Rajadas
da metralhadora Kalashnikov mataram Jean Cabut, Georges Wolinski, Bernard
Verlhac e Stéphanie Carbonnier, cartunistas, na redação do Charlie Hebdo, um jornal pequeno e achincalhador de Maomé, de Jesus
Cristo, do papa Francisco, da Santíssima Trindade. Sangueira na França, em
Paris. Os árabes assassinos, com máscaras negras, saíram gritando, após o
ataque:
-Allah
Akbar! (Alá é grande!).
-Vingamos
o profeta Maomé!
Ao
todo, em pouco mais de cinco minutos do ataque, perderam a vida doze pessoas.
Antes
desse morticínio do dia 7 de janeiro de 2015, o Charlie Hebdo, em 2011, foi alvo de um atentado a bomba.
Qual
é causa de tamanha fúria? Por que os cartunistas tiveram, de modo violento, os
fios de suas vidas rompidos?
Examino
a capa da edição de 10 de julho de 2013 (número 1099), do Charlie Hebdo. Ela exibe um muçulmano a segurar o Alcorão, a Bíblia dos árabes, crivado de balas. O muçulmano afirma, também
atingido por estas:
-O
Alcorão é da merda. Isto (o livro sagrado)
não detém as balas (Le Coran c’est de la
merde. Ça n’arrête pas les balles).
Veja,
amigo leitor, a estupidez do cartunista. É a mesma coisa que dizer para um
cristão:
-A
Bíblia é uma bosta.
Na
edição de 19 de setembro de 2012 (número 1052), aparece o profeta Maomé
totalmente nu, exibindo uma bunda feminina enorme, que está sendo filmada.
Palavras do profeta, no desenho:
-E
minhas nádegas? Tu amas as minhas nádegas? (Et mes fesses? Tu les aimes, mes fesses?).
Que
cretinice! Que ofensa à fé dos árabes! Nojenta imbecilidade!
Agora
vejam a capa da edição de 1º de outubro de 2014 do Charlie Hebdo (número 1163). O cartunista Charb (Stéphanie
Carbonnier), mostra o profeta Maomé de joelhos, prestes a ser degolado por um
terrorista encapuzado, todo vestido de preto. O terrorista declara, com o seu
facão no pescoço de Maomé:
-Tua goela, infiel! (Ta
gueule, infidèle!).
Maomé
responde:
-Eu
sou o profeta, idiota! (Je
suis le prothète, abruti!).
Os
achincalhes em cima do adorado Maomé prosseguiram. Num número especial do
cretino Charlie Hebdo, ele aparece
ocultando o rosto e dizendo:
-É
duro ser amado pelos cons (C’est dur d’être aimé par des cons!).
Segundo
o Dictionnaire de l’argot moderne,
de Géo Sandry e Marcel Carrère (Editions du Daupphin, Paris, 1953), a palavra con, na gíria francesa, significa
“homem pouco inteligente, imbecil” (homme
peu inteligent, imbécile). Portanto, conforme o infecto Charlie Hebdo, todos muçulmanos que
veneram Maomé são completos mentecaptos!
Em
outro número do jornaleco ignóbil, Maomé se apresenta nu, de quatro, com uma
grande estrela em cima do ânus, do seu órgão sexual. Texto da porcaria:
“Maomé:
uma estrela é nascida! (Mahomet: une
étoile est née!).
Eu pergunto: de que forma o mundo islâmico deveria
reagir, ao contemplar essas infâmias? Existem cerca de 1,3 bilhão de muçulmanos
no planeta Terra e milhões deles se acham dispostos a se imolarem em defesa de
Maomé e do Alcorão. Daí concluímos:
os cartunistas do Charlie Hebdo
agiram como burros. Morreram por causa de suas burrices.
Também
os cristãos, os que amam Jesus Cristo, foram ultrajados pelos débeis mentais do
Charlie Hebdo. Exemplos não faltam.
Na primeira página da edição de 7 de dezembro de 2011 (número 1016) dessa
pústula da imprensa francesa, Jesus convida, de braços abertos e rosto de
maluco:
-À
mesa! (À table!).
Eis
como o Charlie Hebdo classificou a
Santa Ceia: “o jantar dos imbecis” (Le
diner de cons).
A
Santíssima Trindade foi retratada em poses obscenas, pornográficas, pelo
jornalzinho imundo. No desenho, Jesus faz sexo anal com Deus, e o Espírito
Santo com Jesus (Le pere, le fils, le
saint esprit).
Há
uma charge do montículo de pus Charlie
Hebdo onde o papa Bento XVI, no ato da consagração eucarística, carrega uma
camisinha, um preservativo, em vez da hóstia sagrada.
Na
edição de 24 de julho de 2013 (número 1101), sob o título “O papa no Rio” (Le pape à Rio), o papa Francisco é puta
carioca quase pelada, de sandálias altas, erguendo uma de suas pernas nuas e
confessando:
-Disposto
a tudo para aliciar clientes! (Prêt à tout pour racoler des clients!).
No
avião que conduziu às Filipinas, o atual chefe da Igreja Católica opinou:
-A
liberdade de expressão não dá direito de insultar a fé do próximo. Se o meu bom
amigo Alberto Gasparri xingar a minha mãe, pode esperar que levará um soco. É
normal. Você, nesse sentido, não pode ofender, desrespeitar, debochar.
Embora
o papa tenha dito a verdade, o verborrágico Reinaldo Azevedo, num texto caótico
publicado na Folha de S.Paulo
(edição de 16-1-2015), agrediu o Sumo Pontífice, assegurando que suas opiniões
sobre o ataque aos cartunistas e à liberdade de julgar “são covardes,
imprecisas e politiqueiras”. Crítica ilógica, desconexa. Reinaldo, coloque
óculos no seu cérebro. O senhor está com miopia mental.
Rafinha
Bastos apoiou os canalhas do Charlie
Hebdo, porque “o humorista deve ser livre para arriscar, questionar e provocar”.
Mas Rafinha não é humorista, é apenas um grosseirão. Quando a cantora Wanessa
Camargo estava grávida, ele disse que “comeria” essa cantora e o seu filho. Se
bestialidade é humor, eu não sabia...
Gerald
Thomas, famoso por ter em 2003 abaixado as calças e mostrado a sua bunda
horrorosa no palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, apoia o Rafinha,
prega a “irrestrita liberdade de expressão”, cada um pode dizer o que quiser,
mentir, caluniar, chamar Nossa Senhora de prostituta, etc, etc. Ótimo, Gerald,
ótimo, ponha em prática a sua opinião, insulte, só pelo prazer de insultar, um
severo delegado de polícia ou um altivo general do nosso Exército. Depois
levarei para você, lá na Penitenciária Bangu 2, um sanduiche de mortadela...
Milhares de pessoas, em Paris, hipotecaram
solidariedade ao repugnante jornal Charlie
Hebdo. E usavam estes slogans: Nous
sommes tous Charlie (“Somos todos Charlie”) e Je suis Charlie (“Eu sou Charlie”). Vendo pela televisão o
movimento, a passeata, lembrei-me de novo desta frase de Voltaire: “a multidão,
frequentes vezes, é uma besta com mais de mil cabeças”.
Fernando Jorge:
www.fernandojorge.com