Em junho de 2010, a candidata Dilma Rousseff criticou os
abusos do MST, do Movimento dos Sem Terra:
“Ninguém que governe um país, um estado ou um município,
pode ser complacente com a ilegalidade. Invasão de terras, de centro de pesquisas,
de prédios públicos, é ilegalidade. E ilegalidade não é permitida.”
Muitas pessoas comentaram, influenciadas por estas
palavras:
–A Dilma
não é mais comunista, pois o MST é um
movimento marxista-leninista.
Eu dizia a essa gente:
–Ignoro se ela é ainda adepta do Marxismo, porém a sua
afirmativa não significa que tenha deixado de o ser. Um governo de Esquerda
nunca admite movimentos considerados ilegais. Basta lembrar que em janeiro de
1968, o líder Alexander Dubcek, do Partido Comunista da Tchecoslováquia, quis
conciliar o Marxismo com as liberdades individuais, dando-lhe um aspecto mais
suave. Os líderes do Kremlim, no entanto, tentaram convencer Dubcek a abandonar
a experiência democrática. Fracassaram. Então centenas de milhares de soldados da
Polônia, da Hungria, da Bulgária, da Alemanha Oriental e da URSS, sob o comando
do general Ivan Pavlósvski, vice-ministro da defesa soviético, invadiram Praga
na noite do dia 20 de agosto de 1968. Trinta tchecos morreram e mais de
trezentos ficaram feridos. Foi a “Primavera de Praga”. Diante dos tanques
russos, o líder Alexander Dubcek percebeu que não tinha escolha. Rendeu-se à
União Soviética e restringiu a abertura democrática.
* * *
O advogado búlgaro Pétar Russév, pai de Dilma, que alterou
o nome para Pedro Rousseff, a fim de aportuguesá-lo e sugerir uma ascendência
francesa, envolveu-se com a política e filiou-se ao Partido Comunista da
Bulgária. Era apaixonado por livros, amigo de vários poetas e escritores,
inclusive de Elisaveta Bagriana, um dos principais expoentes da literatura do
seu país.
Sem dúvida – é uma ilação razoável – Pedro Rousseff, um
homem de quase dois metros de altura e de rosto liso, feições delicadas, olhar
tranquilo, deve ter influenciado Dilma, do ponto de vista ideológico. Mas o
professor de Marxismo da filha de Pedro, quando ela estava com dezesseis anos e
era aluna do Colégio Estadual Central de Belo Horizonte, foi o senhor Apolo
Heringer Lisboa. A adolescente o nomeou seu guru. Ambos pertenciam à Polop
(Política Operária), grupo esquerdista que combatia a ditadura militar. Lisboa
transmitiu-lhe os fundamentos teóricos do Marxismo e dissertava sobre a crise
do Capitalismo, a luta de classes, o materialismo histórico, a evolução do
proletariado. E fez isto tão bem, que antes de ser presa em janeiro de 1970, e
levada para a sede da Operação Bandeirantes (Oban), a jovem Dilma esteve bem
junto dos operários, ministrando-lhes aulas de Marxismo-Leninismo. A informação
consta do processo sobre a sua maneira de agir, na época do regime militar
instaurado após o golpe de 31 de março de 1964. Declara um documento do
Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (DOPS), de maio de 1970,
sobre a futura presidenta do nosso país:
“Pertenceu ao Comando Geral do Colina (Comando de Libertação
Nacional). Coordenadora da VAR – Palmares de São Paulo, como também do Setor de
Operações. Manipulava grandes quantias da VAR-Palmares. É antiga militante de
esquemas subversivos-terroristas. Outrossim, através do seu interrogatório,
verifica-se ser uma das molas-mestras e um dos cérebros dos esquemas
revolucionários postos em prática pelas esquerdas radicais. Trata-se de pessoa
de dotação intelectual bastante apreciável.”
Como estamos vendo, os milicos, na época da repressão, das
torturas monstruosas infligidas aos opositores daquele regime fascista,
reconheceram que Dilma Rousseff possuía um superior nível mental. Imaginem
agora como eles ficariam surpresos, boquiabertos, se pudessem prever que ela,
no futuro, iria tornar-se a primeira mulher a ser eleita presidenta do
Brasil...
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