O repórter Guilherme Samora, da revista Marie Claire,
entrevistando a cantora Rita Lee Jones, disse que ela, em 1997, num clipe da
música “Obrigado não”, causou polêmica ao fazer dois homens se beijarem,
vestidos de militares. Comentário da cantora, depois de ouvir isto:
“Aconteceu a mesma coisa no fim do ano passado, quando
mostrei a bunda num show em Brasília. Me crucificaram, mas mostrar a bunda é
tão rock’n roll, tão antigo, tão normal. Palhaço mostra a bunda no circo.
Estamos no país do carnaval, no país da bunda. Qual é o problema?”
Todavia, antes da Rita Lee apresentar o seu glúteo, o
encenador Gerald Thomas, um dos mais controvertidos do moderno teatro
brasileiro, arriou as calças no palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro,
com o objetivo de exibir a sua pálida, romântica bunda, sob as vaias da
plateia. Gerald procedeu dessa maneira para se vingar dos “espectadores obtusos”,
incapazes de compreendê-lo. Daí se conclui: a bunda é também arma de protesto.
Durante muitos anos não era de bom tom, ação decente,
pronunciar em voz alta o substantivo feminino bunda, originário da palavra
africana mbunda. E nem os seus aumentativos bundaça e bundão.
Nem o adjetivo bundudo, aplicável à pessoa dotada de nádegas desenvolvidas, como
as da Vênus Calipígia, célebre estátua do Museu de Nápoles. O motivo disso: as
quatro são palavras fortes, sonoras, estrondosas, e feriam os ouvidos puritanos
dos moralistas farisaicos.
Mas é um fato indiscutível, a bunda da mulher brasileira
adquiriu fama internacional. Afirmou Paul Walker, ator do filme Velozes e furiosos:
“As brasileiras possuem bundas incríveis”.
E a atriz americana Megan Fox, considerada uma das mulheres
mais sensuais do mundo, confessou ao ver os desfiles das escolas de samba, no
carnaval carioca:
“Quem me dera ter o bumbum igual ao da brasileira!”
Tudo indica, a bunda das nacionais revela esta acentuada
característica: tendência para crescer. Os fãs da atriz Cláudia Raia, por
exemplo, perguntam a si mesmos:
-Onde a bunda dela vai parar?
E acrescentam:
-O bumbum da Cláudia, na telenovela Salve Jorge,
ficou bem maior do que estava na telenovela A favorita.
Se é assim, eu indago:
-De qual tamanho ficará a bunda de tanajura da Cláudia
Arraia, na sua próxima telenovela?
A nossa patrícia Valesca Popozuda, dona de traseiro
incomensurável, explicou a razão do seu sucesso esmagador:
“Minha bunda é tão sexy, tão atraente, que me fez
ir para a Europa.”
Ao expor a sua monumental carnosidade no país do femeeiro
Berlusconi, ela se expandiu:
“Estou com a minha bunda vitoriosa e bizarra aqui na
Itália.”
Precavida, a funkeira Valesca Popozuda colocou o seu bumbum
no seguro, por cinco milhões de reais. Inspirado na sua magnífica região
glútea, o meu amigo Paulo Régis, doutor em Bundologia, compôs os seguintes
versos:
“É uma bunda
que treme,
que anseia,
que suspira,
bunda de raça,
que rodopia.
Oh, eu juro,
nunca havia visto
bunda assim
tão cheia de graça,
tão cheia de magia!”
As nádegas mais carnudas do Brasil pertencem, no
entanto, à dançarina Andressa Soares, a Mulher Melancia. Ela, com as suas
próteses de silicone nessas nádegas oblongas, agigantadas, foi vítima de um
incidente. Submetida a uma cirurgia, os médicos encaixaram o silicone nos
devidos lugares da superabundante bunda de Andressa. Louca de alegria,
frenética, a Mulher Melancia voltou aos palcos. E rebolou tanto, no decorrer de
um show, empinou tanto a soberba, a esplendorosa bunda, que um fulano em
delírio não se conteve, agarrou ferozmente, alucinadamente, aquele traseiro
incomparável, arrebentando os pontos da cirurgia. Resultado, a bundaça
encolheu, à semelhança de um balão que se esvazia, porém a dançarina se
recuperou:
“Fui
logo ao médico e ainda bem que não tive de sofrer outra cirurgia. O doutor me
deixou em forma. Retornarei aos meus shows.”
A
mulher Melancia pode se considerar sortuda, pois se fosse agarrada pelo bundomaniaco
americano Johnny Guillen, seria mil vezes pior. Esse psicopata, munido de
canivete, arrancou pedaços das nádegas de treze mulheres, num shopping de
Fairfax, nos Estados Unidos, quando as vítimas se encontravam distraídas. Era
procurado há oito anos pela polícia do estado da Virginia. Refugiou-se em Lima,
capital do Peru, e ali o prenderam.
Talvez
devido à alimentação, as brasileiras ostentam bundas mais avantajadas do que as
das americanas. Milhares de filhas do Tio Sam desejam dilatar as nádegas. A
imprensa noticiou que uma jovem de vinte e três anos, de Detroit, chamada
Karmella, recebeu cinquenta e quatro injeções de silicone, para ver o
crescimento da sua bunda. Injeções aplicadas por uma aventureira, sem licença
médica. Um facultativo, após examinar o rabioste artificial da americana,
garantiu que o silicone excessivo, depositado nele, tornara-se esponjoso,
ameaçando a vida da jovem. A próxima aplicação é capaz de matá-la, advertiu.
Contudo, apesar disso, ela quer receber mais trinta e oito aplicações nas suas
nádegas insatisfeitas,
Viva
portanto o Brasil, o “país da bunda”, segundo a expressão de Rita Lee, terra na
qual a loura Carine Felizardo, Miss Bumbum 2012, não precisou de injeções de
silicone no seu belo, suculento e alvo traseiro, para o encantamento de milhões
de bundófilos.
Quem
devia morar aqui, em nossa pátria, é a americana Jacqueline Stalone, de Los
Angeles. Inventora da “técnica rumpológica”, ela consegue prever, ao olhar as
fotos das bundas grandes de mulheres, o futuro que as aguarda. Ora, nos Estados
Unidos há carência de volumosos traseiros femininos e por conseguinte a senhora
Jacqueline não tem, lá na Califórnia, muita chance de examinar os bumbuns
nédios, bem arredondados. Instale-se pois em Salvador, na Bahia, ou no bairro
de Copacabana, da cidade do Rio de Janeiro, a fim de contemplar as rotundas
nádegas das baianas e das cariocas. Seguindo o meu conselho, a senhora Stalone
logo verá o interminável desfile de milhares e milhares de gorduchonas bundas
trêfegas, lúbricas, risonhas, cantantes, palpitantes, assanhadas, gulosas,
maravilhosas...