sábado, 14 de setembro de 2013

JÂNIO QUADROS COMIA MARMITA?


Sou um fiel leitor de dicionários e enciclopédias. Tenho na minha eclética biblioteca, de 30 mil volumes, cerca de 4 mil dicionários e enciclopédias sobre todos os assuntos. Estou lendo os verbetes da “Nova Enciclopédia Ilustrada Ana Maria”, lançada pela Editora Abril. Trata-se de uma obra bem impressa e de leitura agradável. Aliás, a Editora Abril merece toda a nossa admiração, pois ela sempre contribuiu para aumen­tar a cultura do povo brasileiro. Infelizmente essa “Nova Enciclopédia Ilustrada Ana Maria” contém vários erros. Passarei a mostrar alguns, com a esperança de que a Editora Abril os corrija, antes de publicar a segunda edição dessa obra.

Na página 17 do primeiro volume, no verbete sobre a Academia Brasileira de Letras, o tímido Machado de Assis aparece como o fundador dessa instituição. Garanto, não é verdade. Quem fundou a ABL, em 1897, foi o jornalista Lúcio de Mendonça. Provei tal fato no meu livro "A Academia do fardão e da confusão - A Academia Brasileira de Letras e os seus 'imortais' mortais”, um lançamento da Geração Editorial. Machado de Assis tornou-se, isto sim, o primeiro presidente da ABL.

Folheando a enciclopédia ao acaso, encontrei, na página 55 do volume quarto, a seguinte informação: o livro "O Mandarim”, de Eça de Queiroz, é um romance. Não está certo, é uma novela. Eça escreveu-a em 1880 para o "Diário de Portugal” e a sua tradução em francês surgiu em 1884, na “Revue Universelle Internationale”, de Paris.

Num verbete sobre a imperatriz Leopoldina, esposa do nosso D. Pedro I, na página 63 do sétimo volume, há uma informação errada. O verbete assegura: em 1823 a imperatriz começou "a perder a popularidade e o prestígio para a amante do marido, a Marquesa de Santos” Desminto, nunca a virtuosa Leopoldina perdeu a popularidade e o prestígio. Pelo contrário, ela ficou ainda mais popular e querida em 1823, porque o povo se solidarizou com a imperatriz, compreendeu o seu infortúnio.

Também há um erro sobre Monteiro Lobato, na página 83 do sétimo volume. O livro “Urupês”, de Lobato, não é uma coletânea de contos só a respeito do Jeca Tatu, pois este personagem não aparece na maioria desses contos.

Outro erro, agora na página 24 do oitavo volume: não foi a Marquesa de Santos que rompeu em 1829 a sua ligação com D. Pedro I e sim ele, desejoso de se casar, após a morte de Leopoldina, com a princesa Amélia de Leuchtenberg. Alberto Rangel provou isto no seu clássico livro “Dom Pedro Primeiro e a Marquesa de Santos”, publicado em 1916.

Mais um erro, e no verbete sobre Mário Quintana, da página 56 do décimo volume: “A rua dos cata-ventos”, livro desse poeta, não é composto de poemas e sim de sonetos.

Ainda no décimo volume, o verbete sobre Júlio Ribeiro, da página 103, informa que este escritor reuniu no livro “Uma polêmica célebre”, em 1935, uma série de artigos contra um padre português. Indago: como o Júlio Ribeiro, falecido em 1º de novembro de 1890, conseguiu realizar essa proeza no ano de 1935? Ele ressuscitou?

Aconselho os responsáveis pela “Nova Enciclopédia Ilustrada Ana Maria”, da Editora Abril, a tomarem mais cuidado na elaboração dos textos, pois no verbete sobre Jânio Quadros, da página 49 do décimo volume, podemos ler estas palavras:

“...nas campanhas eleitorais costumava comer marmita...”

Comer marmita? Juro, eu não sabia que o Jânio devorava panelas de metal! Os dentes dele eram de aço?

 

Quem autorizou o senhor a morrer?


Os 26 mil habitantes de Biritiba-Mirim, na Grande São Paulo, foram proibidos de morrer, pois o prefeito Roberto Pereira da Sil­va, do PSDB, conhecido como “Jacaré”, havia enviado à Câmara Municipal dessa cida­de um projeto de lei, a fim de propor isto. Biritiba-Mirim é dona de um só cemitério, que está superlotado, com túmulos até nos seus corredores. Jazi­gos foram ocupados por mais de duas famílias e polêmica resolução federal impedia o prefeito de mandar construir uma nova necrópole, devido a questões ambientais. Eis o começo do projeto:

“Roberto Pereira da Silva, prefeito municipal de Biritiba-Mirim, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei, faço saber que a Câmara Municipal aprovou e eu promulgo a seguinte lei:

            Artigo 1º - Fica proibido morrer em Biritiba-Mirim.

            Parágrafo único. Os infratores responderão pelos seus atos.

