Neil Clyde,
famoso médico inglês, publicou na revista Family
Doctor um artigo interessantíssimo, no qual afirma, de modo categórico, que
em mais de setenta por cento dos casamentos felizes, a cor dos olhos do marido
é diferente dos da esposa. No seu parecer há uma ligação entre a cor dos olhos
e o caráter das pessoas.
“Em outras
palavras – elucida o facultativo – as diferentes cores dos olhos significam
caracteres dessemelhantes e, como se sabe, caracteres dessemelhantes se
completam nos casais.”
O doutor
explica que as criaturas de olhos azuis, verdes ou de cor cinza, são
compreensivas e revelam senso de responsabilidade. A maioria dos homens de
Estado, diz ele, tem olhos azuis. Já as pessoas que apresentam olhos castanhos
e suas tonalidades, denotam temperamento impulsivo. Todavia, conforme salienta,
não deixam de ser bondosas e muito sensíveis.
Byron nutria
aversão às pessoas de olhos cinzentos.
-Você ainda
é moço – disse uma vez a um amigo – e pode tirar proveito da regra que vou
enunciar: não confie nunca em quem seja dono de olhos cinzentos.
-Mas –
respondeu o amigo – você também os tem.
-Exatamente
– respondeu o poeta aventureiro – e quanto melhor teria sido, para muitas
pessoas que conheço, se houvessem observado a regra em relação a mim!
Dirijamos a
nossa vista para o reino dos animais. Torna-se fácil constatar que cada bicho,
cada inseto, cada ave, tem um tipo próprio de visão.
O gato,
durante o dia, mostra a pupila idêntica a uma racha estreita, vertical. É que
ele correu as cortinas do olho, pois assim evita a luz demasiada. À medida que
esta vai diminuindo, as cortinas se abrem, aproveitando o resto da claridade.
Os peixes
que nadam nas grandes profundidades possuem os olhos colocados em cima da
cabeça, de maneira que podem olhar para o alto e para os lados.
Na águia, e
outras aves de rapina, os olhos mudam rapidamente de foco. Só desta forma
distinguem a presa, que se movimenta depressa, alterando sempre o ponto da sua
direção.
Tendo o
Criador fornecido esta variedade de visões aos irracionais, é lícito imaginar
que foi mais generoso com o homem, criatura feita à Sua imagem e semelhança.
Por esta razão deve ter dado a nós uma complexa riqueza interior, que se
manifesta através do olhar.
Havendo
tantas almas, acho provável que Deus particularizou, por intermédio de algum
sinal físico, as qualidades morais de cada indivíduo. Se num semblante as
maxilas alongadas indicam voluntariedade, energia, se um lábio grosso, carnudo,
é frequentes vezes sinal de apetites materiais, então o olho, na sua cor, pode
exprimir as tonalidades da nossa alma, as meias-tintas do nosso temperamento,
os claros-escuros da nossa organização nervosa.
Devemos
considerar o corpo humano um repositório contínuo de maravilhas. E não se faz
mister contemplar os astros para sentir os mistérios do universo: basta ver o
nosso invólucro mortal, pois qualquer parte dele merece um estudo, uma
reflexão.
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Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor do livro Vida, Obra e Época de Paulo Setúbal, um
Homem de Alma Ardente, cuja segunda edição foi lançada pela Geração
Editorial.
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