Encontrei um velho amigo na rua. Achava-se com ar sorumbático, ele que sempre foi expansivo. Explicou-me:
-Estou aborrecido. Alberto morreu. Creio que do coração. Era gordo em excesso, coitado! Tão discreto, tão educado...
Alberto - devo esclarecer ao leitor - era um velho gato, obeso e preguiçoso, que vivia ronronando em cima de um macio sofá: tinha o orgulho de um lorde, a pachorra de um filósofo socrático. Retribuía as carícias com frieza, embora não fosse malcriado. Havia nele, no seu olhar metálico, nos seus movimentos elásticos, compassados, qualquer coisa de solene e aristocrático. Eu, que sou democrata, nunca pude suportar os seus modos altivos. Meu amigo o adorava.
O gato tem fama de ser um animal egoísta, hipócrita e feroz, mas não são poucos os que o defendem e o preferem ao cão, o qual, segundo diversos psicólogos, é demasiado subserviente, sem a dignidade e a personalidade desse felino...
A gatolatria é um fenômeno milenar.
Narra Seignobos, na sua História da Civilização, que um século antes de Cristo, tendo certo cidadão romano matado um gato em Alexandria, o povo se amotinou, apoderou-se dele e o esquartejou, apesar dos pedidos do soberano e não obstante o grande medo que inspiravam os filhos da cidade de Augusto.
Os egípcios viam no gato um animal divino. Quando algum bichano morria, o dono, em sinal de luto, raspava a sobrancelha esquerda.
Maomé, diz a lenda, possuía uma gatinha chamada Muezza que, certa ocasião, adormeceu sobre a manga do seu hábito. O profeta, para não acordá-la, preferiu cortar a roupa. Muezza, grata e satisfeita, cada vez que ele voltava para casa, ia recebê-lo. Maomé, comovido pelo reconhecimento do animal, concedeu aos gatos um lugar no paraíso islâmico e ainda o privilégio de caírem de pé.
Richelieu, o maquiavélico ministro de Luis XIII, tinha quatorze gatos, assim chamados: Mounard-Ie-Fougueux, Soumise, Serpolet, Gazette, Ludovic-le-Cruel, Mimie Paillon, Feliman, Lúcifer, Lodoiska, Rubis-sur-l'Ongle, Pyrame, Thisbé, Racan e Perruque. Estes dois últimos tinham estes nomes por haverem nascido em cima duma velha cabeleira do acadêmico Racan. Pela forma com que Richelieu acariciava os seus bichanos, podia fazer-se idéia do estado de sua alma. Se passava suavemente a mão sobre o pêlo do felino, era sinal de bom humor. Se as carícias fossem rápidas, nervosas, isto queria dizer o contrário. O rei, conhecendo o temperamento do seu ministro, indagava quando pretendia conversar com ele:
-De que jeito Richelieu afagou seus gatos?
Os gatos me intrigam, causam curiosidade. Suas maneiras indolentes, seus passos sorrateiros, suas artimanhas me fascinam. Bicho estranho! Quanto mistério, quanta profundidade nas suas pupilas verdes! É o animal sutil por excelência, repleto de cautela, de agudeza. Dir-se-ia que tem alma de odalisca e de espião...
domingo, 19 de dezembro de 2010
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
A INVEJA É UMA CADELA RAIVOSA
É jornalista da chamada Grande Imprensa, redator econômico de jornal poderoso, um dos principais da cidade de São Paulo. Há cerca de três meses, meio alcoolizado, aproximou-se de mim na Alameda Barão de Limeira e insultou-me. Apliquei-lhe uma bofetada. Não se atreveu a reagir.
Devido ao sucesso do meu livro Se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido, esse sujeito vive fazendo esta pergunta nas livrarias:
-O livro do Fernando Jorge está saindo?
Ao ouvir que sim, ele empalidece e volta a perguntar:
-Mas sai mesmo, é comprado?
A confirmação o deixa ainda mais pálido, como alguém prestes a desmaiar.
Um vendedor de uma conhecida livraria da Avenida Paulista, meu amigo, percebeu que o fulano é um grande invejoso e ao ouvir a pergunta, responde assim:
-O livro do Fernando Jorge sobre o Obama é um dos mais vendidos.
Aí o invejoso quase desfalece. E o meu amigo exagera, para aumentar a sua inveja:
-Hoje, eu e os meus colegas já vendemos mais de cinquenta exemplares.
De olho amarelo, com a cara esverdeada de quem tem icterícia, o invejoso rosna:
-Não pode ser! Não pode ser! Eu não acredito!
Contendo o riso, o meu amigo confirma:
-É a pura verdade.
Na semana passada esse amigo me disse:
-Seu Fernando, o homem parece que vai morrer, quando garanto que o seu livro está sendo muito vendido. Se eu continuar a falar desse modo, acho que ele vai ter um enfarte.
Soltei estas palavras:
-Você sabe como é o nome da sua doença? Ele sofre de invejaite aguda.
Num domingo o telefone da minha casa tocou, às onze horas da noite, e eu atendi. A voz enrolada, gaguejante e pastosa do grande invejoso, golpeou o meu ouvido:
-Fer... Fer... Fer... Fernando! Vo... Vo... vo... vo...vo... você pensa que... que... que... que... o meu jornal vai... vai... vai publicar uma no... no... no... nota sobre o seu li... li... livro de bos... bos... bos... ta... ta... ta...? Não, não vai não! Eu não vou deixar!
Era a voz de cachaceiro mergulhado num porre monumental. Até o telefone dava a impressão de feder a álcool. Desliguei o aparelho.
Duas semanas depois, outra vez no porre, o pinguço ganiu no telefone:
-Fer... Fer... Fer... Fernando! Eu vou... vou... vou matar o meu colega que elogiou você num artigo aqui do... do... aqui do jornal... vou, vou matar ele, vou, vou, vou, vou!
Ouvi um som que parecia o ronco de um suíno e, em seguida, palavrões, xingamentos. A causa da fúria: o jornal do invejoso de fato havia publicado um artigo cheio de elogios ao meu livro...
O rancor desse animal é explicável. Uma obra de sua autoria, lançada em 2005, não teve nenhuma repercussão. Isto o feriu, azedou-lhe a alma pequenina e a fez ranger de despeito, de revolta louca, digna de ser enfiada em camisola-de-força.
A inveja é uma cadela raivosa, fustigada pelo diabo, e que só quer rosnar e morder.
Pertence à numerosa família dos grandes invejosos o jornalista pau-d’água que me detesta. Um dos seus antepassados, suponho, foi Nonius Asprenas, oficial do imperador romano Augusto (63 a.C – 14 d. C). Devido a um acidente, Nonius ficou aleijado. Sentindo imensa inveja dos seus amigos saudáveis, ofereceu-lhes uma festa, durante a qual cento e trinta deles morreram. O invejoso colocara veneno nos alimentos.
Perigosa, frequentes vezes mortífera, é a família dos grandes invejosos.
Não conseguindo suportar a fama do general Aécio, vencedor do huno Átila nos campos cataláunicos, em 451 da nossa era, o imperador Valentiniano III, do Ocidente, mandou matá-lo.
Açulado pelos latidos da cadela Inveja, cujos dentes pontiagudos não largam as suas presas, Henrique III, rei da França de 1574 a 1584, tornou-se o responsável pela morte do Duque de Guise. Como castigo de Deus, ele tombou assassinado por Jacques Clement, um frade fanático.
Incapaz de aplaudir a genialidade de Mozart, segundo informam vários biógrafos desse músico, o compositor italiano Antonio Salieri o envenenou, agadanhado pela inveja.
Eu sentiria um certo prazer, talvez orgulho, se o jornalista que me execra tivesse algum valor, pois ser invejado por pessoas inteligentes, de talento, equivale a receber uma homenagem...
O poeta Antônio Sales (1868-1940), fundador da célebre Padaria Espiritual do Ceará e autor de belas quadrinhas publicadas diariamente no Correio da Manhã do Rio de Janeiro, produziu estes versos, comparando a inveja ao estrume:
“Deixa que a gente invejosa
Fale de ti com ciúme:
A flor precisa de estrume
Para ficar mais viçosa”
Embora não me considere um lírio ou um cravo, eu posso dizer: o jornalista invejoso, obcecado por mim, é o estrume do meu florido e bem cuidado jardim de sonhos, de poesia, de elevadas aspirações...
Devido ao sucesso do meu livro Se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido, esse sujeito vive fazendo esta pergunta nas livrarias:
-O livro do Fernando Jorge está saindo?
Ao ouvir que sim, ele empalidece e volta a perguntar:
-Mas sai mesmo, é comprado?
A confirmação o deixa ainda mais pálido, como alguém prestes a desmaiar.
Um vendedor de uma conhecida livraria da Avenida Paulista, meu amigo, percebeu que o fulano é um grande invejoso e ao ouvir a pergunta, responde assim:
-O livro do Fernando Jorge sobre o Obama é um dos mais vendidos.
Aí o invejoso quase desfalece. E o meu amigo exagera, para aumentar a sua inveja:
-Hoje, eu e os meus colegas já vendemos mais de cinquenta exemplares.
De olho amarelo, com a cara esverdeada de quem tem icterícia, o invejoso rosna:
-Não pode ser! Não pode ser! Eu não acredito!
Contendo o riso, o meu amigo confirma:
-É a pura verdade.
Na semana passada esse amigo me disse:
-Seu Fernando, o homem parece que vai morrer, quando garanto que o seu livro está sendo muito vendido. Se eu continuar a falar desse modo, acho que ele vai ter um enfarte.
Soltei estas palavras:
-Você sabe como é o nome da sua doença? Ele sofre de invejaite aguda.
Num domingo o telefone da minha casa tocou, às onze horas da noite, e eu atendi. A voz enrolada, gaguejante e pastosa do grande invejoso, golpeou o meu ouvido:
-Fer... Fer... Fer... Fernando! Vo... Vo... vo... vo...vo... você pensa que... que... que... que... o meu jornal vai... vai... vai publicar uma no... no... no... nota sobre o seu li... li... livro de bos... bos... bos... ta... ta... ta...? Não, não vai não! Eu não vou deixar!
Era a voz de cachaceiro mergulhado num porre monumental. Até o telefone dava a impressão de feder a álcool. Desliguei o aparelho.
Duas semanas depois, outra vez no porre, o pinguço ganiu no telefone:
-Fer... Fer... Fer... Fernando! Eu vou... vou... vou matar o meu colega que elogiou você num artigo aqui do... do... aqui do jornal... vou, vou matar ele, vou, vou, vou, vou!
Ouvi um som que parecia o ronco de um suíno e, em seguida, palavrões, xingamentos. A causa da fúria: o jornal do invejoso de fato havia publicado um artigo cheio de elogios ao meu livro...
O rancor desse animal é explicável. Uma obra de sua autoria, lançada em 2005, não teve nenhuma repercussão. Isto o feriu, azedou-lhe a alma pequenina e a fez ranger de despeito, de revolta louca, digna de ser enfiada em camisola-de-força.
A inveja é uma cadela raivosa, fustigada pelo diabo, e que só quer rosnar e morder.
Pertence à numerosa família dos grandes invejosos o jornalista pau-d’água que me detesta. Um dos seus antepassados, suponho, foi Nonius Asprenas, oficial do imperador romano Augusto (63 a.C – 14 d. C). Devido a um acidente, Nonius ficou aleijado. Sentindo imensa inveja dos seus amigos saudáveis, ofereceu-lhes uma festa, durante a qual cento e trinta deles morreram. O invejoso colocara veneno nos alimentos.
