Entrevistado
pelo Antônio Abujamra no programa “Provocações”, do Canal 2, TV Cultura, ele
perguntou a mim:
-Fernando
Jorge, qual é o seu maior sonho?
Respondi,
sem vacilar:
-O
meu maior sonho é ver os nossos políticos corruptos serem fuzilados numa praça
pública.
Almoçando
comigo, Sinval de Itacarambi Leão, diretor da revista IMPRENSA, criticou a
minha resposta:
-Você
é muito violento, um jornalista não deve pensar assim.
Mas
confesso, já pensei assim em dezenas de ocasiões. Eu indago: no fundo sou um
assassino, um criminoso nato, como os descrevia o italiano Cesare Lombroso
(1835-1909), autor do famoso livro L’uomo
delinquente, publicado em 1876?
Vou
evocar quantas vezes senti a forte vontade de matar. Pelo menos sou franco,
sincero. Detesto a hipocrisia, pois acho, como o filósofo inglês Francis Bacon
(1561-1626), que “não há prazer comparável ao de pisar firme sobre o vantajoso
terreno da verdade” (No pleasure is
comparable to the standing upon the vantage ground of truth).
No
ano de 1992 alimentei o sonho de estrangular o presidente Fernando Collor de
Mello e o ex-tesoureiro deste, o empresário Paulo César Farias, devido ao
esquema montado para desviar dinheiro público e arrecadar propinas. Quem
denunciou o esquema foi o Pedro Collor, irmão caçula do Fernando Collor.
Em
1993, no ano seguinte, apoderou-se de minha alma satânica o monstruoso desejo
de enforcar a Raquel Cândido, deputada federal de Rondônia; o João Alves de
Almeida, deputado federal da Bahia; o José Carlos Alves dos Santos, diretor da
Comissão de Orçamento da Câmara. Por que quis enforcá-los? Devido ao esquema
“Anões do Orçamento”. Eles desviavam dinheiro do Orçamento da União, por meio
de emendas parlamentares, a fim de beneficiar laranjas e parentes...
Entre os anos de 1993 e 1999 tive ganas de assar, como
churrasco, o Paulo Maluf, ex-prefeito de São Paulo, e o Celso Pitta, seu
ex-secretário de Finanças, pois o dinheiro obtido com o lançamento de títulos
da Prefeitura da capital paulista, destinado a pagar os precatórios (dívidas
judiciais), foi usado em obras superfaturadas. Houve enorme desvio de recursos.
Graças à bandalheira, doleiros e empresas fantasmas depositaram milhões de
reais no exterior. Dinheiro nosso, suado, de um povo iludido, traído.
No
ano de 2000 sofri a ânsia de pretender afogar num lago cheio de piranhas
esfomeadas o juiz Nicolau dos Santos Neto e o senador Luiz Estevão de Oliveira.
Por quê? Apenas porque desviaram cerca de 930 milhões de reais (valores atuais)
durante a construção superfaturada da nova sede do Tribunal Regional do
Trabalho de São Paulo. Dono de uma construtora, Luiz Estevão papou imensa
quantia e o Nicolau se enriqueceu muito às custas do dinheiro roubado. Este
juiz canalha comprou carros de luxo, imóveis caríssimos, apartamentos na
Flórida. Eu gostaria de ver, no lago, centenas de piranhas comendo os dois.
Piranhas vorazes, de dentes bem aguçados, devorando gorduchos tubarões! Que
cena linda, encantadora, maravilhosa! Desconfio: além de assassino, sou sádico.
Ano
de 2003. Senti a avassaladora vontade de liquidar com venenos contra ratos,
infalíveis raticidas, os réus da Operação Anaconda, da Policia Federal. Esta
descobriu, por meio de escutas telefônicas, as provas de extorsão e venda de
sentenças judiciais. Eis as vitimas, conforme o meu sonho ardente, das
certeiras e mortíferas doses do raticida: o juiz João Carlos da Rocha Mattos,
mentor do esquema; os juízes Casem Mazloun e Ali Mazloum; os delegados José
Augusto Bellini e Jorge Luiz Bezerra da Silva, todos condenados em primeira
instância.
Ano
de 2005. Escândalo do Mensalão, esquema montado com a ajuda de bancos e
empresários, para financiar os partidos aliados do governo federal. Num outro
sonho ardente, obriguei o envolvido Roberto Jefferson, do PTB-RJ, a matar o
envolvido deputado Valdemar Costa Neto, do PR-SP. Depois, ainda no mesmo sonho,
forcei o envolvido empresário Marcos Valério Fernandes de Souza a assassinar o
Roberto Jefferson. E por fim o Marcos é liquidado pelo José Dirceu, ex-chefe da
Casa Civil da Presidência da República. E quem mataria o Dirceu? O Lula...
Ano
de 2006. A Máfia dos Sanguessugas, fraude nas emendas do Orçamento. Culpados:
Maria da Penha Lino, funcionária do Ministério da Saúde, e Darci e Luiz Antônio
Vedoin, pai e filho, empresários que pagavam propina a deputados. Minha
sentença: eu os entregaria à boca de uma comprida e gulosa jararaca
verde-oliva.
Ano
de 2007. Operação Navalha, esquema descoberto pela Polícia Federal, de
favorecimento ilegal da construtora Gautama em licitações de obras do PAC e de
programas federais. Dois culpados: Zuleido Veras, dono da Gautama, e Ivo de
Almeida Costa, assessor no Ministério de Minas e Energia. Sentença do assassino
Fernando Jorge: morte de ambos com navalhadas nas suas gordas e luzidias bundas.
Ano
de 2010. Mensalão do DEM, esquema de pagamentos de propinas de empresários a
integrantes do governo. O José Roberto Arruda, ex-governador do Distrito
Federal, e o Leonardo Prudente, que presidiu a Câmara desse distrito, recebiam
pacotes de dinheiro em seus gabinetes, como mostram de forma clara os vídeos.
Sentença do degenerado Fernando Jorge: teriam de engolir, num chiqueiro fedido,
mil notas de dez reais, cobertas de merda, até morrerem sufocados.
Paro
aqui. Deixei de lado a roubalheira da Petrobras, do Lava Jato, pois o meu
estômago é sensível e não quero vomitar...