sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Sou um colecionador de frases cretinas

Eu coleciono as frases imbecis das pessoas mais famosas do Brasil. Já tenho centenas dessas frases e pretendo publicar um livro, ao qual darei este titulo: Dicionário das frases cretinas dos brasileiros celebres.
Baseado em frias análises, cheguei à uma conclusão: o poder, diversas vezes, também emburrece, cretiniza. Foi a única explicação lógica que eu encontrei para compreender as frases idiotas de pessoas famosas, cujos nomes se acham em evidência nos jormais, nas revistas, nos programas das emissoras de televisão.
Há vários anos, aliás, as besteiras dessa gente frequentam os noticiários.
Após assumir a presidência da Republica em 15 de março de 1985, o maranhense José Sarney vomitou a seguinte asneira:
“Realmente, estamos importando alimentos, mas isso é ótimo, porque significa que quem não comia está comendo."
Oh raciocínio genial! Cérebro privilegiado, o do senhor José Sarney! Ele merece, não há duvida, ser membro da estéril Academia Brasileira de Letras. Amigo leitor, curve a cabeça diante da robusta inteligência do singular poeta do livro Maribondos de fogo, obra onde a poesia foi assassinada por esses insetos chamejantes!
Ficaram célebres as frases cretinas do senhor Mário Amato, na época em que era presidente da FIESP. No mês de abril de 1989, por exemplo, ele fez este elogio à senhora Dorothéia Werneck, ministra do Trabalho do presidente Sarney:
-Ela é muito inteligente, apesar de ser mulher.
A frase é tão cretina, mas tão cretina, que dispensa qualquer comentário. E comentar o quê? Assim como uma rosa é apenas uma rosa, conforme dizia a Gertrude Stein, a m. é apenas uma m.
Mais tarde, em 21 de junho de 1992, justificando a sonegação de impostos como "a defesa da sociedade contra a elevada carga tributária”, o senhor Mário Amato garantiu:
-Sonegar impostos é proteger a sociedade brasileira. O crime compensa. Ninguém pode atirar a primeira pedra: somos todos corruptos.
Estas frases imorais, insultuosas, cretinas, geraram o protesto indignado de 150 empresários gaúchos e do senhor Luíz Carlos Mandelli, presidente da Federação de Indústrias do Rio Grande do Sul. Vários gângsteres de Chicago e Nova York, inclusive o impiedoso Al Capone, enviaram do Inferno, onde cumprem as suas penas eternas, calorosos telegramas de aplauso ao senhor Mário Amato.
Três meses depois, em outubro de 1992, o Amato expeliu outra frase cretina:
-Quando a mocidade, que está despontando para a cidadania, sai para as ruas, isso me amedronta e apavora.".
Sentir medo da mocidade consciente, patriótica! Olhem aí o cúmulo do reacionarismo! Mário Amato deveria tremer, borrar as calças, se fosse o contrário. Se os jovens se acomodam diante do erro, do arbítrio, da corrupção, da patifaria, da injustiça, isto sim é condenável e maléfico. Viva pois a mocidade estuante, vibrante, apaixonada, a bela e generosa mocidade que sai das escolas, das universidades, e vai às ruas para reagir, protestar, combater a opressão, defender a democracia, lutar pela liberdade, a indômita e esplêndida mocidade de quente e rubro sangue novo! Ela é que é a verdadeira esperança de meu país, o seu futuro radioso!
Durante a campanha pelas eleições diretas, no ano de 1989, o doutor Paulo Salim Maluf deu este conselho em Belo Horizonte, na Faculdade de Ciências Médicas:
-O que fazer com um camarada que estuprou uma moça e matou? Tá bom, tá com vontade sexual, estupra, mas não mata.
Frases soberbas, notáveis! Eu soube que o presidente da Sociedade Brasileira de Estupradores convocou uma reunião extraordinária para os sócios desse grêmio poderem aplaudir de pé, entusiasticamente, o doutor Paulo Salim Maluf, defensor dessa nova e revolucionária prática sexual, chamada "Estupra, mas não mata". Convém dizer: o “Maniaco do Parque”, o Francisco de Assis Pereira, tentou acatar o conselho do doutor Maluf, porém ele não se dominava na hora "H" e acabou estuprando e matando dezenas de moças nas clareiras do Parque do Estado, uma das maiores áreas verdes da cidade de São Paulo. Francisco, menino mau, por que você não se limitou a estuprar as moças, seguindo o excelente conselho do doutor Maluf, por quê?
Em 1995, o doutor Maluf confessou:
-Me orgulho muito dos povos árabes, mas sou de origem libanesa.
Ora, eu pergunto, e o Líbano não é um país árabe? É tão árabe que 75 por cento da sua população é muçulmana. Basta salientar: em 1945 o Líbano ingressou na Liga Árabe. Eis os nomes árabes de localidades do país dos cedros: Al Laban, Batrum, Bent Jbail, Dayr al Qamar, El Khiyam, Qurnat al-Hamrã, etc, etc.
Bem, e qual é a minha firme conclusão? A minha firme conclusão é simples: de fato o poder em nosso país muitas vezes burrifica, imbeciliza. Os miolos de certos fulanos que exercem o poder se desconjuntam e ficam soltos, boiando nas suas cabeças. Eles passam a ter os cérebros em compotas. Devido a esta metamorfose, começam a defecar pela boca.

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