sábado, 25 de março de 2017

O presidente Lulia no Palácio da Gastança

Grandes jornalistas, de muito talento, e cito aqui o Mino Carta, o Sebastião Nery, o Audálio Dantas, o Geraldo Pereira, o José Neumanne, o Paulo Markun, o Roniwalter Jatobá, o Gabriel Kwac, o Marcos Caldeira Mendonça, fariam magnificas reportagens com o assunto deste meu texto.
Informa Cleo Guimarães, na sua coluna “Gente Boa” do jornal O Globo (20-1-2017), que o governo de Michel Temer, no intuito de abastecer de alimentos o Palácio da Alvorada, gastou, de uma só vez, seis mil reais na compra de pães de queijo, quatorze mil na de 2.500 abacaxis, dezesseis mil na de três mil quilos de melões e mamões, dezessete mil na de queijos do tipo Minas, dezoito mil na de presuntos cozidos, sem capas de gordura, feitos com pernis de porco, pimentas vermelhas e pretas.
Quando li a informação da esperta Cleo Guimarães, indaguei a mim mesmo: o gigante Golias, da Bíblia, após ter sido liquidado por Davi, conseguiu ressuscitar em pleno século XXI? Agora ele almoça e janta no Palácio da Alvorada, aliás, da Gastança, como hóspede do beduíno Michel Miguel Elias Temer Lulia? Bonito nome! Dois brutamontes, acredito, já se instalaram lá, os esfomeados gigantes Gargantua e Pantagruel, nascidos da rica imaginação de François Rabelais (1494-1553), com as suas panças bem arredondadas, soltando arrotos e peidos épicos, marciais.
Num país mergulhado em profunda crise econômica, onde há quatorze milhões de desempregados – e não sei quantos de barriga vazia – o cardápio do Lulia (não confundir com Lula) custou quase sessenta mil reais! Isto se chama afronta, zombaria, desprezo, insulto a um povo carente. É o mesmo que mandar erguer, no meio de enorme favela ocupada por miseráveis famintos, um castelo cheio, na sua cozinha, de manjares saborosos, macios peitos de peru, suculentas carnes assadas, graúdos ovos dourados, fritos no mais puro azeite.
Revela um estudo inédito do Banco Mundial, órgão dirigido por Martin Raiser: entre 2,5 milhões e 3,6 milhões de brasileiros, na maioria jovens, passarão a viver na pobreza, até o fim de 2017. Pergunto: a cozinha do presidente Lulia, embora nababesca, vai alimentá-los?
Desejo entender. Por que gastar seis mil reais na compra de pães de queijo? É para engordar, no Palácio da Gastança, milhares de ratos e ratazanas, de caras idênticas às caras do Eduardo Cunha e do Sérgio Cabral?
Presidente Lulia, incrível, foram gastos quatorze mil reais na compra de 2.500 abacaxis. Abacaxis demais! É por que o abacaxi se tornou o símbolo do seu governo? Segundo o Dicionário de usos do português do Brasil, de Francisco S. Borba, a palavra abacaxi também se aplica às coisas perigosas. Ora, senhor Lulia, se o seu governo é um abacaxi, ele é um perigo, uma ameaça, um risco a pairar sobre as cabeças de todos nós. Cruz, credo!
Presidente Lulia (repito, não confundir com Lula), para que gastar dezesseis mil reais na compra de melões e mamões? Vai esborracha-los nas caras dos que o chamam de golpista? Ui, quero me proteger...
Presidente Lulia, por que gastar dezessete mil reais na compra do queijo tipo Minas? É ainda para satisfazer milhares de ratos e ratazanas do Palácio da Gastança, como ficaram satisfeitos, antes de cair nas ratoeiras fatais, os ratos de duas pernas – ratos bípedes – Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara Federal, e Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro? Ambos guincham, agitam-se, estrebucham, sacodem os rabos, tentando escapar das garras afiadas do Sérgio Moro, agilíssimo gatão juiz.
Presidente Lulia (volto a repetir, não confundir com Lula) formulo esta pergunta: o apetite do seu estômago sírio-libanês corresponde ao monstruoso apetite da sua ambição política? Se corresponde, passarei a compreender porque o seu governo gastou dezoito mil reais na compra de soberbos presuntos cozidos, sem capas de banha, feitos com roliços pernis de suínos brasilienses, esplêndidos pernis cobertos de pimentas vermelhas, da cor da nossa indignação, e de pimentas pretas, da cor dos nossos vômitos de nojo, diante dessa orgia de gastos. Sim, desperdício do dinheiro público na aquisição de alimentos perecíveis, destinados a apodrecer de modo rápido na copa do edifício que pode ostentar este outro nome: Palácio da Gastança.
Presidente Lulia, o senhor me dá a impressão de ser igual a Vitélio, imperador romano (15-69), célebre por causa do seu voraz apetite. A gula desse homem não tinha limites. Após a revolta de Tito Flávio Vespasiano (7-79), ele fugiu com o seu padeiro e o seu cozinheiro. O povo assassinou o comilão e o jogou no rio Tibre. Senhor Lulia, aí em Brasília existe algum rio?
Aconselho o nosso super-legitimo presidente a jamais comer tanto como o romancista Honoré de Balzac (1799-1850), que num restaurante de Paris devorou seis pudins, doze costelas, vinte bifes, noventa e seis ostras de Ostende.
Um naturalista inglês, John Lubbock, garantiu: a aranha, no reino dos animais, é o bicho que mais come, proporcionalmente ao seu peso e ao seu tamanho. E Lubbock chegou à seguinte conclusão: se um homem precisasse se alimentar à semelhança das aranhas, teria de engolir, todos os dias, duas vacas, três carneiros, dez porcos, milhares de peixes compridos.
Creio que devido a fartura do cardápio do Palácio da Gastança, o presidente Lulia foi em outra encarnação uma viúva-negra, a mais voraz, temida e peçonhenta das aranhas. O nome dela provem do fato da fêmea dessa aranha comer o macho, depois do acasalamento. Isto lhe fornece uma proteína extra, capaz de ajudá-la a produzir os seus ovos.

Sintetizo a minha hipótese. Talvez o presidente Lulia seja o nosso Homem-Aranha. E ele soube construir a sua teia, a fim de eliminar a inculpável borboleta Dilma Rousseff.

Artigo publicado no Jornal Itabirano

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