Desfechado
o Golpe de
1964, os militares
alçaram a bandeira da luta contra o comunismo e a corrupção. No entanto, nunca
houve tanta
corrupção no pais como a
que nós
vimos ao longo do chamado
“Movimento de 31 de março de 1964”.
Espalhou-se o fedor das mordomias, das sinecuras, dos peculatos, dos
estarrecedores escândalos financeiros causados por empresas falidas, mas
ajudadas pelo Banco Central, o cheiro nauseabundo dos casos do Halles, do Grupe
Lume, da Crecif, da Audi, da Copeig, da Capemi, da Copersucar, da
Coroa-Brastel, da Corretora Laureano. Só esta, por exemplo, trouxe prejuízos à nação da
ordem de 46 bilhões de
cruzeiros, uma soma que permitiria construir, de maneira folgada, cerca de
4.400 casas populares.
Um dos líderes no
Senado da campanha pela redemocratização,
o gaúcho Paulo Brossard, sintetizou tudo na seguinte frase, em 1978:
“A
democracia neste pais é relativa, mas a corrupção é absoluta.”
Tancredo Neves, no dia 16 de janeiro de 1985, foi eleito
presidente da República. Eu liguei a minha televisão nesse dia e vi um repórter da TV Globo perguntar isto ao
Fernando Henrique Cardoso, Iá no Congresso Nacional:
-Professor, agora, com a eleição do doutor Tancredo, ainda vai haver corrupção
no Brasil?
Fernando Henrique respondeu, muito eufórico:
-Ah, isto não, isto não, nunca mais, nem daqui a
cem anos!
O repórter quis saber:
-E por
quê?
Verboso como sempre, o Fernando Henrique explicou:
-Não
vai haver mais
corrupção
no Brasil porque nós, do PMDB, montamos uma esplêndida máquina para fiscalizar
a máquina do Estado. A nossa máquina vai funcionar dia e noite, sem parar.
Qualquer ato de corrupção será imediatamente descoberto e denunciado por nós!
Essa engrenagem, se ela existiu, nunca funcionou, pois do
contrário, de 1990 a
1992, os deputados Cid Carvalho, Manoel Moreira e Genebaldo Carvalho não teriam
lesado o Orçamento Federal. Citei apenas os três porque eles eram do PMDB, do
partido que havia montado, segundo Fernando Henrique, a tal máquina
capaz de denunciar os atos de corrupção.
Aliás, como informa a edição do dia 28 de junho de 1990 do jornal O
Estado de S. Paulo, o
senhor Almir Candury, do PMDB de Rondônia, candidatou-se a deputado e prometeu:
-Vou ser
o mais corrupto dos deputados. Estou comprando votos e disposto a
fazer qualquer acordo, com papel passado em cartório, para me eleger.
Depois
ele acrescentou:
-Quero
ficar milionário com o meu mandato... O importante é que, de fato, sou o
candidato da corrupção. Roubar todos roubam hoje em dia no Brasil.
Incrível,
quanta desfaçatez! Cadê a máquina do PMDB contra a
corrupção, ó
Fernando Henrique?
Ela é tão eficaz como a
máquina de explorar
o tempo do livro de H. G. Wells? E me responda, amigo leitor: acha que eu
exagerei, quando disse que o outro nome do Brasil é Corruptolândia?
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