A
insensatez de Salman Rushdie e dos seus editores (para não dizer burrice),
sempre me impressionou muito, pois o livro Os
versículos satânicos (“The satanic verses”) desse escritor nascido na
Índia, é pura estupidez, insulto pesado, autêntica blasfêmia contra o profeta
Maomé e a fé dos muçulmanos.
Li
a obra cretina. Maomé, no livro, registra novos versículos do Alcorão, transmitidos pelo diabo, que
estava disfarçado de arcanjo Gabriel. Noutro trecho, as prostitutas de um
bordel são esposas do profeta.
Eu
afirmo, isto é uma infâmia, uma baixeza tão grande como sustentar que Jesus
Cristo cumpria as ordens do demônio e que a Virgem Maria era dona de um
prostibulo. Pergunto: se o mentecapto Salman Rushdie lançasse estas ignomínias,
nós, os cristãos, deveríamos aplaudi-las?
A
reação dos muçulmanos, portanto, não poderia ser outra. Salman Rushdie difamou
Maomé e o Alcorão. E foram insanos
os editores que publicaram a porcaria em vários países. Todos eles, sem
exceções, correm risco de vida, o risco de cerrar os olhos de maneira trágica,
como prova a fatwa (decreto
religioso) do aiatolá Khomeini, sentenciando Rushdie à morte, no dia 14 de
fevereiro de 1989:
“Declaro
a todos os fiéis muçulmanos, no mundo, que o autor do livro intitulado Versículos satânicos, escrito, editado
e distribuído contra o Islã, o Profeta e o Alcorão,
todos os editores e os responsáveis pela sua divulgação, conhecedores do seu
conteúdo, se acham, com o presente decreto, condenados à morte. Conclamo todos
os zelosos muçulmanos, em qualquer parte do mundo, a executar esta sentença, a
fim de ninguém mais ousar insultar as prescrições islâmicas... Se alguém morrer
nesta ação, será considerado mártir e seguirá diretamente para o Céu. Que Alá
os abençoe.”
A
sentença do aiatolá Khomeini não demorou a surtir efeito. “Quem semeia ventos,
colhe tempestades”, reza o velho provérbio. Naquele ano de 1989, em Beirute,
junto de um retrato gigante do aiatolá, uma menina de dez anos exibiu num
cartaz, com palavras em inglês, o seu desejo de matar o blasfemo dos Versículos satânicos:
“We are ready to kill Rushdie”
Ettore
Capriolo, o tradutor para o italiano do livro-excremento, foi esfaqueado em sua
casa.
Hitoshi
Igarashi, o tradutor da obra nauseabunda para o japonês, também foi esfaqueado,
mas numa sala da universidade onde lecionava.
William
Nygaard, o editor na Noruega da putrefação parida pelo cérebro talvez sifilítico
de Salman Rushdie, recebeu seis tiros e apesar de ficar bastante ferido,
conseguiu sobreviver.
Luiz
Schwarcz, o editor brasileiro da Companhia das Letras, publicou em 1998 o
fedorento Versículos satânicos, sem
ter sofrido, milagrosamente, nenhum atentado...
Agora
os editores do último livro de Rushdie, o indigesto Joseph Anton, correm o risco de ser fuzilados, porque nessa obra
fecal, confusa, tediosa, o seu autor chama o aiatolá Khomeini de “velho
assassino” e ridiculariza venerados líderes islâmicos, como o anglo-indiano
Kalim Siddiqui (1939-1996). Ora, os muçulmanos enxergam dois santos em Khomeini
e Kalim. Atacá-los é despertar neles o ódio feroz, vingativo, sagrado, capaz de
gerar o rápido assassinato de Rushdie e dos seus editores.
Esse
perigo agora cresceu, pois o aiatolá Hassan Sanaee, do Irã, aumentou de 2,8
milhões de dólares, para 3,3 milhões, a recompensa a ser paga pelo assassinato
de Rushdie. Palavras de Hassan:
“O
filme Inocência dos muçulmanos,
ofensivo ao profeta Maomé, não existiria e nem haveria outros casos de
blasfêmia, se a sentença do aiatolá Khomeini, de 1989, já tivesse sido
cumprida. Matem Salman Rushdie! Qualquer um que cumprir esta minha ordem,
ganhará os 3,3 milhões de dólares”.
Como
Hassan oferece tal quantia pela morte de Salman Rushdie, talvez queira dar mais
três milhões pelo assassinato dos editores do livro Joseph Anton. É uma conclusão lógica, o fruto de um raciocínio
frio.
Não
sou a favor de sentenças de morte, de medidas violentas, porém vejo o fato
indiscutível, a realidade, e esta, conforme assegurou o escritor Gabriele
D’Annunzio (1863-1938), “é uma escrava cuja obrigação consiste em obedecer” (la realtà è una schiava che non deve se non
obbedire).
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Escritor e
jornalista, Fernando Jorge é autor de Drummond e o elefante Geraldão,
que acaba de ser lançado pela Editora Novo Século e cuja primeira edição já
está quase esgotada.
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