            Artigo 2º - Esta lei vigorará até a construção de um novo cemitério municipal.

            Artigo 3º - Os munícipes deverão cuidar da saúde para não falecer”.

Depois de concluir a leitura do projeto, lembrei-me de um verso da Divina Comédia de Dante Alighieri, o 46 do canto III do ln­ferno: ­

            “Questi no hanno speranza di morte”

            ("Estes não tem a esperança de morrer")

O poeta italiano, nessa passagem, mostra uma multidão desesperada, a agitar-se no vestíbulo do reino dos demônios. Apenas a morte a libertaria, trazendo-lhe a paz... Como esses condenados descritos por Dante, os biritibanos jamais poderiam ir para a cidade dos pés juntos. A lei os obrigaria a permanecer vivos. Se um deles parasse de respirar, o prefeito Roberto lhe faria esta pergunta:

            -Quem autorizou o senhor a morrer?

            Resposta do defunto:

            -Aconteceu, prefeito, eu não tenho culpa.

            -Tem sim. O senhor violou o artigo 1º da Lei Anti-Defunto.

            -Juro, doutor Jacaré, aconteceu.

            -Se o senhor esticou a canela, foi porque também desrespeitou o artigo 3º da referida lei, que determina que os munícipes, para não morrer, deverão cuidar da saúde.

            -Mas eu estava com saúde perfeita! Morri de repente.

            -E quem mandou o senhor morrer de repente?

            -Aconteceu, sei lá!

            -Olhe, as suas palavras não me convencem. Então o senhor não sabia que aqui, em Biritiba-Mirim, é proibido morrer?

-Eu sabia, doutor Jacaré, eu sabia, mas repito, aconteceu!

            -Ouça, o parágrafo único do artigo 1º da Lei Anti-Defunto especifica que os infratores responderão pelos seus atos. Portanto, eu or­deno: volte a viver. Ressuscite, vamos!

-Doutor Jacaré, como é que eu vou fazer tal coisa?

-Ressuscite, não seja teimoso!

-Juro, eu não consigo, não consigo!

-Trate de dar um jeito. Peça a ajuda do salvador do Brasil, o Lula.

-Se eu fizer isto, morrerei mais uma vez.

Aí, nesse momento, o prefeito se enfureceria, chamaria um policial e berraria:

-Prenda esse defunto estúpido! Eu lhe ofereci a chance de ressuscitar e ele não quis. Que fique na cadeia, até o dia do seu jul­gamento!

Sou uma cobra cheia de veneno!


Idoso membro da Academia Brasileira de Letras deseja enfrentar-me num duelo. Declarou isto a mim pelo telefone, mas sem explicar como se efetuará o confronto, se com espadas, ou peixeiras, ou revólveres, ou motosserras, ou metralhadoras... Contendo o riso, propus que o embate se realize em Buenos Aires, pois aqui no Brasil as nossas leis não permitem duelos sangrentos. Sugeri: eu e o meu adversário, lá na capital da Argentina, usaremos como armas dois guarda-chuvas, de cabos bem compridos. E à maneira de espadas, um guarda-chuva se baterá contra o outro. Depois, o primeiro que ficar arrebentado, estraçalhado, reduzido a tiras, será o do perdedor...

Qual o motivo desse desafio grotesco? Simples, o provecto membro da ABL se enfureceu ao ler o meu livro A Academia do fardão e da confusão, pois nele apresento a verdadeira história da Academia Brasileira de Letras, de maneira clara, segura, honesta, rigorosamente documentada. Com voz senil, infantil, fininha, fraquinha, o embolorado acadêmico soltou estes zurrinhos pelo telefone:

- Senhor Fernando Jorge, o senhor é muito, muito, muito perigoso, uma cobra cheia de veneno. Mas não tenho medo do senhor, ouviu? Quero ver se é capaz de me enfrentar num duelo, quero ver!

Eu respondi:

- Prezado e deteriorado acadêmico, garanto, sou capaz, porém estabeleço duas condições. Primeira, a luta terá de ser com guarda-chuvas, lá em Buenos Aires, no picadeiro de um circo. Segunda, o senhor se fantasiará de palhaço.

Após me xingar com sonoros palavrões, o carunchoso acadêmico desligou o telefone.

Doeu-me a barriga, de tanto gargalhar, e logo me lembrei daquela imagem do poeta francês Catulle Mendès (1843-1909), fundador do Parnasianismo:

“O riso é o ruído que produz o bater das asas da alegria” ...

(“Et le rire, c’est le bruit d’aile que fait la joie”...)

