadas para justificar tamanha barbaridade.
-Concordo – disse o Lula, degustando um grande copo de pinga misturada com uísque.
-Vejam vocês que absurdo - comentou o Pontífice - a palavra árabe Hezbollah significa "Partido de Deus".
-Juro, sou contra a violência - garantiu o Fernando Henrique Cardoso com o seu sorriso de aeromoça - Fiquei indignado quando os militantes do MLST, comandados pelo Bruno Maranhão, invadiram a Câmara Federal, no dia 6 de junho, e ali fizeram um quebra-quebra. Depois de liderar esse ato de vandalismo, o Bruno ainda se atreveu a pedir de volta a Secretaria Nacional de Movimentos Populares. Incrível!
-Olhe, Cardoso, não é só você que é contra a violência - declarou a Heloísa Helena - Eu também sou, pois fui expulsa do PT.
FHC respondeu:
-Se você é como eu, contra a violência, por que não critica o presidente venezuelano Hugo Chávez, que comprou da Rússia, por três bilhões de dólares, 24 aviões e 53 helicópteros? Comprou esses aparelhos para desencadear, na América do Sul, uma guerra contra os Estados Unidos.
Neste momento o papa Bento XVI pôde ver pela janela um diabinho serrando uma das asas do avião. Ele pediu:
-FHC, você é labioso, vá à presença do maldito e o convença a parar de serrar a asa.  
O ex-presidente do Brasil foi até lá, mas calmo, impassível, o molequinho do Inferno continuou a executar o seu trabalho. Então o papa pediu outra vez:
-Heloísa Helena, você sabe falar. Diga ao diabinho que se ele não parar de serrar a asa, nós todos vamos morrer!
A senadora chegou perto do coisa-ruim e falou, falou, porém a sua conversa foi inútil. O rabudo não desistiu do seu intento. Serrava a asa e ria como só o pé-de-gancho sabe rir, maldosamente.
Nervoso, aflito, o papa Bento XVI implorou ao Lula e ao José Dirceu:
-Corram até Iá! Pelo amor de Deus, façam ele parar de serrar a asa!
Os dois se aproximaram do capeta e começaram a falar. Bento XVI não os ouvia, mas de repente o diabinho parou de cortar a asa e deixou a serra cair no espaço. Quando o Lula e o José Dirceu voltaram, o papa quis saber, muito entusiasmado:
-Formidável! Parabéns! Como é que vocês conseguiram convencê-lo a parar de serrar a asa?
Lula esclareceu:
-Da maneira mais simples. Dissemos que se ele não parasse, o avião iria cair e eu e o José Dirceu rolariamos no Inferno, onde logo seria fundado, por nós dois, um partido igualzinho ao PT, como este era no tempo do mensalão...

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Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor do livro As lutas, a glória e o martírio de Santos Dumont, lançado pela HaperCollins.

sábado, 18 de abril de 2020

ELAS VALEM MUITO MAIS

Acreditem, estamos vivendo num planeta ainda bárbaro, selvagem, cheio de monstros.
Simone Cassiano da Silva, de 27 anos, vendedora em Belo Horizonte, jogou a sua filha de dois meses, enfiada num saco de lixo, na Lagoa da Pampulha, para que morresse afogada, mas o bebê foi salvo. Vejam como Simone se referiu à filha:
-Essa droga de menina!
Transcorridos poucos dias, a dona-de-casa Regina Elaine Pereira, de 30 anos, joga a filha recém-nascida num valão, onde a encontraram morta, embrulhada num saco plástico. A pobrezinha exibia ferimentos na cabeça, causados por pancadas. Isto aconteceu em Porto Alegre.
Conforme o relato de Romaria da Silveira, vizinha de Regina, foi a segunda vez que essa mulher jogou um bebê recém-nascido no valão:
-Há três anos ela fez a mesma coisa.
Logo em seguida, na capital paulista, Wilker Roger Cremon, de 26 anos, irritou-se com o choro da filha, de onze meses. Ele a espancou e lançou-a contra uma parede. Após coloca-Ia no andador, deu um pontapé nesse aparelho. O bebê, do segundo andar da casa, rolou pela escada abaixo, quase trinta degraus.
Quando a mãe da criança apareceu, Tânia Cristina dos Santos, assistente administrativa, o agressor proferiu estas palavras:
-Fale baixinho que a nossa filha está dormindo. Não acenda a luz. Ela caiu do andador, ficou enjoadinha, mas agora está tudo bem. E até ria, brincava, antes de dormir.
Às três horas da madrugada, a mãe acordou, ouvindo a respiração difícil da criança. Todo desfigurado, o bebê sofria convulsões.
Tânia o levou em coma para o Hospital da Mooca. Ali os médicos constataram que a menina tinha lesões na coluna e fraturas em todo o corpo.
Durante quatro meses, segundo a polícia, o bebê havia sido espancado pelo pai. Wilker, na delegacia, confessou friamente o crime e não se mostrou arrependido.
Em Bangu, no Rio de Janeiro, dez dias após o bebê de dois meses ser resgatado com vida na Lagoa da Pampulha, uma enfermeira do Hospital São Lourenço viu Luísa Pereira, de 32 anos, deixar a sua filha recém-nascida no chão, no meio dos carros de um estacionamento. Quase que o bebê foi esmagado pelos automóveis.
No mesmo dia, em Nova Iguaçu, uma mulher jogou um recém-nascido na rua Mauro Cavalcanti, do bairro Cerâmico. A criança, dentro de saco plástico, acabou sendo estraçalhada por um veículo.
Dezenas de urubus, em Realengo, sobrevoavam outro saco plástico que boiava no rio Piraquara. Abriram o saco e nele jazia um bebê morto, em avançado estado de decomposição.
Qualquer cadela é mais humana do que essas mães assassinas. Uma cadela não mata os seus filhos.
É a guerra dos monstros contra os bebês. Tais bebês, embora filhos de monstros, não são monstros, mas as criaturas que os geraram - mãe ou pai - apresentam-se diante dos meus olhos como os frutos podres de uma época afastada de Deus, onde o que importa não é o amor à família e sim o imediato e pleno gozo sexual. Lema dos monstros:
“Viva o materialismo! Morra a espiritualidade!”.

