As
autoridades da Arábia Saudita executaram uma mulher que foi condenada por
praticar magia e feitiçaria. Essa mulher, Amina bin Abdul Halin bin Salen
Nasser, sofreu a decapitação, cortaram-lhe a cabeça na província de Jawf, no
norte do país.
De
acordo com Abdullah Al-Mohsen, chefe de polícia, a feiticeira prometia curar
doenças e cobrava até oitocentos dólares dos enfermos.
A
legislação da Arábia Saudita segue de modo fiel a Sharia. Tal lei islâmica
proíbe a bruxaria e inflinge a pena de morte a quem a pratica, em qualquer
circunstância.
No meu
livro Lutero e a Igreja do pecado,
já na sétima edição, lançada pela editora Novo Século, eu evoquei diversos
casos de feitiçaria, ocorridos na Idade Média. O que aconteceu agora, na Arábia
Saudita, nada mais é do que a sobrevivência de um costume bárbaro, imposto pelo
fanatismo religioso.
Reproduzo
aqui, neste bate-papo, alguns trechos do capitulo décimo de Lutero e a Igreja do pecado, obra ricamente
documentada e traduzida para o italiano pela professora Rina Malerbi Ricci, da
Universidade de São Paulo.
No Livro
do Êxodo, da Bíblia, a bruxaria é
punida com a pena de morte. Está registrado no seu texto:
“Não
deixarás a feiticeira viver” (22:18).
Mulheres
loucas ou desequilibradas se proclamavam seguidoras de Belzebu ou do Grande
Bode Negro de Três Cornos. Segundo informam alguns autores, inúmeras vezes eram
queimadas nas fogueiras da Europa, num só dia, mais de trezentas bruxas. Estas,
nas noites de sábado, voavam montadas em cima de bodes ou de cabos de vassoura,
para ir ao sabá, a medonha reunião presidida por Satã. Ficava sob suspeita a
mulher que dormia com a janela aberta, pois decerto ia lançar-se pelos ares,
montada num desses cabos de vassoura... Até os católicos acreditavam em tais
absurdos. Lendo a Bíblia, vemos
Belzebu aparecer no Evangelho de São Lucas, quando Cristo desmoraliza uma
calúnia dos fariseus:
“Jesus
estava a expulsar um demônio, o qual era mudo. E aconteceu que, saindo o demônio,
o mudo falou e a multidão ficou admirada. Mas alguns disseram: ‘É por Belzebu,
príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios’” (11:14,15).
No
século V, o código dos visigodos, na Espanha, punia com o chicote e a
escravidão os “maléficos”, os “geradores de tempestades”, os “evocadores de
Satã” e os “perturbadores do espírito”.
Meninos
de pouca idade foram queimados vivos, porque se supunha que existiam crianças
feiticeiras, “uma das mais hábeis astúcias do diabo”.
Intensas,
no território germânico sob a jurisdição da Igreja, eram as “caças às bruxas”,
principalmente em Treves, Bamberg, Würzburg, Ellwangen e Mergentlein.
A
senhora Alice Kyteler, no ano de 1324, não conseguiu escapar da acusação de ter
praticado vários atos diabólicos, junto de outras pessoas. Um bispo a
denunciou, Richard de Ledrede, ex-monge franciscano. Isto aconteceu em
Kilkenny, na Irlanda. Vejam os crimes da feiticeira, citados no tribunal:
infanticídio, assassinatos dos seus esposos, sacrifícios de toda espécie aos
demônios, extração da gordura de cadáveres humanos. E ela, além disso, foi
acusada de copular com o próprio diabo, que lhe aparecia sob as formas de um
gato, ou de um peludo cão selvagem, ou de um indivíduo preto, armado de longa
barra de ferro.
Metida
numa prisão, após ser excomungada pelo tal bispo, Alice escapou da cela e fugiu
para a Inglaterra, porém a sua criada, Petronilla de Meath, e alguns dos seus
“cúmplices”, condenados por magia, acabaram morrendo em fogueiras.
Como o
amigo leitor pode ver, por estas informações extraídas do meu livro sobre
Lutero, as feiticeiras sempre foram execradas pelos líderes religiosos, ao
longo dos séculos.
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