Os acreanos (escrevo assim e não acrianos) se sentem revoltados. Eles não engolem a agressão do Evanildo Bechara e de outros deformadores do nosso idioma (deformadores e não reformadores) que impuseram a mudança da grafia acreano, gentílico do qual tanto se orgulham. Bechara e os demais “gênios” da capenga reforma ortográfica, condenam esta grafia. Para o grupo o certo é acriano. Resultado: o brioso e glorioso Acre está fremindo de indignação. A Assembleia Legislativa desse estado criou um blog, “O Acreano”, a fim de acolher os milhares de protestos contra a desarrazoada medida. E o governador Binho Marques ordenou que a estatal Agência de Notícias deve continuar a usar a grafia acreano. Binho obteve até o apoio da deputada Perpétua de Almeida, do PCdoB. Ela declarou:
“Queremos salvar o jeito acreano de ver o mundo e nos apresentar como um povo consciente de suas verdades, tradições e cultura.”
Viva a revolta dos acreanos! Mostraram que possuem amor-próprio e coragem, que não são capachos de gramaticoides, de apedeutas. Enfim, no Brasil, um povo inteiro se levantou contra o aborto parido pela incompetente comissão da Reforma Ortográfica, na qual pontificou com seu ar de gordanchudo conselheiro Acácio, o sonífero Evanildo Bechara, filólogo idêntico à maconha, porque seus textos e a sua conversa entorpecem, geram a confusão mental. Dou a prova. Leiam esta passagem de um horripilante artigo do Bechara, “O não emprego do hífen”, publicado na edição de 8 de março de 2009 de O Estado de S.Paulo:
“Ainda neste terreno, tínhamos de exigir de quem escrevia saber distinguir um à-toa hifenado, se era locução adjetiva (trata-se de um problema à-toa). Ou ainda um dia-a-dia, locução substantiva com o sentido de ‘cotidiano’ (Meu dia-a-dia é agradável), de dia a dia, locução adverbial, valendo por ‘diariamente’ (A criança cresce dia a dia)”.
Entenderam? O que é isto? Masturbação gramatical? Aqui vai outro exemplo desse onanismo lexicográfico, divulgado no artigo “Distinguindo casos do acordo”, aparecido na edição de 29 de março de 2009 do jornal dos Mesquitas:
“O que ocorre é que o caso de guarda (verbo) não se enquadra no princípio que relaciona a ocorrência do 1º elemento terminado por vogal com a consoante inicial do 2º elemento para o uso do hífen...”
Volto a perguntar: o que é isto? O labirinto de Creta? Um argumento com dor de barriga, prisão de ventre? Ah, já sei, é a esquálida lombriga expelida pelo ânus de um nordestino flagelado por uma seca do Ceará. É o que eu chamo de estilo Tênia, por ser retorcido como um verme intestinal. A cabeça do Evanildo Bechara precisa tomar um purgante.
Em Portugal a rebelião contra o fascista Acordo Ortográfico aumenta cada vez mais. O abaixo-assinado de cem mil pessoas já vai ter meio milhão de assinaturas, e o escritor Vasco Graça Moura atacou de forma violenta a calamitosa reforma feita pela ABL, num artigo publicado no “Diário de Notícias” de Lisboa. Afirma o escritor:
“Tudo isso é uma chuçadeira. Um país que preza verdadeiramente a sua cultura e a sua língua deve sentir e exprimir a mais profunda das vergonhas pelo que está a acontecer. E devia exigir que não seja assim.”
Empregado por Vasco Graça Moura, o substantivo feminino chuçadeira, oriundo do verbo chuçar, significa bom negócio ou caçoada, zombaria, escárneo. De fato esse acordo fascista é um bom negócio. As gráficas vão ganhar muito dinheiro com os milhões de livros que devem ser reimpressos, a fim de obedecerem à nova ortografia. E se trata mesmo de um escárneo, pois os redatores do acordo devem estar rindo dos trouxas que o apoiaram de maneira incondicional, como escravos submissos aceitam receber vigorosas chibatadas nas nádegas.
Membro da circense Academia Brasileira de Letras, o professor Arnaldo Niskier insiste em defender a quadrupedal Reforma Ortográfica, feita mais com patas do que com mãos. Se houvesse um concurso entre muares, essa reforma tiraria o primeiro lugar, seria a mais relinchante das mulas vitoriosas, capaz de dar patadas homéricas, como o coice que a bela mula preta do papa Bonifácio, após esperar sete anos para se vingar, aplicou no traseiro do patife Tistet Védène. Quem narra este episódio é Alphonse Daudet no seu clássico livro “Les lettres de mon moulin” (“As cartas do meu moinho”), publicado em 1866.
Pois é, embora pertença a uma raça heroica, barbaramente perseguida, torturada e assassinada pelos seguidores do monstro Adolf Hitler, o habilidoso Arnaldo Niskier se encarniça na tarefa de louvaminhar a jumental reforma. Niskier, meta na sua cabeça: esta reforma é também nazista! Ela tem a alma do Führer do III Reich, porque o Evanildo Bechara e os seus cúmplices nesse crime linguistico, não ouviram a opinião de comissões de escritores, professores, jornalistas, intelectuais, etc. Obrigaram todos nós a aceitá-la fascistamente, nazistamente. Tal ato de arbítrio levou o editor Jorge Michalany a enviar as seguintes palavras à revista “Agitação”, do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE):
“Até quando os experts da língua portuguesa irão parar de brincar com a gente? Na minha infância e adolescência – estou com 92 anos – seguíamos a lógica da ortografia etimológica, o que facilitava a compreensão do inglês e francês, por sinal, idiomas imutáveis. Mas no Brasil não se respeita a tradição, até na língua”.
Meu caro Michalany, antes a ortografia era de fato etimológica. Hoje é zoológica e do especial agrado dos que zurram, soltam coices e comem capim...
O Desacordo Ortográfico do Evanildo, além de exibir o seu caráter nazi-fascista, é também deficiente mental. Não unifica a língua portuguesa, separa os seus falantes. Tem regras que deviam ser internadas num manicômio, e com camisas-de-força.
Regra louca da debiloide: o trema é eliminado. Lingüiça (com trema) se transforma em linguiça (sem trema), e tranqüilo (também com trema) agora é tranquilo (sem trema). Entretanto os Bechara do Desacordo Ortográfico admitem o trema em nomes próprios estrangeiros e seus derivados. Por quê? Qual é a lógica? Absoluta incoerência! Legítimo atentado à prosódia!
As novas regras sobre o hífen equivalem ao caos, parecem o produto de uma arteriosclerose cerebral, do amolecimento dos miolos de um mijoso e baboso membro da Academia Brasileira de Letras.
Concluindo, saliento que usei neste artigo a grafia escárneo e não escárnio, pelo fato de ser a correta, utilizada por dois grandes escritores da língua portuguesa, Alexandre Herculano e o padre Antônio Vieira. Aqui no Brasil quem a usou foi o excelente gramático João Ribeiro.
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