Perigosa, frequentes vezes mortífera, é a família dos grandes invejosos.
Não conseguindo suportar a fama do general Aécio, vencedor do huno Átila nos campos cataláunicos, em 451 da nossa era, o imperador Valentiniano III, do Ocidente, mandou matá-lo.
Açulado pelos latidos da cadela Inveja, cujos dentes pontiagudos não largam as suas presas, Henrique III, rei da França de 1574 a 1584, tornou-se o responsável pela morte do Duque de Guise. Como castigo de Deus, ele tombou assassinado por Jacques Clement, um frade fanático.
Incapaz de aplaudir a genialidade de Mozart, segundo informam vários biógrafos desse músico, o compositor italiano Antonio Salieri o envenenou, agadanhado pela inveja.
Eu sentiria um certo prazer, talvez orgulho, se o jornalista que me execra tivesse algum valor, pois ser invejado por pessoas inteligentes, de talento, equivale a receber uma homenagem...
O poeta Antônio Sales (1868-1940), fundador da célebre Padaria Espiritual do Ceará e autor de belas quadrinhas publicadas diariamente no Correio da Manhã do Rio de Janeiro, produziu estes versos, comparando a inveja ao estrume:
“Deixa que a gente invejosa
Fale de ti com ciúme:
A flor precisa de estrume
Para ficar mais viçosa”
Embora não me considere um lírio ou um cravo, eu posso dizer: o jornalista invejoso, obcecado por mim, é o estrume do meu florido e bem cuidado jardim de sonhos, de poesia, de elevadas aspirações...
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
O LIVRINHO DO FICCIONISTA PAULO EDUARDO NOGUEIRA
O livrinho não parece uma biografia. Parece uma obra de ficção, uma novela mal estruturada. É por isto que eu chamo o imaginoso Paulo Eduardo Nogueira de ficcionista. Imaginoso porque no seu livrinho Paulo Francis – polemista profissional, lançado pela Imprensa Oficial de Estado de São Paulo, ele biografou um Francis bonzinho, de excelente caráter, que nunca existiu, a não ser na sua fantasia. Aliás, o Francis não era polemista profissional e sim um xingador profissional. Mostrava-se exímio na arte sórdida de achincalhar as pessoas. Investia contra as honras alheias, covardemente, protegido por longa distância, a salvo dos revides imediatos, dos murros dos ofendidos, pois morava em Nova York. Devido aos seus insultos, às difamações que ia expelindo como o vômito de uma hiena fedorenta, ele foi esbofeteado pelo escritor Guilherme Figueiredo num restaurante e pelo ator Adolfo Celi no palco do teatro Aurimar Rocha, diante de uma platéia lotada, lá no Rio de Janeiro.
O ator Paulo Autran, fiel amigo da atriz Tônia Carrero, vítima das infâmias do Paulo Francis, quando viu este na entrada de um teatro, aproximou-se dele e escarrou na sua cara. Paulo Francis não reagiu, aceitou a merecida cusparada... É um depoimento da atriz Cacilda Becker.
Após ler o meu livro Vida e obra do plagiário Paulo Francis – O mergulho da ignorância no poço da estupidez, publicado pela Geração Editorial, a jornalista Irene Solano Vianna, editora da Folha de S.Paulo, afirmou o seguinte num artigo, ao comentar essa minha obra:
“O sr. Paulo Francis escrevia mal, plagiava sobretudo citações e ideias, errava feio nas ostentações de sua pseudo cultura. E o mais grave de todos os pecados, não tinha compromisso algum com a exatidão dos fatos, ou respeito pela honra e dignidade alheias”.
Veja, amigo leitor, é este o Paulo Francis que o ficcionista Paulo Eduardo Nogueira admira com entusiasmo, é este o Paulo Francis que era “jornalista” entre aspas, desonesto, caluniador, racista, incapaz de escrever de forma simples e correta, larápio literário descarado, plagiador das frases de Shakespeare, James Baldwin, Winston Churchill, Dostoievski, Albert Einstein, Machado de Assis, Nelson Rodrigues, Roberto Campos, Artur Azevedo, Sérgio Porto, Ibrahim Sued, etc, etc.
Sustento, a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, dirigida pelo competente Hubert Alquéres, não devia ter lançado o livrinho do ficcionista Paulo Eduardo Nogueira sobre o difamador Paulo Francis. A senhora Cecília Scharlach, coordenadora editorial, e a senhora Viviane Vilela, assistente editorial, são profissionais de valor e tiveram de cuidar – sinto pena delas – de uma obra falsa, aleijada, muito defeituosa e lacunosa. Ambas cometeram o ato heróico de ler o texto indigesto do ficcionista Paulo Eduardo Nogueira. Livrinho anêmico, capenga, arrasado pelo jornalista Luís Eblak, que escreveu estas palavras num artigo publicado na edição do dia 22 de maio de 2010 da Folha de S.Paulo:
“A principal falha do biógrafo, porém, é não dialogar com outros livros sobre Francis. Nogueira só cita em poucas linhas um livro que deveria ser mais bem explorado: Vida e obra do plagiário Paulo Francis (1997), de Fernando Jorge. A obra de Jorge é a grande crítica publicada em livro durante a vida de Francis”.
Paulo Eduardo Nogueira, nas páginas 83 e 84 do seu livrinho caolho, daltônico e manquitola, declara que o meu livro pretendia provar que Paulo Francis era racista, ignorante, plagiário. Vou corrigir o ficcionista Nogueira: pretendia não, eu provei, senhor ficcionista. E provei de tal modo que o senhor é incapaz de garantir que eu menti. Prove, vamos!
Querendo fazer pouco caso do meu livro, o ficcionista Nogueira acrescentou:
“Acuado pelo processo judicial, Francis comentou com amigos e familiares que a Petrobras estava por trás da publicação, para desmoralizá-lo. Jamais leu o livro ou pensou em medidas judiciais contra o autor (Fernando Jorge). Recebeu apenas uma cópia de uma resenha, enviada por amigos, mas jogou-a no lixo sem lê-la, dando de ombros”.
Desfechei uma retumbante gargalhada, ao ler estas linhas. Quanta mentira! A Petrobras nunca me financiou. E se o Paulo Francis ousasse processar-me, iria perder de maneira estrondosa. Outra coisa, ele leu o meu livro sim, eu soube por intermédio de uma fonte idônea. Na opinião do jornalista Alberto Dines, expressa numa entrevista concedida ao Correio Popular de Campinas, o meu livro, e o processo da Petrobras contra o Francis, causaram a sua morte. Verdade ou exagero? Se é verdade, sou o pai do “primeiro livro assassino do mundo” e mereço aparecer no Guinnes, o livro dos recordes...
No próximo bate-papo exibirei uma prova indestrutível do racismo do Paulo Francis, do seu ódio contra os negros, os nordestinos. Acertou em cheio o estadista, ensaísta e filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626), quando escreveu esta frase nos seus Essays:
“Não há prazer comparável ao de pisar firme no vantajoso terreno da verdade”
(“No pleasure is comparable to the standine upon the vantage ground of truth”)
O ficcionista Paulo Eduardo Nogueira, no seu livrinho sobre Paulo Francis, não quis frisar que em outubro de 1996, no programa de televisão Manhattan Connection, o leviano e destabocado Francis, sem apresentar nenhuma prova, acusou Joel Rennó, presidente da Petrobras, e os outros diretores dessa empresa, de terem “formado a maior quadrilha de assaltantes do Brasil”. Que fez o senhor Joel Rennó, de forma correta? Entrou na Justiça americana com um pedido de indenização de 100 milhões de dólares. Paulo Francis tremeu, apavorou-se. E Sônia Nolasco, sua esposa, disse que o processo da Petrobras era “sórdido”. Eu pergunto: sórdido por quê? Então qualquer fulano tem o direito de achincalhar uma honesta e poderosa empresa do nosso país, cobrindo-a de lama podre, prejudicando-lhe a reputação? Isto deve ser aceito? E fato incrível, o jornalista Elio Gaspari hipotecou solidariedade ao difamador!
Paulo Eduardo Nogueira distorceu a verdade. Tentou exibir o Paulo Francis como vítima, porém se houve uma vítima, esta foi a Petrobras, acusada, sem qualquer prova, de estar agindo como uma bandida!
Nogueira se mostra tão cego diante do Francis, que nas páginas 77 e 78 do seu livrinho falso, omisso, procurou provar, sem conseguir, que ele não era racista ou preconceituoso. Era sim! Vou agora descrever um episódio nojento da vida do Paulo Francis, revelador do seu racismo empedernido, tão desumano como o sádico racismo dos nazistas em relação aos judeus.
Quando o meu livro Vida e obra do plagiário Paulo Francis foi lançado no ano de 1997, pela Geração Editorial, três meses antes da morte do Francis, a sucursal do Jornal do Brasil, aqui em São Paulo, convidou-me para dar uma entrevista. Fui à sucursal e lá o repórter Júlio Fonseca me disse:
-Trabalha aqui um fanático admirador do Paulo Francis. Desejo apresentá-lo ao senhor.
Eu respondi:
-Não faça isto. O meu livro é contra o Francis e talvez esse homem queira me agredir. Ai vou revidar, pois não sou covarde. Vai ser muito desagradável.
O jornalista me tranquilizou:
-Não se preocupe. Ele é calmo, bem educado.
Fiquei inquieto. Afinal de contas, se o sujeito era um fanático admirador do Francis, o seu fanatismo não podia combinar com tranquilidade... Logo surgiu na minha frente um homem de cor, baixo, atarracado, nordestino. Dirigindo-se a mim, perguntou:
-É o senhor que escreveu um livro contra o Paulo Francis?
Preparei-me para reagir, disposto a lhe aplicar um rabo-de-arraia, se ele avançasse contra mim. Sou capoeirista. Explico, o rabo-de-arraia é o golpe certeiro com o qual o capoeirista arremessa o corpo, num rápido movimento giratório, e joga a perna na direção das pernas do adversário, cortando-as por baixo e atingindo-lhe a cabeça. Mas não foi preciso, o homem sorriu de maneira doce e soltou estas palavras:
-Se o senhor escreveu um livro contra o Paulo Francis, eu agradeço, fico feliz. Odeio o Francis.
-E por que o senhor o odeia?
Ele informou:
-O meu nome é Sebastião Ferreira da Silva. Todos aqui no Jornal do Brasil me chamam de Ferreirinha. Nasci em Pernambuco e trabalhava como motorista para a Folha de S.Paulo. Um dia o meu chefe me disse: olhe, o Paulo Francis veio de Nova York e você, amanhã, deve ir ao seu apartamento para o levar aonde ele quiser.
Algo emocionado, o Ferreirinha fez uma pausa e prosseguiu:
-No dia seguinte, às onze horas da manhã, fui lá no apartamento do Francis. Ele estava sentado num sofá e quando me viu, falou assim: você já chegou meu escravo?
-Ele o chamou de escravo?
-É, ele me chamou de escravo. Eu respondi: olhe, doutor, não sou escravo de ninguém. Ai ele respondeu: é meu escravo sim, porque você é preto, nordestino, pernambucano.
-E o senhor, o que fez?
-Respondi: não sou seu escravo. Mas ele insistiu: é meu escravo sim, porque eu sou branco e você pertence a uma raça inferior, que só existe para obedecer a nós, os brancos, de raça superior.
