terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Marcelo é sádico e Percival é masoquista?

O Percival de Souza continua a ser humilhado pelo Marcelo Resende no programa Cidade Alerta, da TV Record. Milhares de telespectadores ficam chocados com a violência, a estupidez do Marcelo, e a inércia, o conformismo, a passividade de boi manso de Percival, incapaz de reagir, de mostrar que possui brio, auto-estima. Várias pessoas costumam me perguntar:
-Aquilo é combinado?
Tenho respondido:
-Se é combinado, ainda assim é cena de crueldade e também de cínico desrespeito aos telespectadores, pois estes estão sendo vítimas de uma tapeação.
Há outra hipótese: o Marcelo sofre do distúrbio psíquico gerador do gozo sexual quando se causa sofrimento ou humilhação a um parceiro. Resumindo, ele me parece um sádico. E o Percival, por seu turno, talvez seja vítima do distúrbio psicológico no qual um homem ou mulher só obtém o prazer pela dor que lhe é infligida. Em síntese, o Percival me parece um masoquista, vocábulo derivado do nome do escritor austríaco Leopold von Sacher-Masoch (1836-1895), cujo interesse sexual se centrava na ânsia compulsiva de padecer e de se humilhar.
O programa Cidade Alerta, da TV Record, assume diante de mim o aspecto de um espetáculo de sadomasoquismo, termo criado por Sigmund Freud (1856-1939), o pai da Psicanálise, pois nesse programa duas taras se uniram, completaram-se, o sadismo do Marcelo Resende com o masoquismo do Percival de Souza. Casamento lindo, emocionante!
Freud observou: “o sádico é sempre e ao mesmo tempo um masoquista”. Tal fato não impede que o lado ativo, ou o lado passivo da sua perversão, possa predominar.
O relacionamento do Marcelo com o Percival me traz à memória, de forma constante, o relacionamento sadomasoquista do personagem Alexei Ivanovitch, do romance O jogador, de Dostoiewski, publicado em 1866, com a perversa e caprichosa Paulina, sua cunhada. Aliás, inspirado nesse romance autobiográfico, o russo Serguei Prokofiev compôs, no ano de 1916, a ópera O jogador.
Imaginei uma cena, após o diário espetáculo de sadomasoquismo, oferecido pelo Marcelo e pelo Percival. Feliz, realizado, este se volta para o outro e confessa:
-Marcelo, adorei a sua humilhação. Que delícia!
E o Marcelo responde:
-Eu também adorei humilhar você. Juro, senti um prazer imenso, indescritível!
Numa dessas cenas de sadomasoquismo do Cidade Alerta, o Marcelo escarneceu do septuagenário Percival de Souza, nascido em 1943:
-Você tem mais de mil anos!
Ora, e o Marcelo? A sua cara amarrotada já é a de um pré-cadáver amarelo, prestes a ser comido pelos esfomeados vermes cor de pus das sepulturas!
Vejamos duas humilhações impostas pelo Marcelo ao submisso Percival.
Humilhação do dia 5 de outubro de 2015, segunda-feira. Marcelo, na frente do Percival:
-Cala a boca. Você está se metendo aonde não é chamado. Cala a boca.
Ponho de lado a grosseria e corrijo o erro de português do Marcelo: o certo é cale a boca. Se o bruto o aconselhou a silenciar, empregando o tratamento você, o correto é usar a primeira pessoa do presente do subjuntivo (que eu cale ou que você cale) e não o presente do imperativo (cala tu).
Humilhação do dia 6 de outubro de 2015, terça-feira. Marcelo, em frente do Percival:
-Você já acordou? Estava dormindo? Não me interrompa, que falta de assunto!
O humilhado, depois de ouvir a esculhambação, sorriu como um fanático, alegre masoquista, depois de receber monumentais porradas nas bochechas flácidas.
E Marcelo Resende, por favor, deixe de estuprar a idosa senhora Língua Portuguesa. Respeite-a, não ensine os telespectadores a falar errado. Aprenda a pronunciar de maneira correta os verbos do nosso idioma. O senhor não para de defecar esta frase:
-Dá trabalho prá fazê.
Não é fazê, senhor Marcelo, é fazer, com r no fim...
Mais um dos seus estupros, repetido dezenas de vezes:
-Pensa no seguinte.
Não é pensa, é pense, um conselho. Pensa se aplica à terceira pessoa do presente do indicativo do verbo pensar: eu penso, tu pensas, ele pensa. Eis a primeira pessoa do presente do subjuntivo desse verbo: que eu pense ou que você pense. Compreendeu, Marcelo?
Sem descanso, a todo momento, o algoz do Percival chama uma repórter de capitão. Precisa meter isto na sua cabecinha, Marcelito: o feminino do substantivo masculino capitão é capitã ou capitoa. Apresento como exemplo esta frase, extraída de uma notícia da Folha de S. Paulo:
“A capitã Sochaki disse também que os sérvios da Bósnia foram avisados sobre a ação”.
Forneço mais um exemplo, colhido da página 200 do volume primeiro do Dicionário prático da língua portuguesa, de J. Mesquita de Carvalho (Editora Egéria, São Paulo, 1966), lexicógrafo que era diretor geral do Instituto de Educação do Estado de Minas Gerais:
Capitoa (ô), S.F. Mulher, esposa de capitão... Mulher que dirige ou comanda outras”.
Teimando em chamar a repórter de capitão, como se ela fosse um homem dotado de colhões exuberantes, um membro do Exército brasileiro, o apedeuta Marcelo Resende prova como o poeta e dicionarista inglês Samuel Johnson (1709-1784), na Letter to Drummond, de 13 de agosto de 1766, acertou ao garantir que quem voluntariamente persevera na sua ignorância, torna-se culpado de todos os crimes produzidos por ela” (He that voluntarily continues ignorance is guilty of all the crimes which ignorance produces).