domingo, 30 de setembro de 2012

SOU A FAVOR DOS DIREITOS DA MULHER



Foi marcante a influência de Victor Hugo na literatura brasileira. Sentimos isto, de modo muito marcante, nos versos de  Castro Alves, repletos de imagens arrojadas.
Admirem agora o pujante lirismo do paralelo que Victor Hugo traçou entre o homem e a mulher, a extraordinária força poética das suas comparações:
“O homem é a mais sublime das criaturas; a mulher, o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono; para a mulher um altar. O trono exalta, o altar santifica.
O homem é o cérebro; a mulher o coração. O cérebro produz a luz, o coração produz o amor. A luz fecunda, o amor ressuscita.
O homem é um gênio; a mulher um anjo. O gênio é incomensurável, o anjo indefinível. O incomensurável é contemplado, o indefinível é admirado.
A aspiração do homem é a suprema glória; a aspiração da mulher é a virtude suprema. A glória cria a grandeza, a virtude a divindade.
O homem tem a supremacia; a mulher, a preferência. A supremacia significa a força, a preferência o direito.
O homem é forte pela razão, a mulher é invencível pelas lágrimas. A razão convence, as lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos; a mulher, de todos os martírios. O heroísmo enobrece, o martírio purifica.
O homem é um código; a mulher um sacrário. Ante o templo nos descobrimos, mas ante o sacrário nos ajoelhamos.
O homem pensa, a mulher sonha. Pensar é ter no cérebro uma lava, sonhar é ter na fonte uma auréola.
O homem é um oceano, a mulher é um lago. O oceano tem a pérola que embeleza, o lago tem a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa; a mulher, o rouxinol que canta. Voar é dominar o espaço, cantar é conquistar a alma.
O homem tem um fanal: a consciência; a mulher tem uma estrela: a esperança. O fanal guia, a esperança salva.
O homem, enfim, está colocado onde termina a Terra; a mulher, onde começa o céu...”
As feministas de hoje talvez achem que Victor Hugo era um machista. Jamais poderão aceitar estas afirmativas do insigne poeta: o homem é o cérebro, a mulher é o coração; ele é o gênio, ela é o anjo; ele aspira “a suprema glória”, ela “a virtude suprema”... Mas as nossas feministas, se condenaram o poeta por causa de tais comparações, esqueceram-se deste fato importante: Victor Hugo foi um cidadão do século XIX, de uma época onde o romantismo se caracterizou pelo predomínio da sensibilidade e da imaginação sobre as frias leis da lógica.
Sou a favor dos direitos da mulher. Ela, em minha opinião, tem sido vítima dos estúpidos e milenários preconceitos masculinos. Contudo, os movimentos femininos geraram centenas de mulheres viris, masculinizadas. Felizmente ainda existem milhões de feministas bem femininas. Viva a mulher que é bem mulher, mil vezes viva!

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Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor de “Drummond e o elefante Geraldão”, que acaba de ser lançado pela Editora Novo Século e cuja primeira edição já está quase esgotada.

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