-O Francis não estava bêbado ou drogado?
-Não, não estava. Durante os quinze dias em que ele ficou aqui, só me chamava de escravo. Na frente dos outros não fazia isto. Eu protestava. Ele dizia: se está achando ruim, faço você perder o seu emprego.
-Depois, o que aconteceu?
-O meu chefe me chamou, após alguns dias, e me disse: amanhã o Paulo Francis vai voltar para Nova York. Vá lá no apartamento dele, a fim de levá-lo até o aeroporto e pegar as suas várias malas de lona. Eu não quis ir e falei pro meu chefe: tô cansado de ser humilhado, não vou, mas ele disse que eu tinha de ir.
-E o senhor foi?
-Fui. Quando cheguei lá, o Paulo Francis, sentado no sofá, logo me disse: você já chegou meu escravo? Respondi: é melhor o senhor parar com isto, hoje não estou com a cabeça boa, a minha cuca tá quente. Aí ele gritou: cala a boca, escravo, senão eu faço você perder o seu emprego!
-E aí, o que houve?
-Aí, doutor, eu perdi a cabeça. Avancei na direção dele, cuspi na sua cara e xinguei o Francis de f. da p., sem parar. Depois, com a ponta do meu sapato bicudo, arrebentei com pontapés as suas doze malas de lona. Ele gritava, parecia um doido. Antes de ir embora, cuspi mais uma vez na sua cara, bati a porta do seu apartamento com toda a minha força e ele ficou lá sozinho, berrando como um bezerro desmamado.
-O senhor perdeu o emprego de motorista da Folha de S.Paulo?
-Não, mas fui transferido para outro setor...
Eis aqui a prova indestrutível, meus amigos, do racismo do Paulo Francis, do seu ódio aos pretos, aos nordestinos. Racismo e ódio que o ficcionista Paulo Eduardo Nogueira, num livrinho clorótico, farisaico, repleto de lacunas, não quis ver.
Endereço do Ferreirinha, no nordestino Sebastião Ferreira da Silva, prova viva, grande vítima do racismo do ídolo do ficcionista Nogueira: Parque Cecap, Bloco 13, apartamento D21, Condomínio Paraná, Guarulhos, São Paulo, CEP: 07190-905
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Fernando Jorge é escritor e jornalista, autor do livro Se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido, lançado pela Editora Novo Século
O ator Paulo Autran, fiel amigo da atriz Tônia Carrero, vítima das infâmias do Paulo Francis, quando viu este na entrada de um teatro, aproximou-se dele e escarrou na sua cara. Paulo Francis não reagiu, aceitou a merecida cusparada... É um depoimento da atriz Cacilda Becker.
Após ler o meu livro Vida e obra do plagiário Paulo Francis – O mergulho da ignorância no poço da estupidez, publicado pela Geração Editorial, a jornalista Irene Solano Vianna, editora da Folha de S.Paulo, afirmou o seguinte num artigo, ao comentar essa minha obra:
“O sr. Paulo Francis escrevia mal, plagiava sobretudo citações e ideias, errava feio nas ostentações de sua pseudo cultura. E o mais grave de todos os pecados, não tinha compromisso algum com a exatidão dos fatos, ou respeito pela honra e dignidade alheias”.
Veja, amigo leitor, é este o Paulo Francis que o ficcionista Paulo Eduardo Nogueira admira com entusiasmo, é este o Paulo Francis que era “jornalista” entre aspas, desonesto, caluniador, racista, incapaz de escrever de forma simples e correta, larápio literário descarado, plagiador das frases de Shakespeare, James Baldwin, Winston Churchill, Dostoievski, Albert Einstein, Machado de Assis, Nelson Rodrigues, Roberto Campos, Artur Azevedo, Sérgio Porto, Ibrahim Sued, etc, etc.
Sustento, a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, dirigida pelo competente Hubert Alquéres, não devia ter lançado o livrinho do ficcionista Paulo Eduardo Nogueira sobre o difamador Paulo Francis. A senhora Cecília Scharlach, coordenadora editorial, e a senhora Viviane Vilela, assistente editorial, são profissionais de valor e tiveram de cuidar – sinto pena delas – de uma obra falsa, aleijada, muito defeituosa e lacunosa. Ambas cometeram o ato heróico de ler o texto indigesto do ficcionista Paulo Eduardo Nogueira. Livrinho anêmico, capenga, arrasado pelo jornalista Luís Eblak, que escreveu estas palavras num artigo publicado na edição do dia 22 de maio de 2010 da Folha de S.Paulo:
“A principal falha do biógrafo, porém, é não dialogar com outros livros sobre Francis. Nogueira só cita em poucas linhas um livro que deveria ser mais bem explorado: Vida e obra do plagiário Paulo Francis (1997), de Fernando Jorge. A obra de Jorge é a grande crítica publicada em livro durante a vida de Francis”.
Paulo Eduardo Nogueira, nas páginas 83 e 84 do seu livrinho caolho, daltônico e manquitola, declara que o meu livro pretendia provar que Paulo Francis era racista, ignorante, plagiário. Vou corrigir o ficcionista Nogueira: pretendia não, eu provei, senhor ficcionista. E provei de tal modo que o senhor é incapaz de garantir que eu menti. Prove, vamos!
Querendo fazer pouco caso do meu livro, o ficcionista Nogueira acrescentou:
“Acuado pelo processo judicial, Francis comentou com amigos e familiares que a Petrobras estava por trás da publicação, para desmoralizá-lo. Jamais leu o livro ou pensou em medidas judiciais contra o autor (Fernando Jorge). Recebeu apenas uma cópia de uma resenha, enviada por amigos, mas jogou-a no lixo sem lê-la, dando de ombros”.
Desfechei uma retumbante gargalhada, ao ler estas linhas. Quanta mentira! A Petrobras nunca me financiou. E se o Paulo Francis ousasse processar-me, iria perder de maneira estrondosa. Outra coisa, ele leu o meu livro sim, eu soube por intermédio de uma fonte idônea. Na opinião do jornalista Alberto Dines, expressa numa entrevista concedida ao Correio Popular de Campinas, o meu livro, e o processo da Petrobras contra o Francis, causaram a sua morte. Verdade ou exagero? Se é verdade, sou o pai do “primeiro livro assassino do mundo” e mereço aparecer no Guinnes, o livro dos recordes...
No próximo bate-papo exibirei uma prova indestrutível do racismo do Paulo Francis, do seu ódio contra os negros, os nordestinos. Acertou em cheio o estadista, ensaísta e filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626), quando escreveu esta frase nos seus Essays:
“Não há prazer comparável ao de pisar firme no vantajoso terreno da verdade”
(“No pleasure is comparable to the standine upon the vantage ground of truth”)
O ficcionista Paulo Eduardo Nogueira, no seu livrinho sobre Paulo Francis, não quis frisar que em outubro de 1996, no programa de televisão Manhattan Connection, o leviano e destabocado Francis, sem apresentar nenhuma prova, acusou Joel Rennó, presidente da Petrobras, e os outros diretores dessa empresa, de terem “formado a maior quadrilha de assaltantes do Brasil”. Que fez o senhor Joel Rennó, de forma correta? Entrou na Justiça americana com um pedido de indenização de 100 milhões de dólares. Paulo Francis tremeu, apavorou-se. E Sônia Nolasco, sua esposa, disse que o processo da Petrobras era “sórdido”. Eu pergunto: sórdido por quê? Então qualquer fulano tem o direito de achincalhar uma honesta e poderosa empresa do nosso país, cobrindo-a de lama podre, prejudicando-lhe a reputação? Isto deve ser aceito? E fato incrível, o jornalista Elio Gaspari hipotecou solidariedade ao difamador!
Paulo Eduardo Nogueira distorceu a verdade. Tentou exibir o Paulo Francis como vítima, porém se houve uma vítima, esta foi a Petrobras, acusada, sem qualquer prova, de estar agindo como uma bandida!
Nogueira se mostra tão cego diante do Francis, que nas páginas 77 e 78 do seu livrinho falso, omisso, procurou provar, sem conseguir, que ele não era racista ou preconceituoso. Era sim! Vou agora descrever um episódio nojento da vida do Paulo Francis, revelador do seu racismo empedernido, tão desumano como o sádico racismo dos nazistas em relação aos judeus.
Quando o meu livro Vida e obra do plagiário Paulo Francis foi lançado no ano de 1997, pela Geração Editorial, três meses antes da morte do Francis, a sucursal do Jornal do Brasil, aqui em São Paulo, convidou-me para dar uma entrevista. Fui à sucursal e lá o repórter Júlio Fonseca me disse:
-Trabalha aqui um fanático admirador do Paulo Francis. Desejo apresentá-lo ao senhor.
Eu respondi:
-Não faça isto. O meu livro é contra o Francis e talvez esse homem queira me agredir. Ai vou revidar, pois não sou covarde. Vai ser muito desagradável.
O jornalista me tranquilizou:
-Não se preocupe. Ele é calmo, bem educado.
Fiquei inquieto. Afinal de contas, se o sujeito era um fanático admirador do Francis, o seu fanatismo não podia combinar com tranquilidade... Logo surgiu na minha frente um homem de cor, baixo, atarracado, nordestino. Dirigindo-se a mim, perguntou:
-É o senhor que escreveu um livro contra o Paulo Francis?
Preparei-me para reagir, disposto a lhe aplicar um rabo-de-arraia, se ele avançasse contra mim. Sou capoeirista. Explico, o rabo-de-arraia é o golpe certeiro com o qual o capoeirista arremessa o corpo, num rápido movimento giratório, e joga a perna na direção das pernas do adversário, cortando-as por baixo e atingindo-lhe a cabeça. Mas não foi preciso, o homem sorriu de maneira doce e soltou estas palavras:
-Se o senhor escreveu um livro contra o Paulo Francis, eu agradeço, fico feliz. Odeio o Francis.
-E por que o senhor o odeia?
Ele informou:
-O meu nome é Sebastião Ferreira da Silva. Todos aqui no Jornal do Brasil me chamam de Ferreirinha. Nasci em Pernambuco e trabalhava como motorista para a Folha de S.Paulo. Um dia o meu chefe me disse: olhe, o Paulo Francis veio de Nova York e você, amanhã, deve ir ao seu apartamento para o levar aonde ele quiser.
Algo emocionado, o Ferreirinha fez uma pausa e prosseguiu:
-No dia seguinte, às onze horas da manhã, fui lá no apartamento do Francis. Ele estava sentado num sofá e quando me viu, falou assim: você já chegou meu escravo?
-Ele o chamou de escravo?
-É, ele me chamou de escravo. Eu respondi: olhe, doutor, não sou escravo de ninguém. Ai ele respondeu: é meu escravo sim, porque você é preto, nordestino, pernambucano.
-E o senhor, o que fez?
-Respondi: não sou seu escravo. Mas ele insistiu: é meu escravo sim, porque eu sou branco e você pertence a uma raça inferior, que só existe para obedecer a nós, os brancos, de raça superior.
-O Francis não estava bêbado ou drogado?
-Não, não estava. Durante os quinze dias em que ele ficou aqui, só me chamava de escravo. Na frente dos outros não fazia isto. Eu protestava. Ele dizia: se está achando ruim, faço você perder o seu emprego.
-Depois, o que aconteceu?
