segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O MARAVILHOSO CORPO HUMANO


Neil Clyde, famoso médico inglês, publicou na revista Family Doctor um artigo interessantíssimo, no qual afirma, de modo categórico, que em mais de setenta por cento dos casamentos felizes, a cor dos olhos do marido é diferente dos da esposa. No seu parecer há uma ligação entre a cor dos olhos e o caráter das pessoas.

“Em outras palavras – elucida o facultativo – as diferentes cores dos olhos significam caracteres dessemelhantes e, como se sabe, caracteres dessemelhantes se completam nos casais.”

O doutor explica que as criaturas de olhos azuis, verdes ou de cor cinza, são compreensivas e revelam senso de responsabilidade. A maioria dos homens de Estado, diz ele, tem olhos azuis. Já as pessoas que apresentam olhos castanhos e suas tonalidades, denotam temperamento impulsivo. Todavia, conforme salienta, não deixam de ser bondosas e muito sensíveis.

Byron nutria aversão às pessoas de olhos cinzentos.

-Você ainda é moço – disse uma vez a um amigo – e pode tirar proveito da regra que vou enunciar: não confie nunca em quem seja dono de olhos cinzentos.

-Mas – respondeu o amigo – você também os tem.

-Exatamente – respondeu o poeta aventureiro – e quanto melhor teria sido, para muitas pessoas que conheço, se houvessem observado a regra em relação a mim!

Dirijamos a nossa vista para o reino dos animais. Torna-se fácil constatar que cada bicho, cada inseto, cada ave, tem um tipo próprio de visão.

O gato, durante o dia, mostra a pupila idêntica a uma racha estreita, vertical. É que ele correu as cortinas do olho, pois assim evita a luz demasiada. À medida que esta vai diminuindo, as cortinas se abrem, aproveitando o resto da claridade.

Os peixes que nadam nas grandes profundidades possuem os olhos colocados em cima da cabeça, de maneira que podem olhar para o alto e para os lados.

Na águia, e outras aves de rapina, os olhos mudam rapidamente de foco. Só desta forma distinguem a presa, que se movimenta depressa, alterando sempre o ponto da sua direção.

Tendo o Criador fornecido esta variedade de visões aos irracionais, é lícito imaginar que foi mais generoso com o homem, criatura feita à Sua imagem e semelhança. Por esta razão deve ter dado a nós uma complexa riqueza interior, que se manifesta através do olhar.

Havendo tantas almas, acho provável que Deus particularizou, por intermédio de algum sinal físico, as qualidades morais de cada indivíduo. Se num semblante as maxilas alongadas indicam voluntariedade, energia, se um lábio grosso, carnudo, é frequentes vezes sinal de apetites materiais, então o olho, na sua cor, pode exprimir as tonalidades da nossa alma, as meias-tintas do nosso temperamento, os claros-escuros da nossa organização nervosa.

Devemos considerar o corpo humano um repositório contínuo de maravilhas. E não se faz mister contemplar os astros para sentir os mistérios do universo: basta ver o nosso invólucro mortal, pois qualquer parte dele merece um estudo, uma reflexão.

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Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor do livro Vida, Obra e Época de Paulo Setúbal, um Homem de Alma Ardente, cuja segunda edição foi lançada pela Geração Editorial.

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