Sou um
fiel leitor de dicionários e enciclopédias. Tenho na minha eclética biblioteca,
de 30 mil volumes, cerca de 4 mil dicionários e enciclopédias sobre todos os
assuntos. Estou lendo os verbetes da “Nova Enciclopédia Ilustrada Ana Maria”,
lançada pela Editora Abril. Trata-se de uma obra bem impressa e de leitura
agradável. Aliás, a Editora Abril merece toda a nossa admiração, pois ela
sempre contribuiu para aumentar a cultura do povo brasileiro. Infelizmente
essa “Nova Enciclopédia Ilustrada Ana Maria” contém vários erros. Passarei a
mostrar alguns, com a esperança de que a Editora Abril os
corrija, antes
de publicar a segunda edição dessa obra.
Na página
17 do primeiro volume, no verbete
sobre a Academia
Brasileira de Letras, o tímido Machado de Assis
aparece como o fundador dessa
instituição. Garanto, não é verdade. Quem fundou a ABL, em 1897,
foi o jornalista Lúcio de Mendonça. Provei tal fato no meu livro "A Academia do
fardão e da confusão - A Academia Brasileira
de Letras e os seus 'imortais'
mortais”, um lançamento da Geração Editorial. Machado de Assis tornou-se, isto
sim, o primeiro presidente da ABL.
Folheando a enciclopédia ao acaso,
encontrei, na página 55 do volume quarto, a seguinte informação: o livro
"O Mandarim”, de Eça de Queiroz, é um romance. Não está certo, é uma
novela. Eça escreveu-a em 1880 para o "Diário de Portugal” e a sua
tradução em francês surgiu em 1884, na “Revue Universelle Internationale”, de
Paris.
Num verbete sobre a imperatriz Leopoldina, esposa do nosso D.
Pedro I, na
página 63 do sétimo volume, há uma informação errada. O
verbete assegura: em 1823 a imperatriz começou "a perder
a popularidade e o prestígio
para a amante do marido, a Marquesa de Santos” Desminto, nunca a virtuosa
Leopoldina perdeu a popularidade e o prestígio.
Pelo contrário, ela
ficou ainda mais popular e querida em 1823,
porque o povo se solidarizou com a imperatriz, compreendeu o seu infortúnio.
Também há um erro sobre Monteiro Lobato,
na página 83 do sétimo volume. O livro
“Urupês”, de Lobato, não é uma coletânea de
contos só a respeito do Jeca Tatu, pois este personagem não
aparece na maioria desses contos.
Outro erro, agora na
página 24 do oitavo volume: não foi a Marquesa
de Santos que rompeu em 1829 a sua ligação com D. Pedro I e sim ele,
desejoso de se casar, após a morte de Leopoldina, com a princesa Amélia de
Leuchtenberg. Alberto Rangel provou isto no seu clássico livro “Dom Pedro
Primeiro e a Marquesa de Santos”, publicado em 1916.
Mais um erro, e no verbete sobre Mário
Quintana, da página 56 do décimo volume: “A rua dos cata-ventos”, livro desse
poeta, não é composto de poemas e
sim de sonetos.
Ainda no décimo volume, o verbete sobre
Júlio Ribeiro, da página 103, informa que este escritor reuniu no livro “Uma
polêmica célebre”, em 1935, uma série de artigos contra um padre português.
Indago: como o Júlio Ribeiro, falecido em 1º de novembro de 1890,
conseguiu realizar essa proeza no ano de 1935? Ele ressuscitou?
Aconselho os responsáveis pela “Nova
Enciclopédia Ilustrada Ana Maria”, da Editora
Abril, a tomarem mais cuidado na elaboração dos textos, pois no
verbete sobre Jânio Quadros, da página 49 do décimo
volume, podemos ler estas palavras:
“...nas campanhas
eleitorais costumava comer marmita...”
Comer marmita? Juro,
eu não sabia que o Jânio devorava panelas de metal! Os dentes dele eram de aço?