-O meu chefe me chamou, após alguns dias, e me disse: amanhã o Paulo Francis vai voltar para Nova York. Vá lá no apartamento dele, a fim de levá-lo até o aeroporto e pegar as suas várias malas de lona. Eu não quis ir e falei pro meu chefe: tô cansado de ser humilhado, não vou, mas ele disse que eu tinha de ir.
-E o senhor foi?
-Fui. Quando cheguei lá, o Paulo Francis, sentado no sofá, logo me disse: você já chegou meu escravo? Respondi: é melhor o senhor parar com isto, hoje não estou com a cabeça boa, a minha cuca tá quente. Aí ele gritou: cala a boca, escravo, senão eu faço você perder o seu emprego!
-E aí, o que houve?
-Aí, doutor, eu perdi a cabeça. Avancei na direção dele, cuspi na sua cara e xinguei o Francis de f. da p., sem parar. Depois, com a ponta do meu sapato bicudo, arrebentei com pontapés as suas doze malas de lona. Ele gritava, parecia um doido. Antes de ir embora, cuspi mais uma vez na sua cara, bati a porta do seu apartamento com toda a minha força e ele ficou lá sozinho, berrando como um bezerro desmamado.
-O senhor perdeu o emprego de motorista da Folha de S.Paulo?
-Não, mas fui transferido para outro setor...
Eis aqui a prova indestrutível, meus amigos, do racismo do Paulo Francis, do seu ódio aos pretos, aos nordestinos. Racismo e ódio que o ficcionista Paulo Eduardo Nogueira, num livrinho clorótico, farisaico, repleto de lacunas, não quis ver.
Endereço do Ferreirinha, no nordestino Sebastião Ferreira da Silva, prova viva, grande vítima do racismo do ídolo do ficcionista Nogueira: Parque Cecap, Bloco 13, apartamento D21, Condomínio Paraná, Guarulhos, São Paulo, CEP: 07190-905
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Fernando Jorge é escritor e jornalista, autor do livro Se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido, lançado pela Editora Novo Século
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Luís Schwarcz é vítima do seu Departamento Editorial
Estou impressionado com o desleixo, a incompetência, a leviandade, a desorganização, a falta de cultura, de sensatez, do Departamento Editorial da Companhia das Letras, do talentoso Luís Schwarcz, no qual vejo sobretudo o escritor e não o editor. A sua editora está sendo muito prejudicada por esse departamento. Agora pude compreender porque vários livros da Companhia das Letras se mostram com enorme carência de vírgulas, de frases corretas, bem construídas, e repletos de gravíssimos erros de português. Já anotei dezenas desses erros. Posso provar.
Luís Schwarcz precisa reorganizar, o mais depressa possível, o seu departamento editorial, pois se não proceder assim, a sua editora vai ficar bastante vulnerável.
Inocente Luís Schwarcz! Ele me dá até a impressão de ser um meigo cordeirinho de presépio, no meio de pastores tontos, desorientados! A rigor, o Luís é uma crédula vítima das lacunas, do despreparo, do apedeutismo de gente que troca as mãos pelos pés e cujas cabeças, se fossem cortadas, subiriam aos ares como balões, perder-se-iam nas alturas.
Recebi do Luís (escritor de talento, reafirmo), três livros de sua autoria, com dedicatórias. Para retribuir a gentileza, enviei-lhe a sexta edição do meu vitorioso romance satírico “O grande líder”, reeditado pela Geração Editorial, também com dedicatória. O que fez o desastrado Departamento Editorial da Companhia das Letras? Não entregou o meu livro ao Luís Schwarcz, pensando que eu queria vê-lo relançado pela Companhia! O Luís, coitado, gasta o seu dinheiro com esses zonzos, especializados em confundir, embaralhar, fazer saladas não de alface mas de besteiras, de cretinices, de disparates.
Telefonei para o babélico Departamento e um fulano me atendeu. Educadamente expliquei ao fulano que o meu livro “O grande líder” foi enviado ao escritor Luís Schwarcz e não ao caótico Departamento Editorial da Companhia das Letras. Eu o mandei para o escritor Luís Schwarcz e não para o editor, sem lhe pedir nada. Pura e desinteressada gentileza de um escritor em relação a outro escritor. Eis a resposta idiota que ouvi:
-Houve confusão, um mal-entendido. O Departamento achou que era para reeditar.
Eu não me contive:
-Quanta estupidez! Não pedi nada a vocês!
Desliguei o telefone e após ver o imbróglio do desorganizado departamento, dirigido pela senhora Bagunça, lembrei-me das seguintes palavras do capítulo CXXIII do romance “Dom Casmurro”, de Machado de Assis:
“A confusão era geral”.
E Rui Barbosa estava certo:
“Eu acho que a desorganização é o estado da anarquia. O nosso corpo se anarquiza muitas vezes nas suas funções e a medicina pode ainda acudir em tempo de vencer; quando a desorganização começa, a vida está comprometida em seus elementos principais e as forças humanas já não valem para debelar a catástrofe”.
(“Obras completas” de Rui Barbosa, volume XLVI, tomo II, página 37).
Inspirando-me no texto do imortal baiano, eu aconselho o Luís Schwarcz a eliminar a doença do seu Departamento Editorial. Sabem o nome da moléstia que o atinge? Ela tem dois nomes: Incompetência e Desorganização. Aja como um bom cirurgião, Luís, arranque desse organismo bem enfermo os órgãos profundamente lesados por uma crônica e incurável estupidez. E memorize este provérbio latino:
Aerogroto mortuo sero venit medicus
(“Tarde vem o remédio, depois que o doente morreu”)
Vou apresentar, no fim deste meu comentário, outra prova eloquente da incompetência do Departamento Editorial da Companhia das Letras. A “Folha de S.Paulo”, na sua edição do dia 21 de abril de 1999, revelou que esse departamento havia recebido, seis meses antes, uma novela intitulada “Casa Velha”, sem o nome do autor. O departamento não quis apurar de quem era a novela, rejeitou-a de maneira sumária. Pois bem, a referida obra, esclareceu a “Folha de S.Paulo”, é de Machado de Assis, e foi publicada no jornal “A Estação” do Rio de Janeiro, de janeiro de 1885 a fevereiro de 1886...
Que imensa ignorância! Vejam como é incomensurável a cegueira mental do pretensioso departamento. Preciso dizer mais alguma coisa? Não, é o suficiente.
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Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor do livro “Se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido”, lançado pela Editora Novo Século
Luís Schwarcz precisa reorganizar, o mais depressa possível, o seu departamento editorial, pois se não proceder assim, a sua editora vai ficar bastante vulnerável.
Inocente Luís Schwarcz! Ele me dá até a impressão de ser um meigo cordeirinho de presépio, no meio de pastores tontos, desorientados! A rigor, o Luís é uma crédula vítima das lacunas, do despreparo, do apedeutismo de gente que troca as mãos pelos pés e cujas cabeças, se fossem cortadas, subiriam aos ares como balões, perder-se-iam nas alturas.
Recebi do Luís (escritor de talento, reafirmo), três livros de sua autoria, com dedicatórias. Para retribuir a gentileza, enviei-lhe a sexta edição do meu vitorioso romance satírico “O grande líder”, reeditado pela Geração Editorial, também com dedicatória. O que fez o desastrado Departamento Editorial da Companhia das Letras? Não entregou o meu livro ao Luís Schwarcz, pensando que eu queria vê-lo relançado pela Companhia! O Luís, coitado, gasta o seu dinheiro com esses zonzos, especializados em confundir, embaralhar, fazer saladas não de alface mas de besteiras, de cretinices, de disparates.
Telefonei para o babélico Departamento e um fulano me atendeu. Educadamente expliquei ao fulano que o meu livro “O grande líder” foi enviado ao escritor Luís Schwarcz e não ao caótico Departamento Editorial da Companhia das Letras. Eu o mandei para o escritor Luís Schwarcz e não para o editor, sem lhe pedir nada. Pura e desinteressada gentileza de um escritor em relação a outro escritor. Eis a resposta idiota que ouvi:
-Houve confusão, um mal-entendido. O Departamento achou que era para reeditar.
Eu não me contive:
-Quanta estupidez! Não pedi nada a vocês!
Desliguei o telefone e após ver o imbróglio do desorganizado departamento, dirigido pela senhora Bagunça, lembrei-me das seguintes palavras do capítulo CXXIII do romance “Dom Casmurro”, de Machado de Assis:
“A confusão era geral”.
E Rui Barbosa estava certo:
“Eu acho que a desorganização é o estado da anarquia. O nosso corpo se anarquiza muitas vezes nas suas funções e a medicina pode ainda acudir em tempo de vencer; quando a desorganização começa, a vida está comprometida em seus elementos principais e as forças humanas já não valem para debelar a catástrofe”.
(“Obras completas” de Rui Barbosa, volume XLVI, tomo II, página 37).
Inspirando-me no texto do imortal baiano, eu aconselho o Luís Schwarcz a eliminar a doença do seu Departamento Editorial. Sabem o nome da moléstia que o atinge? Ela tem dois nomes: Incompetência e Desorganização. Aja como um bom cirurgião, Luís, arranque desse organismo bem enfermo os órgãos profundamente lesados por uma crônica e incurável estupidez. E memorize este provérbio latino:
Aerogroto mortuo sero venit medicus
(“Tarde vem o remédio, depois que o doente morreu”)
Vou apresentar, no fim deste meu comentário, outra prova eloquente da incompetência do Departamento Editorial da Companhia das Letras. A “Folha de S.Paulo”, na sua edição do dia 21 de abril de 1999, revelou que esse departamento havia recebido, seis meses antes, uma novela intitulada “Casa Velha”, sem o nome do autor. O departamento não quis apurar de quem era a novela, rejeitou-a de maneira sumária. Pois bem, a referida obra, esclareceu a “Folha de S.Paulo”, é de Machado de Assis, e foi publicada no jornal “A Estação” do Rio de Janeiro, de janeiro de 1885 a fevereiro de 1886...
Que imensa ignorância! Vejam como é incomensurável a cegueira mental do pretensioso departamento. Preciso dizer mais alguma coisa? Não, é o suficiente.
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Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor do livro “Se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido”, lançado pela Editora Novo Século
terça-feira, 20 de julho de 2010
Morra o racismo! Todos nós somos iguais!
A Comissão do Negro e de Assuntos Antidiscriminatórios da Ordem dos Advogados do Brasil, seção São Paulo (OAB-SP), recebe atualmente, a cada dois dias, uma denúncia de discriminação racial contra os negros, na capital paulista. Quem informa isto é o presidente desse órgão, Marco Antônio Zito Alvarenga.
Aqui vai outro exemplo. No dia 3 de fevereiro de 2004, em Santana, região da Zona Norte da cidade de São Paulo, policiais militares da Força Tática do 5º Batalhão, todos brancos, mataram a tiros o dentista negro Flávio Ferreira, de vinte e oito anos. Ele foi confundido com um assaltante e nem pôde defender-se. Era negro, portanto um criminoso... Para disfarçar o erro fatal, os policiais brancos colocaram uma pistola 357 na mão direita do cadáver e, no bolso deste, a carteira do comerciante Antônio Alves dos Anjos, vítima do assalto de um bandido.
Ao prestar na delegacia o seu primeiro depoimento, o comerciante declarou: Flávio havia disparado vários tiros contra os policiais. Mas no segundo depoimento, voltando à delegacia, admitiu ter sido pressionado a mentir.
Em frente de tantas evidências, os policiais confessaram que o dentista Flávio Ferreira ergueu os braços, sem esboçar qualquer resistência.