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Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor do livro As lutas, a glória e o martírio de Santos Dumont, lançado pela HaperCollins.

sexta-feira, 10 de abril de 2020

MEU DEUS, QUANTA BURRICE!


O exame Prova Brasil, realizado pelo Ministério da Educação, mostrou isto: a maioria dos estudantes brasileiros de escolas públicas urbanas, na 4ª série, têm dificuldades de leitura. Após quatro anos de estudos, eles alcançaram um rendimento visto como "crítico", no teste de língua portuguesa. Tal exame avaliou 1,0 milhão de alunos, que foram reprovados em dezesseis estados, por causa das suas besteiras.
Sejamos justos, os nossos políticos também não param de soltar besteiras, de cometer atentados contra a língua portuguesa. Errar, neste sentido, não é um privilégio dos estudantes da 4ª série. Informou a jornalista Hildegard Angel, por exemplo, que o prefeito de Araruama, ao candidatar-se à reeleição, tinha o costume de dizer nos comícios:
"Quero reganhar! Meu povo e minha pova, com a minha fé e a fé de vocês, vamos juntar as nossas fezes!”
Esse prefeito é um gênio da língua portuguesa, pois inventou o verbo reganhar, o substantivo feminino pova e o plural fezes, aliás bem fedorento.
O episódio que agora vou descrever mereceu até uma notícia na primeira página do matutino O Globo.
Na câmara municipal de uma cidade do interior de São Paulo, certo vereador pronunciou no meio do seu discurso o adjetivo óbvio, o qual serve para designar a coisa muito visível, clara, manifesta, patente. Um segundo vereador o aparteou:
-Perdão, nobre colega, a pronúncia correta é obvio, sem acento no primeiro o.
Aí um terceiro vereador reagiu:
-Discordo! A pronúncia correta é óbvio, com acento no primeiro o.
-Não, é obvio, sem acento! - ornejou um quarto vereador.
Estabeleceu-se o bate-boca, o tumulto. Todos os vereadores entraram no debate.
-A pronúncia correta é obvio - zurrava um.
-Não, não, em absoluto, é óbvio com acento.
-Protesto, é obvio sem acento - relinchava outro, talvez querendo comer capim e com as ferraduras frouxas nas quatro patas.
Sua excelência, o presidente da câmara municipal, a fim de solucionar o gravibundo problema, colocou o assunto em votação. Resultado: os defensores da pronúncia obvio, sem acento no primeiro o, saíram ganhando de maneira esmagadora.
Altamente inspirado, eu compus este poeminha:

Óbvio ou obvio?
Berravam num rodopio,
repletos de maus odores,
de furores,
os senhores vereadores.
E a maioria,
com ares de muares,
cérebro vazio,
a pular como macacos no cio,
gritava “obvio”!
Caiam as suas frouxas ferraduras,
roncavam os seus estômagos sem capim,
perdiam as composturas,
até pareciam os bêbados de um botequim!

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Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor do livro As lutas, a glória e o martírio de Santos Dumont, lançado pela HaperCollins.