As informações do meu livro A Academia do fardão e da confusão, lançado pela Geração Editorial, continuam a irritar diversos membros da ABL. Dou um exemplo. Eles não se conformam, insultam-me, porque mostrei, nas páginas 229 e 230 dessa obra, como a Academia Brasileira de Letras mandou queimar, em 1940, um livro correto sobre ela, na lavra de Fernando Nery, diretor da sua secretaria. O referido livro, com prefácio de Afrânio Peixoto, descreve a safadeza dos membros da ABL na feitura dos verbetes do Dicionário da língua portuguesa, idealizado por Laudelino Freire e patrocinado pela casa dos “imortais” mortais. Durante dez anos, os acadêmicos incumbidos da redação do dicionário, não fizeram nada, mas recebiam à guisa de pagamento, todas as semanas, uma alta quantia. Que imoralidade!

Também evoco, no capítulo 35, o desrespeito aos restos mortais do acadêmico Elmano Cardim, cujo corpo foi expulso do seu túmulo, no mausoléu da Academia, para ceder lugar a outro corpo, o de Darcy Ribeiro. Fato que gerou na Justiça um processo contra a ABL, movido pelo filho de Cardim, o senhor Elmano Gomes Cardim Júnior. E a Academia saiu derrotada, por causa da sentença da 18ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça da cidade do Rio de Janeiro, que a condenou, no dia 25 de fevereiro de 1999, a indenizar a família Cardim, pois os filhos do falecido não autorizaram a ABL a realizar a exumação do corpo do acadêmico.

O desvario do débil mental da Academia, quando falou comigo pelo telefone, sem dizer o seu nome, revela o insano desespero da instituição a qual ele pertence, diante dos vergonhosos fatos expostos na minha obra.

Os países ricos cobiçam a Amazônia


Sou cem por cento nacionalista, até a última gota do meu sangue. Quero que o Brasil seja integralmente nosso, e não da China, ou da Rússia, ou da Alemanha, ou dos Estados Unidos, de qualquer nação desse mundo atrapalhado. E me preocupo deveras com a Amazônia. Fiquei estarrecido quando a Funai, na década de 1990, ousou propor a demarcação de uma imensa área de terras contínuas em Roraima, a fim de beneficiar poucas centenas de índios.

Hoje, a possível entrega de tais glebas aos silvícolas, na reserva Raposa Serra do Sol daquela região, é sem dúvida uma ameaça à integridade territorial do nosso país. Um perigo bem assustador, porque a ONU acaba de aprovar, inclusive com o voto cego da pátria de Lula, a Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas, composta de quarenta e seis artigos. Reza o artigo quarto do documento:

“Os povos indígenas, no exercício do seu direito de livre determinação, têm direito à autonomia ou ao auto-governo...”

Coisa absurda, pois se os índios ianomâmis declararem que a sua reserva se tornou independente do Brasil, ela formará outra nação e nós seremos obrigados a reconhecê-la!

Leia, amigo leitor, o artigo nono do documento aprovado pela ONU, com o total apoio do Brasil:

“Os povos indígenas têm direito a pertencer a uma comunidade ou nação indígena.”

Nestas palavras não há a menor obscuridade. Se dezenas de índios, lá na Amazônia, proclamarem que as suas terras se separaram do Brasil e se transformaram num novo país, a ONU os apoiará e jamais poderemos impedir que este crime de lesa-pátria não aconteça.

Revoltado diante de tão monumental estupidez, eu afirmo:

A delegação do Brasil na Assembleia das Nações Unidas, ao endossar estes artigos, mostrou uma completa fraqueza mental.

Devido a essa declaração sobre os direitos dos povos indígenas, insensatamente aprovada em Nova York pelos nossos representantes, começaram a surgir novas tentativas de internacionalizar a região amazônica, sob o pretexto de defender os índios e de preservar a floresta. Dois jornais, o The Independent, de Londres, e o The New York Times, voltaram a dizer que o patrimônio da Amazônia é maior para a humanidade de que o das nações que possuem o seu território.

Há muito tempo os países ricos já se manifestaram a favor da internacionalização dessa extensa parte da América do Sul, como os Estados Unidos, pela voz de Al Gore; como a Inglaterra, pela voz de Margaret Tatcher; como a França, pela voz de Françoís Mitterrand; como a Espanha, pela voz de Felipe Gonzales; como a falecida União Soviética, pela voz de Mikhail Gorbachev.

Milhares de ONGS suspeitas estimulam, de certa forma, as reservas dos índios a se libertarem do controle do governo federal. E a demarcação de terras contínuas, junto às fronteiras com o Peru, a Colômbia e a Venezuela, só contribuirá para acelerar as futuras proclamações de independência dessas reservas. Fácil profetizar isto, embora eu não me considere um Nostradamus.

Vou citar aqui os nomes dos generais do nosso exército que sempre nos advertiram sobre esta ameaça feita à integridade do Brasil: Santa Rosa, Zenildo Lucena, Augusto Heleno, Cláudio Figueiredo, José Maria de Andrada Serpa.

Cometeu um ato impatriótico o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao assinar o decreto que homologou a reserva Raposa Serra do Sol, de terras contínuas. E agiu de modo correto o governo de Roraima, por ter solicitado, do Supremo Tribunal Federal, a revisão do nefasto decreto.