Acusados de atirar no inocente, pelo fato de ele ser negro, o tenente Carlos Alberto de Sousa Santos e o soldado Luciano José Dias, foram condenados a dezessete anos e seis meses de prisão, por homicídio, fraude processual e porte ilegal de arma.
Na noite em que perdeu a vida, o dentista negro retornava do Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Outro negro, o baiano Januário Alves Santana, de trinta e nove anos, vigilante na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, foi humilhado e espancado por ter sido confundido com um bandido, no dia 7 de agosto de 2009. A agressão ocorreu no hipermercado do Carrefour de Osasco, também na região metropolitana de São Paulo. Cinco seguranças brancos o surraram, durante vinte minutos.
Após o espancamento, muito machucado, cheio de dores, Januário emagreceu oito quilos em duas semanas. Sua dentadura se quebrou, devido a série de socos dos seguranças, e ele passou a alimentar-se com sucos e sopas, pois a gengiva superior do vigilante ficou deslocada, em carne viva. Cabisbaixo, ele confessou:
“Morri naquele dia. O que mais dói é saber que não foi a primeira vez e que pode não ser a última."
Conforme a segunda edição do Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, de 2009, feito a partir de dados do SUS e coordenado por Marcelo Paixão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, entre 2006 e 2007 foram mortos por hora em nosso país, acredite o amigo leitor, 3,5 negros, enquanto a proporção entre brancos chegou a apenas, 1,7.
Tombaram assassinados, no citado período, em números absolutos, 52.059 negros e 29.982 brancos. Indago se nesta estatística não há a sombra do racismo, mesmo admitindo que muitos dos negros mortos eram criminosos. Outra pergunta: quantos deles, totalmente inocentes, sucumbiram nas garras dos policiais racistas?
É na televisão da pátria de Lula que se nota, de maneira forte, a presença do preconceito racial. Joel Zito Araújo analisou este fato no livro “A negação do Brasil - O negro na telenovela brasileira,” lançado pela Editora SENAC. Ele mostra: os produtores das telenovelas nacionais defendem o branqueamento da nossa sociedade, não se interessam por atores negros e atrizes negras. Preferem as moças e os galãs de cabelos louros e olhos azuis, como Hitler gostava de vê-los nos filmes da Alemanha nazista. O negro nas telenovelas, salientou Joel numa entrevista, faz sempre papel de "bundão", de pessoa boba, mole. E as negras ou as mulatas, nessas histórias, são objetos sexuais do homem branco, destruidoras de lares, só feitas para transar...
O editor José Olympio, em 1964, apresentou-me ao sociólogo Gilberto Freyre. Conversando com este, eu quis saber:
-Na sua opinião o Brasil ainda é a maior democracia racial do mundo?
Gilberto Freyre respondeu, exibindo um sorriso brejeiro:
-Claro que é. Veja a nossa enorme quantidade de mulatos.
Hoje duvido desta afirmativa, pois acho que a mestiçagem, ou melhor, a miscigenação, estudada de modo profundo pelo sociólogo anglo-americano E.B. Reuter no livro “The mulatto in the United States,” publicado em 1918, a miscigenação deixou de ser, se já foi, a prova definitiva da ausência do preconceito racial. Existe uma outra espécie de racismo, oriundo do mulato não querer ser mulato e do negro não querer ser negro, quando ambos, por causa da ascensão social, negam a própria raça e procuram agir como brancos.
Orgulho-me de ser antiracista. Para mim a humanidade é toda igual, não existe raça superior a outra raça. Gosto de citar, como símbolo do povo brasileiro, a nossa notável pintora e desenhista Djanira da Mota e Silva (1914-1979), primeira artista latino-americana a ter uma obra aceita pelo Museu do Vaticano, em 1971. Suas telas retratam o povo e as paisagens do Brasil, com um saboroso lirismo algo ingênuo. Djanira descendia de índios guaranis pelo pai e pela mãe de italianos. A avó era austríaca, chamava-se Maria Elizabeth Pliger. No ano de 1943, em plena época da Segunda Guerra Mundial, essa pintora esteve nos Estados Unidos e despertou a admiração de Eleanor Roosevelt, esposa do presidente Franklin Delano Roosevelt, que por causa disso escreveu uma crônica sobre ela.
Reafirmo, não existe raça superior a outra raça e sim, acrescento, diferenças econômicas e sociais, como o demonstrou, valendo-se de farta documentação, A. Niceforo na obra “Antropologia delle classi povere,” onde prova o seguinte: o trabalho, as profissões, o gênero de vida, a riqueza ou a pobreza, determinam e fixam os caracteres físicos e mentais do indivíduo, dando aspecto próprio a uma região, a uma classe ou a uma sociedade.
Morra o racismo! Todos nós somos iguais!
Fernando Jorge é escritor e jornalista, autor do livro “Se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido”, lançado recentemente pela Editora Novo Século
Aqui vai outro exemplo. No dia 3 de fevereiro de 2004, em Santana, região da Zona Norte da cidade de São Paulo, policiais militares da Força Tática do 5º Batalhão, todos brancos, mataram a tiros o dentista negro Flávio Ferreira, de vinte e oito anos. Ele foi confundido com um assaltante e nem pôde defender-se. Era negro, portanto um criminoso... Para disfarçar o erro fatal, os policiais brancos colocaram uma pistola 357 na mão direita do cadáver e, no bolso deste, a carteira do comerciante Antônio Alves dos Anjos, vítima do assalto de um bandido.
Ao prestar na delegacia o seu primeiro depoimento, o comerciante declarou: Flávio havia disparado vários tiros contra os policiais. Mas no segundo depoimento, voltando à delegacia, admitiu ter sido pressionado a mentir.
Em frente de tantas evidências, os policiais confessaram que o dentista Flávio Ferreira ergueu os braços, sem esboçar qualquer resistência.
Acusados de atirar no inocente, pelo fato de ele ser negro, o tenente Carlos Alberto de Sousa Santos e o soldado Luciano José Dias, foram condenados a dezessete anos e seis meses de prisão, por homicídio, fraude processual e porte ilegal de arma.
Na noite em que perdeu a vida, o dentista negro retornava do Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Outro negro, o baiano Januário Alves Santana, de trinta e nove anos, vigilante na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, foi humilhado e espancado por ter sido confundido com um bandido, no dia 7 de agosto de 2009. A agressão ocorreu no hipermercado do Carrefour de Osasco, também na região metropolitana de São Paulo. Cinco seguranças brancos o surraram, durante vinte minutos.
Após o espancamento, muito machucado, cheio de dores, Januário emagreceu oito quilos em duas semanas. Sua dentadura se quebrou, devido a série de socos dos seguranças, e ele passou a alimentar-se com sucos e sopas, pois a gengiva superior do vigilante ficou deslocada, em carne viva. Cabisbaixo, ele confessou:
“Morri naquele dia. O que mais dói é saber que não foi a primeira vez e que pode não ser a última."
Conforme a segunda edição do Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, de 2009, feito a partir de dados do SUS e coordenado por Marcelo Paixão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, entre 2006 e 2007 foram mortos por hora em nosso país, acredite o amigo leitor, 3,5 negros, enquanto a proporção entre brancos chegou a apenas, 1,7.
Tombaram assassinados, no citado período, em números absolutos, 52.059 negros e 29.982 brancos. Indago se nesta estatística não há a sombra do racismo, mesmo admitindo que muitos dos negros mortos eram criminosos. Outra pergunta: quantos deles, totalmente inocentes, sucumbiram nas garras dos policiais racistas?
É na televisão da pátria de Lula que se nota, de maneira forte, a presença do preconceito racial. Joel Zito Araújo analisou este fato no livro “A negação do Brasil - O negro na telenovela brasileira,” lançado pela Editora SENAC. Ele mostra: os produtores das telenovelas nacionais defendem o branqueamento da nossa sociedade, não se interessam por atores negros e atrizes negras. Preferem as moças e os galãs de cabelos louros e olhos azuis, como Hitler gostava de vê-los nos filmes da Alemanha nazista. O negro nas telenovelas, salientou Joel numa entrevista, faz sempre papel de "bundão", de pessoa boba, mole. E as negras ou as mulatas, nessas histórias, são objetos sexuais do homem branco, destruidoras de lares, só feitas para transar...
O editor José Olympio, em 1964, apresentou-me ao sociólogo Gilberto Freyre. Conversando com este, eu quis saber:
-Na sua opinião o Brasil ainda é a maior democracia racial do mundo?
Gilberto Freyre respondeu, exibindo um sorriso brejeiro:
-Claro que é. Veja a nossa enorme quantidade de mulatos.
Hoje duvido desta afirmativa, pois acho que a mestiçagem, ou melhor, a miscigenação, estudada de modo profundo pelo sociólogo anglo-americano E.B. Reuter no livro “The mulatto in the United States,” publicado em 1918, a miscigenação deixou de ser, se já foi, a prova definitiva da ausência do preconceito racial. Existe uma outra espécie de racismo, oriundo do mulato não querer ser mulato e do negro não querer ser negro, quando ambos, por causa da ascensão social, negam a própria raça e procuram agir como brancos.
Orgulho-me de ser antiracista. Para mim a humanidade é toda igual, não existe raça superior a outra raça. Gosto de citar, como símbolo do povo brasileiro, a nossa notável pintora e desenhista Djanira da Mota e Silva (1914-1979), primeira artista latino-americana a ter uma obra aceita pelo Museu do Vaticano, em 1971. Suas telas retratam o povo e as paisagens do Brasil, com um saboroso lirismo algo ingênuo. Djanira descendia de índios guaranis pelo pai e pela mãe de italianos. A avó era austríaca, chamava-se Maria Elizabeth Pliger. No ano de 1943, em plena época da Segunda Guerra Mundial, essa pintora esteve nos Estados Unidos e despertou a admiração de Eleanor Roosevelt, esposa do presidente Franklin Delano Roosevelt, que por causa disso escreveu uma crônica sobre ela.
Reafirmo, não existe raça superior a outra raça e sim, acrescento, diferenças econômicas e sociais, como o demonstrou, valendo-se de farta documentação, A. Niceforo na obra “Antropologia delle classi povere,” onde prova o seguinte: o trabalho, as profissões, o gênero de vida, a riqueza ou a pobreza, determinam e fixam os caracteres físicos e mentais do indivíduo, dando aspecto próprio a uma região, a uma classe ou a uma sociedade.
Morra o racismo! Todos nós somos iguais!
Fernando Jorge é escritor e jornalista, autor do livro “Se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido”, lançado recentemente pela Editora Novo Século
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Ler Paulo Coelho? Só se for para o corrigir
“A admiração, freqüentes vezes, é filha da ignorância”
Provérbio árabe
“O ignorante se irrita com o entendido”
Provérbio alemão
Vários estudantes dos cursos de jornalismo da PUC de Minas Gerais, da UCAM do Rio de Janeiro e da UFSM do Rio Grande do Sul, em cartas enviadas a mim, querem saber se os livros do Paulo Coelho são modelos de boa linguagem.
O autor de A bruxa de Portobello se enfureceu após eu afirmar, numa crônica, que ele ignora esta regra gramatical: não se separa por vírgula o verbo do sujeito. Paulo Coelho comentou, no decorrer de um programa de televisão apresentado em Belo Horizonte:
-E daí? Que importância tem que eu separe por vírgula o verbo do sujeito?
