domingo, 23 de novembro de 2014

A MEMÓRIA DE ROBERTO MARINHO ESTÁ SENDO DESRESPEITADA


Fátima Sá, editora do Segundo Caderno de O Globo, por favor, corte as besteiras, os disparates, os erros de português da Adriana Calcanhotto. Vejamos algumas imbecilidades da Adriana. Leiam estas palavras da sua crônica. “A verdade dói”, de 23 de março de 2014:

“O Brasil só faz... alianças pragmáticas em vez de programáticas e loteamento de cargos”.

Absurdo, loteamento de cargos corresponde a venda de cargos, a corrupção! Adriana, você estava alcoolizada ao dizer que o nosso país deve lotear cargos?

Admirem outra resplandecente cretinice da Calcanhotto:

“...do hotel para fora estou em Portugal, do hotel para dentro na Península Ibérica” (crônica “O cheiro das ruinas”, 8-4-2014).

Eu pergunto: o país de Gil Vicente saiu dessa península? Agora se acha no Canal da Mancha?

Evocando o falecido ator José Wilker, a colunista o chama de “sedutor irresistível, cachorro”, na crônica “Pirueta felomenal” (20-4-2014). Wilker era buldogue, latia? Ela foi mordida por ele?

Um conselho da Adriana:

“Não classifique as coisas como boas ou más, chiques ou cafonas, certas ou erradas. As coisas são o que são” (crônica “Leve um agasalho”, 4-5-2014).

Genial! Então, segundo este raciocínio, o roubo é aceitável, o assassinato é normal...

Mais um bom conselho da colunista de O Globo, na mesma crônica:

“Não peça um copo d’água a ninguém, levante-se e vá buscar.”

Daí se deduz que um doente na cama, febril e sedento, sem poder andar, deve morrer de sede, como o Tântalo da mitologia grega...

Comentário asnático da Adriana:

“...amam jogar bola jogando bola” (crônica “E começa a partida”, 18-5-2014).

Sensacional! Graças à notável Calcanhotto podemos nos expressar assim: gostam de beber bebendo, de falar falando, de comer comendo.

Fiquei deslumbrado ao ler isto num dos seus textos:

“Canção inventada de maneira inventada” (crônica “Mea culpa”, 27-7-2014).

Puxa, eu não sabia que aula deve ser dada de maneira dada, que espirro deve ser espirrado, que recibo deve ser recebido!

Arregalei os olhos, pois um cachorro vira-lata, segundo a Calcanhotto, “mija os pneus do ônibus” (crônica “Crise de alegria”, 21-9-2014). Meu Deus, como um cão consegue mijar pneus? Como? Por que ele também não mija garrafas e canivetes?

E os erros de português da Adriana? Parecem não ter fim. Se o doutor Roberto Marinho estivesse vivo, ele jamais permitiria que ela fosse dona de uma coluna em O Globo. Aí vão alguns dos seus atentados ao nosso idioma:

“...quando deixando-lhe...” (crônica “Fevereiro e o poeta”, 9-2-2014).

Correção: quando lhe. O quando, advérbio ou conjunção, atrai o pronome.

“...sentado em uma mesa...” (crônica “E começa a partida”, 18-5-2014).

Correção: sentado à mesa. O fulano não pôs a sua bunda em cima da mesa. E há um cacófato: mama. A Calcanhotto aconselha o leitor a mamar?

“...chamou ela...” (crônica “Assinado: SOS”, 1-6-2014).

Correção: chamou-a.

“...tem visão do todo, inteligência, precisão, que engana o zagueiro...” (crônica “A camisa 10”, 15-6-2014).

Correção: que enganam, pois este verbo se refere a três coisas. Erro primário de concordância.

“...aparentemente injuntaveis...” (crônica “Mea culpa”, 27-7-2014).

Correção: a palavra injuntavel não existe, tanto no singular como no plural.
 
“...o que estranhou-se...” (crônica “De galho em galho”, 7-9-2014).
Correção: “o que se estranhou”, pois o pronome relativo influi na colocação dos pronomes pessoais, objetivos e terminativos.
Bem, e os cacófatos ou cacofonias da Calcanhotto? Ela não para de expelir palavras que dão lugar a outras, de sentido diferente ou ridículo. Citaremos apenas três cacófatos dessa gramaticida (assassina da gramática).
“E por rápido” ... (crônica “Pirueta felomenal”, 20-4-2014).
Cacófato: porrá. Esperma de quem? De porco? De homem? De macaco?
“...uma máquina” ... (crônica “Expectativa”, 13-7-2014).
Cacófato: mamá. Adriana quer mamar, virou bebê? Ela agora canta a marchinha de Jararaca e Vicente Paiva, do carnaval de 1937:
 
“Mamãe eu quero,
mamãe eu quero,
mamãe eu quero mamar...
Dá a chupeta,
dá a chupeta,
dá a chupeta
pro bebê não chorar”.
 
Terceiro cacófato: “...que ela tinha” ... (crônica “Ela e os passarinhos”, 24-8-2014). Latinha. De cerveja ou de guaraná?
Confesso, quatro inconformados jornalistas de O Globo me incentivaram a descer o cacete nos solecismos, nos desconchavos, na alta pirâmide de cacaborradas da apedeuta Adriana Calcanhotto.
A memória de Roberto Marinho, zeloso defensor da lógica e da linguagem correta, está sendo desrespeitada no jornal que ele tanto engrandeceu, amou e dignificou.
 
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Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor de Drummond e o elefante Geraldão, que acaba de ser lançado pela Editora Novo Século e cuja quarta edição já está quase esgotada.
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Este artigo foi publicado numa rede composta de 40 jornais de São Paulo e de 60 de outros estados.
A acusação de Fernando Jorge também tem sido feita em programas de televisão.
 

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