Vou
mostrar mais erros sobre Santos Dumont. Eu os descobri por acaso em muitos
livros, em dicionários bem conhecidos, em várias enciclopédias famosas. Afinal
de contas pesquisei durante 15 anos para poder escrever a minha biografia do
nosso genial inventor, cuja 5ª edição será lançada pela Geração Editorial.
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Isaac Asimov, nascido em Petrovich,
na Rússia, em
sua Biographical Encyclopedia of Science and
Technology, traduzida para o português com o título de Gênios da
humanidade (Bloch Editores, 3 volumes, 1974), produziu estes erros sobre
Santos Dumont:
I) O
inventor conquistou o Prêmio Deutsch em julho de 1901 e ganhou, por este
motivo, 123.000 francos, distribuídos entre seus mecânicos, operários e
auxiliares.
Está
errado, O prêmio foi obtido por causa do voo de 19 de outubro de 1901, no
dirigível Nº 6. Santos Dumont recebeu 129.000 francos, havendo entregue 50% aos
pobres da capital francesa.
II) Após
acumular "esforços e conhecimentos aerodinâmicos”, o inventor construiu em
1904 o 14-bis, usando um motor a explosão de 24 HP.
Está
errado. O 14-bis é de 1906 e o seu motor possuía 50 HP. No ano de 1904, Santos
Dumont construiu o dirigível Nº 10, chamado “ônibus aéreo”, pois apresentava
lugares para quatro ou cinco passageiros, em nacelles individuais.
III)
Santos Dumont, com o Blériot XI, no ano de 1909, “fez a primeira travessia
sobre o Canal da Mancha e sobrevoou os Alpes pela primeira vez" (volume 3
da edição brasileira da obra de Asimov, página 568).
Está
errado. O informe de Isaac Asimov é um disparate: Santos Dumont nunca voou
sobre o Canal da Mancha e também jamais viu os Alpes, quando comandava o 14-bis
ou a Demoiselle. Quem efetuou num avião a primeira travessia do Canal da
Mancha, segundo a história da Aeronáutica, foi Louis Blériot, em 25 de julho de
1909. A
façanha lhe propiciou um prêmio do Daily Mail, o grande jornal
britânico. E quem sobrevoou os Alpes pela primeira vez, a mais de 2.500 metros de
altura, não foi o brasileiro Santos Dumont e sim o peruano Géo Chavez, no dia
23 de setembro de 1910, rasgo de audácia que lhe custou a vida. Consultar as
páginas 78 e 86 do volume I da obra La conquête de l’air, de A. van
Hoorebeeck, publicada em 1967 pela coleção Marabout Université, dirigida por
Serge Godin e Jean-Jacques Schellens.
A nota
da Editora Bloch acentua: Isaac Asimov, em 1965, recebeu o Prêmio James T.
Grady, da Sociedade Americana de Química, devido a sua enorme ajuda à
divulgação do progresso das ciências. Mas se os outros verbetes da enciclopédia
desse autor se acham repletos de fatos absurdos, como se vê na parte sobre
Santos Dumont, pobres Science and Technology! E aqui não fica mal enviar
esta pergunta ao sr. Asimov, depois de ler os seus desconchavos a respeito do
nosso inventor:
- Into what an abyss of errors are you falling?
(Em que
abismo de erros vós caístes?)
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Carolina
Nabuco na página 36 de Oito décadas, livro de memórias do ano de 1973,
lançado pela Editora José Olympio, assim evoca um dos feitos de Santos Dumont:
“Brilhou
novamente em 1904 com o voo que ficou histórico, o do primeiro avião mais
pesado que o ar, façanha assistida por um grupo de curiosos no campo de
Bagatelle, em Paris”.
A
filha de Joaquim Nabuco cometeu o mesmo erro da Novíssima Enciclopédia Delta
Larousse e da enciclopédia O mundo do saber, pois o voo pioneiro do
14-bis, ocorreu em 23 de outubro de 1906.
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Escritor e
jornalista, Fernando Jorge é autor do livro As lutas, a glória e o martírio
de Santos Dumont, lançado pela HaperCollins.