Ora, o escritor capaz de perpetrar este erro, mostra-se um apedeuta, um soberbo ignorante, pois o sujeito é o termo essencial da oração, indica o ser do qual se diz algo e revela, na maioria das vezes, quem executa a ação, o agente do processo verbal. Salientemos: a função sintática do sujeito pode ser exercida por um substantivo. Exemplo:
“A coruja piou durante toda a noite”.
Como o Paulo Coelho separa por vírgula o verbo do sujeito, esta frase nas suas mãos ficaria assim:
“A coruja, piou durante toda a noite”.
Do ponto de vista material, o Paulo é um vencedor. Cerca de 74 editoras, em todo o mundo, lançam os seus livros para mais de 100 milhões de leitores. É lido em 76 línguas e em 160 países. Recebeu mais de 70 prêmios. As honrarias o acompanham. Tornou-se membro da Academia Brasileira de Letras, o Mensageiro da Paz e o Embaixador Europeu da Cultura, pela ONU, um cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra da França, criada por Napoleão. Imensamente rico, Paulo Coelho vive num vasto apartamento parisiense do sofisticado Distrito XVI.
De que modo explicar a razão de tamanho sucesso? Ele é a nulidade literária vitoriosa, um escritor incorreto, mediocríssimo, de quinta ou oitava categoria. Eis as causas de sua fama imerecida:
I- A onda de esoterismo que o favoreceu desde o ano de 1987, quando estreou na subliteratura com o abominável Diário de um mago.
II- O despreparo, a falta de cultura dos seus leitores, que não sabem discernir, ponderar, pois é ela – a cultura – que fornece o senso crítico, a capacidade de avaliação. E hoje existem milhões de leitores ignorantes, até mesmo nos países mais cultos, como a França, a Inglaterra, a Itália, a Alemanha.
III- Paulo Coelho é assunto obrigatório da mídia. Se esta decide prestigiar alguém - por mais medíocre ou nulo que seja o beneficiado - os meios de comunicação, a tv, os jornais, as revistas, vão sempre lhe dar cobertura.
O último livro de Paulo Coelho é autêntica subliteratura. Possui um enredo cinematográfico, no pior sentido. Corresponde a um péssimo filme de terror, produzido na Boca-do-Lixo de São Paulo. Intitula-se O vencedor está só e foi inspirado, salta à vista, na história de Jack, o Estripador, o serial killer que em Londres, a partir do mês de agosto de 1888, assassinou diversas prostitutas, cortando-lhes a garganta, extraindo as suas vísceras, os seus úteros, os seus ovários, partes da bexiga.
Mas o que impressiona, no novo livreco do Paulo Coelho, mais do que a história frágil, anêmica, é a enorme quantidade de absurdos, de lugares-comuns, de erros de português, de impropriedades lingüísticas.
Coelho gosta de soltar disparates. Na opinião dele, depois de mais de cinco anos de casamento, o homem e a mulher, todos, sem exceção, querem cometer adultério. Papai tenta cornear mamãe e mamãe tenta cornear papai (página 229).
No seu último livro, que parece o aborto monstruoso de uma cafetina sifilítica, os lugares-comuns se sucedem: “foi obrigado a percorrer um caminho árduo” (página 139); “guerras sangrentas” (página 163); “passado remoto” (página 186); “verdadeiro clima de histeria” (página 272); “morrendo de tédio” (página 272); “custos proibitivos” (página 289); “camisa imaculadamente branca” (página 290); “tinha uma vida inteira pela frente” (página 344); “às vezes, os sonhos se transformam em pesadelos” (página 364).
Só os escritores insignificantes, sem talento, usam estas expressões gastas, estes lugares-comuns mais surrados do que uma gigolete por um gigolô...
Erros gravíssimos de português não faltam nas páginas do romanceco O vencedor está só. Assemelham-se ao desfile de um interminável exército composto de soldados capengas, descalços, famintos, em molambos.
Paulito Coelhito, por ser um escritor tão fraquito, não sabe que o correto é “sentar-se à mesa” e não “sentar-se na mesa”. Quem o lê tem a impressão de que ele, quando quer almoçar ou jantar lá em Paris, prefere pousar as suas bem nutridas nádegas em cima das mesas dos restaurantes Apicius, da avenida de Villiers; do Le Pré Catelan, do Bois de Boulogne; do Au Trou Gascon, da rua Taine; do Le Pavillon Montsouris, da rua Gazan... Aqui vai a prova:
“Depois da quinta pessoa a sentar em sua mesa” (página 20); “sentar-se na mesa para conversar” (página 110); “sentar-se na mesa sem pedir permissão” (página 113); “ sentou-se na mesa do canto” (página 368); “sentada naquela mesa” (página 372).
Portanto, amigo leitor, se você for a Paris e entrar no restaurante Le Train Bleu, em estilo Belle Époque, da Gare de Lyon, e ali puder ver o Paulo Coelho devorando uma suculenta salsicha lionesa, com a sua fofa região glútea posta em cima de uma das mesas cobertas de toalhas azuis, por favor, não se escandalize, pois a riqueza do escritor mais errado do nosso planeta lhe permite fazer qualquer extravagância...
Paulo continua a não saber usar a combinação da preposição em com o pronome demonstrativo aquele, na sua forma feminina, como se vê na página 131 de O vencedor está só:
...“terminava matando duas pessoas inocentes aquela manhã”.
Foi a manhã que matou as duas pessoas? Correção: “...naquela manhã”.
Ele também não sabe que a preposição para atrai o pronome se, nestas duas frases: “...para masturbar-se...”(página 201), e “...para distrair-se...” (página 345).
Na página 212 encontrei este despropósito: ...“parecia congelar de frio”. Pergunto: alguém se congela de quente? Além disso o verbo congelar, no trecho acima, é pronominal: congelar-se.
Vou parar aqui. Os erros gramaticais do Paulo Coelho são infindáveis e combinam com o seu sobrenome, pois eles se multiplicam mais do que os coelhos da Austrália.
Provérbio árabe
“O ignorante se irrita com o entendido”
Provérbio alemão
Vários estudantes dos cursos de jornalismo da PUC de Minas Gerais, da UCAM do Rio de Janeiro e da UFSM do Rio Grande do Sul, em cartas enviadas a mim, querem saber se os livros do Paulo Coelho são modelos de boa linguagem.
O autor de A bruxa de Portobello se enfureceu após eu afirmar, numa crônica, que ele ignora esta regra gramatical: não se separa por vírgula o verbo do sujeito. Paulo Coelho comentou, no decorrer de um programa de televisão apresentado em Belo Horizonte:
-E daí? Que importância tem que eu separe por vírgula o verbo do sujeito?
Ora, o escritor capaz de perpetrar este erro, mostra-se um apedeuta, um soberbo ignorante, pois o sujeito é o termo essencial da oração, indica o ser do qual se diz algo e revela, na maioria das vezes, quem executa a ação, o agente do processo verbal. Salientemos: a função sintática do sujeito pode ser exercida por um substantivo. Exemplo:
“A coruja piou durante toda a noite”.
Como o Paulo Coelho separa por vírgula o verbo do sujeito, esta frase nas suas mãos ficaria assim:
“A coruja, piou durante toda a noite”.
Do ponto de vista material, o Paulo é um vencedor. Cerca de 74 editoras, em todo o mundo, lançam os seus livros para mais de 100 milhões de leitores. É lido em 76 línguas e em 160 países. Recebeu mais de 70 prêmios. As honrarias o acompanham. Tornou-se membro da Academia Brasileira de Letras, o Mensageiro da Paz e o Embaixador Europeu da Cultura, pela ONU, um cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra da França, criada por Napoleão. Imensamente rico, Paulo Coelho vive num vasto apartamento parisiense do sofisticado Distrito XVI.
De que modo explicar a razão de tamanho sucesso? Ele é a nulidade literária vitoriosa, um escritor incorreto, mediocríssimo, de quinta ou oitava categoria. Eis as causas de sua fama imerecida:
I- A onda de esoterismo que o favoreceu desde o ano de 1987, quando estreou na subliteratura com o abominável Diário de um mago.
II- O despreparo, a falta de cultura dos seus leitores, que não sabem discernir, ponderar, pois é ela – a cultura – que fornece o senso crítico, a capacidade de avaliação. E hoje existem milhões de leitores ignorantes, até mesmo nos países mais cultos, como a França, a Inglaterra, a Itália, a Alemanha.
III- Paulo Coelho é assunto obrigatório da mídia. Se esta decide prestigiar alguém - por mais medíocre ou nulo que seja o beneficiado - os meios de comunicação, a tv, os jornais, as revistas, vão sempre lhe dar cobertura.
O último livro de Paulo Coelho é autêntica subliteratura. Possui um enredo cinematográfico, no pior sentido. Corresponde a um péssimo filme de terror, produzido na Boca-do-Lixo de São Paulo. Intitula-se O vencedor está só e foi inspirado, salta à vista, na história de Jack, o Estripador, o serial killer que em Londres, a partir do mês de agosto de 1888, assassinou diversas prostitutas, cortando-lhes a garganta, extraindo as suas vísceras, os seus úteros, os seus ovários, partes da bexiga.
Mas o que impressiona, no novo livreco do Paulo Coelho, mais do que a história frágil, anêmica, é a enorme quantidade de absurdos, de lugares-comuns, de erros de português, de impropriedades lingüísticas.
Coelho gosta de soltar disparates. Na opinião dele, depois de mais de cinco anos de casamento, o homem e a mulher, todos, sem exceção, querem cometer adultério. Papai tenta cornear mamãe e mamãe tenta cornear papai (página 229).
No seu último livro, que parece o aborto monstruoso de uma cafetina sifilítica, os lugares-comuns se sucedem: “foi obrigado a percorrer um caminho árduo” (página 139); “guerras sangrentas” (página 163); “passado remoto” (página 186); “verdadeiro clima de histeria” (página 272); “morrendo de tédio” (página 272); “custos proibitivos” (página 289); “camisa imaculadamente branca” (página 290); “tinha uma vida inteira pela frente” (página 344); “às vezes, os sonhos se transformam em pesadelos” (página 364).
Só os escritores insignificantes, sem talento, usam estas expressões gastas, estes lugares-comuns mais surrados do que uma gigolete por um gigolô...
Erros gravíssimos de português não faltam nas páginas do romanceco O vencedor está só. Assemelham-se ao desfile de um interminável exército composto de soldados capengas, descalços, famintos, em molambos.
Paulito Coelhito, por ser um escritor tão fraquito, não sabe que o correto é “sentar-se à mesa” e não “sentar-se na mesa”. Quem o lê tem a impressão de que ele, quando quer almoçar ou jantar lá em Paris, prefere pousar as suas bem nutridas nádegas em cima das mesas dos restaurantes Apicius, da avenida de Villiers; do Le Pré Catelan, do Bois de Boulogne; do Au Trou Gascon, da rua Taine; do Le Pavillon Montsouris, da rua Gazan... Aqui vai a prova:
“Depois da quinta pessoa a sentar em sua mesa” (página 20); “sentar-se na mesa para conversar” (página 110); “sentar-se na mesa sem pedir permissão” (página 113); “ sentou-se na mesa do canto” (página 368); “sentada naquela mesa” (página 372).
Portanto, amigo leitor, se você for a Paris e entrar no restaurante Le Train Bleu, em estilo Belle Époque, da Gare de Lyon, e ali puder ver o Paulo Coelho devorando uma suculenta salsicha lionesa, com a sua fofa região glútea posta em cima de uma das mesas cobertas de toalhas azuis, por favor, não se escandalize, pois a riqueza do escritor mais errado do nosso planeta lhe permite fazer qualquer extravagância...
Paulo continua a não saber usar a combinação da preposição em com o pronome demonstrativo aquele, na sua forma feminina, como se vê na página 131 de O vencedor está só:
...“terminava matando duas pessoas inocentes aquela manhã”.
Foi a manhã que matou as duas pessoas? Correção: “...naquela manhã”.
Ele também não sabe que a preposição para atrai o pronome se, nestas duas frases: “...para masturbar-se...”(página 201), e “...para distrair-se...” (página 345).
Na página 212 encontrei este despropósito: ...“parecia congelar de frio”. Pergunto: alguém se congela de quente? Além disso o verbo congelar, no trecho acima, é pronominal: congelar-se.
Vou parar aqui. Os erros gramaticais do Paulo Coelho são infindáveis e combinam com o seu sobrenome, pois eles se multiplicam mais do que os coelhos da Austrália.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido
Neste livro lançado pela Editora Novo Século, obra perturbadora e sensacional, Fernando Jorge prova documentadamente que se não fosse a obsessão da mãe de Barack Obama pelo filme Orfeu Negro, baseado na peça Orfeu da Conceição, do poeta brasileiro Vinicius de Moraes, o atual presidente dos Estados Unidos jamais teria nascido.
Fernando Jorge, para provar isto, valeu-se dos depoimentos do próprio Obama, registrados nos seus livros Dreams from my father e The audacity of hope Thoughts on reclaiming the americam dream.
O livro Se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido, é também uma impressionante história do racismo nos Estados Unidos e será lançado nesse país e em vários outros. Quem começa a ler esta obra, não consegue largá-la!
Vamos sortear para o mês de junho três exemplares autografados deste livro. Escrevam para o e-mail: fj2010@terra.com.br - Obrigado e Boa Sorte!
Fernando Jorge, para provar isto, valeu-se dos depoimentos do próprio Obama, registrados nos seus livros Dreams from my father e The audacity of hope Thoughts on reclaiming the americam dream.
O livro Se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido, é também uma impressionante história do racismo nos Estados Unidos e será lançado nesse país e em vários outros. Quem começa a ler esta obra, não consegue largá-la!
Vamos sortear para o mês de junho três exemplares autografados deste livro. Escrevam para o e-mail: fj2010@terra.com.br - Obrigado e Boa Sorte!
domingo, 21 de fevereiro de 2010
EU AMO AS COISAS BELAS E ESPIRITUAIS
Rosas... Todas as almas sensíveis amam as rosas. Elas são o símbolo dos sentimentos nobres, puros, verdadeiros, dos sentimentos que não nascem no abismo da mentira, da hipocrisia e da traição, mas sim no jardim esplendidamente florido do amor, do carinho e da sinceridade. Jardim do mundo espiritual, onde as víboras não rastejam. Talvez andem nesse jardim, repleto de rosas deslumbrantes, as almas boas dos que sofreram muito aqui na Terra.
Narra uma lenda chinesa: as rosas brancas abrem o chão onde lançamos os maus pensamentos; as amarelas secam as lágrimas dos incompreendidos, dos injustiçados, dos sofredores; as vermelhas escancaram as portas magníficas da alegria e da esperança.
Tanto Homero como Anacreonte enalteceram a rainha das flores – a rosa – essa flor que brota no meio de espinhos, porque todas as coisas raras, sutis, preciosas, nascem entre mil perigos, entre mil dificuldades. A soberana das flores apareceu, segundo Anacreonte, no momento em que Vênus surgia das águas do mar, quando a alva espuma do corpo perfeito da deusa, a escorrer devagarinho, transformava-se em rosas de uma brancura imaculada.
Cleópatra, querendo seduzir Júlio César, forrou os ladrilhos de sua sala de banquetes com espesso tapete de pétalas de rosas. Mais tarde, em outra ocasião, ofereceu a Marco Antônio uma coroa de rosas, porém envenenadas, a fim de provar isto: ela poderia matá-lo, sem gerar a menor desconfiança no espírito do cônsul romano.
Santa Radegonda, ao homenagear o poeta Fortunato com uma ceia no seu mosteiro de Poitiers, mandou substituir a toalha de mesa por uma camada de pétalas de rosas. A santa agiu de modo correto, pois as pétalas dessa flor são tão delicadas como a alma dos poetas e dos sonhadores...
Quando Nossa Senhora surgiu diante de Santa Bernardete na gruta de Massabielle, onde uma roseira brava se cobria de rosas brancas na primavera, em cada um dos pés da aparição havia uma rutilante rosa amarela. É oportuno frisar que a rosa se tornou, depois do fim do simbolismo pagão, o emblema da Virgem Maria. Esta é chamada pelos católicos de “Rosa Mística”.
Uma lenda de Sardenha conta a história de um par de namorados. Eram dois adolescentes, unidos por um grande amor. Mas certo dia o rapaz morreu. Logo em seguida, angustiada pela saudade, a moça também fechou os olhos.
Ficaram enterrados em dois túmulos, um a pouca distância do outro. Então uma roseira começou a alongar a sua haste – de onde pendia uma imperecível rosa branca – de um túmulo para outro túmulo, como se quisesse aproximar os dois jovens que a morte cruelmente tinha separado. E a rosa da haste não murchava, porque o amor verdadeiro é uma flor que nunca fenece. As pétalas da rosa branca caíam nos túmulos, sem parar, como infinitas lágrimas da cor da plumagem dos cisnes. Esse milagre só cessou quando os camponeses deixaram os dois túmulos bem juntinhos.
Ora, amigo leitor, por que estou contando estas histórias, talvez ridículas para o gosto de certas pessoas? É porque tenho alma, coração, sensibilidade, e amo as coisas belas e espirituais.
Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor do livro “Vida, Obra e Época de Paulo Setúbal, Um Homem de Alma Ardente”, publicado pela Geração Editorial
Narra uma lenda chinesa: as rosas brancas abrem o chão onde lançamos os maus pensamentos; as amarelas secam as lágrimas dos incompreendidos, dos injustiçados, dos sofredores; as vermelhas escancaram as portas magníficas da alegria e da esperança.
Tanto Homero como Anacreonte enalteceram a rainha das flores – a rosa – essa flor que brota no meio de espinhos, porque todas as coisas raras, sutis, preciosas, nascem entre mil perigos, entre mil dificuldades. A soberana das flores apareceu, segundo Anacreonte, no momento em que Vênus surgia das águas do mar, quando a alva espuma do corpo perfeito da deusa, a escorrer devagarinho, transformava-se em rosas de uma brancura imaculada.
Cleópatra, querendo seduzir Júlio César, forrou os ladrilhos de sua sala de banquetes com espesso tapete de pétalas de rosas. Mais tarde, em outra ocasião, ofereceu a Marco Antônio uma coroa de rosas, porém envenenadas, a fim de provar isto: ela poderia matá-lo, sem gerar a menor desconfiança no espírito do cônsul romano.
Santa Radegonda, ao homenagear o poeta Fortunato com uma ceia no seu mosteiro de Poitiers, mandou substituir a toalha de mesa por uma camada de pétalas de rosas. A santa agiu de modo correto, pois as pétalas dessa flor são tão delicadas como a alma dos poetas e dos sonhadores...
Quando Nossa Senhora surgiu diante de Santa Bernardete na gruta de Massabielle, onde uma roseira brava se cobria de rosas brancas na primavera, em cada um dos pés da aparição havia uma rutilante rosa amarela. É oportuno frisar que a rosa se tornou, depois do fim do simbolismo pagão, o emblema da Virgem Maria. Esta é chamada pelos católicos de “Rosa Mística”.
Uma lenda de Sardenha conta a história de um par de namorados. Eram dois adolescentes, unidos por um grande amor. Mas certo dia o rapaz morreu. Logo em seguida, angustiada pela saudade, a moça também fechou os olhos.
Ficaram enterrados em dois túmulos, um a pouca distância do outro. Então uma roseira começou a alongar a sua haste – de onde pendia uma imperecível rosa branca – de um túmulo para outro túmulo, como se quisesse aproximar os dois jovens que a morte cruelmente tinha separado. E a rosa da haste não murchava, porque o amor verdadeiro é uma flor que nunca fenece. As pétalas da rosa branca caíam nos túmulos, sem parar, como infinitas lágrimas da cor da plumagem dos cisnes. Esse milagre só cessou quando os camponeses deixaram os dois túmulos bem juntinhos.
Ora, amigo leitor, por que estou contando estas histórias, talvez ridículas para o gosto de certas pessoas? É porque tenho alma, coração, sensibilidade, e amo as coisas belas e espirituais.
Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor do livro “Vida, Obra e Época de Paulo Setúbal, Um Homem de Alma Ardente”, publicado pela Geração Editorial
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
UMA VELHA DOENÇA DO BRASIL: A CORRUPÇÃO
Doença crônica da nossa pátria amada, salve, salve, a corruptite levou um grande orador, o padre Antônio Vieira, a soltar estas afirmativas, perguntas e respostas num sermão pronunciado em 1665:
“Perde-se o Brasil (digâmo-lo em uma palavra) porque alguns ministros de Sua Majestade não vêm cá buscar nosso bem, vem cá buscar nossos bens... EI-Rei manda-os tomar Pernambuco e eles contentam-se com o tomar... Toma nesta terra o ministro da Justiça? Sim, toma. Toma, o ministro da Fazenda? Sim, toma... Toma o ministro da República? Sim, toma. Toma o ministro do Estado? Sim, toma..."
Autoridades do rei dom José I, na época do Brasil Colonial, exibiam as suas gananciosas unhas aduncas até na palma da mão, e os outros figurões também, como os contratadores de diamantes. Esses contratadores arrendavam do Estado as jazidas. João Fernandes de Oliveira, um deles, apaixonou-se pela negra Xica da Silva e tinha palácios, templos, edifícios opulentos, minas de ouro. Uma riqueza oriunda das infrações que ele cometia contra o erário do reino. Sabendo disso, o marquês de Pombal o obrigou a pagar, ao Estado português, a imensa quantia de 11 milhões de cruzados.
Fiscais e meirinhos se locupletavam às custas de safadezas, mormente na barroca Minas Gerais do século XVIII.
Se Brasil Colonial já era um país de corruptos, o Brasil Império não ficou atrás, também foi uma Corruptolândia.
Narra Moreira de Azevedo no seu livro “Mosaico brasileiro” (Editora Garnier, Rio de Janeiro, 1869, página 135), que tendo ocorrido um roubo no Tesouro Público do Império, uma pessoa transmitiu esta notícia ao marquês de Maricá. O assalto, observou o informante, havia sido praticado “por uns miseráveis”. Indignado, o marquês de Maricá respondeu:
- Miseráveis! Miseráveis! Ah, meu caro amigo, o roubo de milhões enobrece os ladrões.
De fato, em larga escala, a desonestidade no Brasil dava foros de nobreza. Filosofando, o povo dizia:
“Quem rouba um tostão é ladrão. Quem rouba um milhão é barão.”
Cínicos e audaciosos, os corruptos se multiplicavam nas épocas de dom Pedro I e de dom Pedro II. E os monarquistas não me venham com essa história de que nos reinados de ambos só se via, em toda parte, a decência, a honradez, a probidade administrativa. O britânico Henry Coster, autor do livro “Travels in Brazil”, publicado em Londres no ano de 1816, afirmou o seguinte nessa obra: aqui, no tempo de dom Pedro I, eram comuns o peculato, a corrupção, vários delitos, porém os autores desses crimes escapavam da Justiça. Van Halle, outro europeu, ficou escandalizado em 1881, quando soube que o governo de dom Pedro II reintegrara no serviço público alguns agentes de polícia exonerados por desonestidade.
Após a queda do Império em 1889, os corruptos da República substituiram em numerosos postos os corruptos do regime monárquico. Ratos ocuparam os lugares de outros ratos. Eles, como os da mesma espécie do Segundo Reinado, passaram a navegar calmamente nas águas mansas da Corruptolândia. Ao ver essa afrontosa tranqüilidade da rataria, o austero barão de Lucena, ministro da Fazenda, escreveu estas palavras numa carta enviada no dia 4 de novembro de 1891 ao seu amigo Cesário Alvim, governador de Minas:
“...em nosso Brasil não há falta de homens inteligentes e ilustrados; a falta que há é de homens de caráter e patriotas!”
“Perde-se o Brasil (digâmo-lo em uma palavra) porque alguns ministros de Sua Majestade não vêm cá buscar nosso bem, vem cá buscar nossos bens... EI-Rei manda-os tomar Pernambuco e eles contentam-se com o tomar... Toma nesta terra o ministro da Justiça? Sim, toma. Toma, o ministro da Fazenda? Sim, toma... Toma o ministro da República? Sim, toma. Toma o ministro do Estado? Sim, toma..."
Autoridades do rei dom José I, na época do Brasil Colonial, exibiam as suas gananciosas unhas aduncas até na palma da mão, e os outros figurões também, como os contratadores de diamantes. Esses contratadores arrendavam do Estado as jazidas. João Fernandes de Oliveira, um deles, apaixonou-se pela negra Xica da Silva e tinha palácios, templos, edifícios opulentos, minas de ouro. Uma riqueza oriunda das infrações que ele cometia contra o erário do reino. Sabendo disso, o marquês de Pombal o obrigou a pagar, ao Estado português, a imensa quantia de 11 milhões de cruzados.
Fiscais e meirinhos se locupletavam às custas de safadezas, mormente na barroca Minas Gerais do século XVIII.
Se Brasil Colonial já era um país de corruptos, o Brasil Império não ficou atrás, também foi uma Corruptolândia.
Narra Moreira de Azevedo no seu livro “Mosaico brasileiro” (Editora Garnier, Rio de Janeiro, 1869, página 135), que tendo ocorrido um roubo no Tesouro Público do Império, uma pessoa transmitiu esta notícia ao marquês de Maricá. O assalto, observou o informante, havia sido praticado “por uns miseráveis”. Indignado, o marquês de Maricá respondeu:
- Miseráveis! Miseráveis! Ah, meu caro amigo, o roubo de milhões enobrece os ladrões.
De fato, em larga escala, a desonestidade no Brasil dava foros de nobreza. Filosofando, o povo dizia:
“Quem rouba um tostão é ladrão. Quem rouba um milhão é barão.”
Cínicos e audaciosos, os corruptos se multiplicavam nas épocas de dom Pedro I e de dom Pedro II. E os monarquistas não me venham com essa história de que nos reinados de ambos só se via, em toda parte, a decência, a honradez, a probidade administrativa. O britânico Henry Coster, autor do livro “Travels in Brazil”, publicado em Londres no ano de 1816, afirmou o seguinte nessa obra: aqui, no tempo de dom Pedro I, eram comuns o peculato, a corrupção, vários delitos, porém os autores desses crimes escapavam da Justiça. Van Halle, outro europeu, ficou escandalizado em 1881, quando soube que o governo de dom Pedro II reintegrara no serviço público alguns agentes de polícia exonerados por desonestidade.
Após a queda do Império em 1889, os corruptos da República substituiram em numerosos postos os corruptos do regime monárquico. Ratos ocuparam os lugares de outros ratos. Eles, como os da mesma espécie do Segundo Reinado, passaram a navegar calmamente nas águas mansas da Corruptolândia. Ao ver essa afrontosa tranqüilidade da rataria, o austero barão de Lucena, ministro da Fazenda, escreveu estas palavras numa carta enviada no dia 4 de novembro de 1891 ao seu amigo Cesário Alvim, governador de Minas:
“...em nosso Brasil não há falta de homens inteligentes e ilustrados; a falta que há é de homens de caráter e patriotas!”
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
JÂNIO QUADROS, NO PALÁCIO DA ALVORADA, FEZ O EMBAIXADOR DOS ESTADOS UNIDOS ENTRAR NO SEU GUARDA-ROUPA!
Fiz esta pergunta a Jânio Quadros, durante um dos meus almoços com ele, na sua casa da rua 9 de Julho, em Santo Amaro:
- Houve muita pressão dos Estados Unidos para o senhor apoiar a ação armada que o governo do presidente Kennedy planejava contra Cuba?
Eufórico, com o rosto mais vermelho, Jânio Quadros fitou-me. Bebeu um pouco de vinho e de modo desembaraçado, às vezes escandindo as sílabas de algumas palavras, começou a rememorar:
- Um mês depois da minha posse na presidência da República, nos fins de fevereiro de 1961, desembarcou em Brasília o Adolfo Berle Jr. Este, no ano de 1945, como embaixador dos Estados Unidos, havia contribuído para a derrubada do Estado Novo, da ditadura de Getúlio Vargas, mas eu jamais iria tolerar qualquer interferência do governo norte-americano em nossa política interna. Nem quis recebê-lo, pois não ignorava que o seu plano consistia em forçar o Brasil a participar de uma ação jurídica e diplomática cujo objetivo era legalizar a intervenção direta dos Estados Unidos em Cuba, como aconteceu na Coréia e no Congo, sob os auspícios da OEA e da ONU.
Indaguei, repleto de curiosidade:
- E de que maneira o senhor descascou o pepino?
- Eu não o descasquei. Quem o descascou foi o Afonso Arinos de Melo Franco, o meu ministro das Relações Exteriores, a quem incumbi de falar com o Berle. O enviado de Kennedy, vendo que não conseguia nada, pediu socorro ao John Moors Cabot, embaixador dos Estados Unidos no Brasil. Cabot, na ânsia de agradar o Berle e o Kennedy, ousou interferir em nossa vida política.
- Bem, e aí, o que o senhor fez?
- Impaciente, fervendo de indignação, mandei chamar o John Moors Cabot. Ele, muito sem jeito, entrou no meu gabinete. Decerto já sabia que eu me achava bem informado sobre o seu vil procedimento. Sentou-se na minha frente, diante de uma mesa baixa, e fui direto ao assunto: “embaixador Cabot, o senhor é o representante de um país com o qual a minha pátria, o Brasil, mantém tradicionais laços de amizade, desde a época de Tiradentes, mas agora o senhor não está se comportando bem!”
- O senhor teve a coragem de dizer isto?
- Sim, é claro, pois era a pura verdade!
- E ele, qual foi a sua reação?
- Ficou pálido. Eu o encarei de modo firme, sem desviar o meu olhar irado dos seus olhos, enquanto lhe dizia: “o senhor está metendo o bedelho em nossa vida política. Asseguro, o senhor não tem o direito de fazer isto, assim como o nosso embaixador em Washington não tem o direito de interferir nos assuntos internos dos Estados Unidos”.
- E aí, presidente, o que ele disse?
- Nervoso, a gaguejar, quis me contradizer. Reagi: “não, não, não, o senhor não me desminta, eu posso apresentar as provas! Vou adverti-lo, ou o senhor pára de meter o bedelho em nossa vida política, ou serei obrigado, para o bem dos tradicionais laços de amizade entre o Brasil e os Estados Unidos, a pedir ao seu governo a sua substituição por outro embaixador. Escolha”.
- E como acabou o encontro, presidente?
- Levantei-me e o despedi, sem lhe apertar a mão. Ele estava tão nervoso, tão atarantado, que em vez de sair pela porta do gabinete, entrou no meu guarda-roupa!
Eu e a dona Eloá rimos a valer, provocando os latidos dos três cães do casal.
- Houve muita pressão dos Estados Unidos para o senhor apoiar a ação armada que o governo do presidente Kennedy planejava contra Cuba?
Eufórico, com o rosto mais vermelho, Jânio Quadros fitou-me. Bebeu um pouco de vinho e de modo desembaraçado, às vezes escandindo as sílabas de algumas palavras, começou a rememorar:
- Um mês depois da minha posse na presidência da República, nos fins de fevereiro de 1961, desembarcou em Brasília o Adolfo Berle Jr. Este, no ano de 1945, como embaixador dos Estados Unidos, havia contribuído para a derrubada do Estado Novo, da ditadura de Getúlio Vargas, mas eu jamais iria tolerar qualquer interferência do governo norte-americano em nossa política interna. Nem quis recebê-lo, pois não ignorava que o seu plano consistia em forçar o Brasil a participar de uma ação jurídica e diplomática cujo objetivo era legalizar a intervenção direta dos Estados Unidos em Cuba, como aconteceu na Coréia e no Congo, sob os auspícios da OEA e da ONU.
Indaguei, repleto de curiosidade:
- E de que maneira o senhor descascou o pepino?
- Eu não o descasquei. Quem o descascou foi o Afonso Arinos de Melo Franco, o meu ministro das Relações Exteriores, a quem incumbi de falar com o Berle. O enviado de Kennedy, vendo que não conseguia nada, pediu socorro ao John Moors Cabot, embaixador dos Estados Unidos no Brasil. Cabot, na ânsia de agradar o Berle e o Kennedy, ousou interferir em nossa vida política.
- Bem, e aí, o que o senhor fez?
- Impaciente, fervendo de indignação, mandei chamar o John Moors Cabot. Ele, muito sem jeito, entrou no meu gabinete. Decerto já sabia que eu me achava bem informado sobre o seu vil procedimento. Sentou-se na minha frente, diante de uma mesa baixa, e fui direto ao assunto: “embaixador Cabot, o senhor é o representante de um país com o qual a minha pátria, o Brasil, mantém tradicionais laços de amizade, desde a época de Tiradentes, mas agora o senhor não está se comportando bem!”
- O senhor teve a coragem de dizer isto?
- Sim, é claro, pois era a pura verdade!
- E ele, qual foi a sua reação?
- Ficou pálido. Eu o encarei de modo firme, sem desviar o meu olhar irado dos seus olhos, enquanto lhe dizia: “o senhor está metendo o bedelho em nossa vida política. Asseguro, o senhor não tem o direito de fazer isto, assim como o nosso embaixador em Washington não tem o direito de interferir nos assuntos internos dos Estados Unidos”.
- E aí, presidente, o que ele disse?
- Nervoso, a gaguejar, quis me contradizer. Reagi: “não, não, não, o senhor não me desminta, eu posso apresentar as provas! Vou adverti-lo, ou o senhor pára de meter o bedelho em nossa vida política, ou serei obrigado, para o bem dos tradicionais laços de amizade entre o Brasil e os Estados Unidos, a pedir ao seu governo a sua substituição por outro embaixador. Escolha”.
- E como acabou o encontro, presidente?
- Levantei-me e o despedi, sem lhe apertar a mão. Ele estava tão nervoso, tão atarantado, que em vez de sair pela porta do gabinete, entrou no meu guarda-roupa!
Eu e a dona Eloá rimos a valer, provocando os latidos dos três cães do casal.
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