A
verdadeira bondade me traz à memória uma história narrada por Paderewski, o
insigne músico polonês:
-Um
dia – conta este músico -, eu estava num famoso restaurante de Viena, quando
entrou um pobre para vender fósforos. Oferecia-os às pessoas de todas as mesas,
mas ninguém lhe comprava nada. Ao retirar-se, o pobre passou diante de uma mesa
sobre a qual havia uma bandeja com este pequeno letreiro: “Para os músicos”.
Então, sem qualquer palavra, o pobre depositou uma caixa de fósforos na bandeja
e saiu, foi embora.
Concluindo,
Paderewski acrescentou:
-Esta
cena, que presenciei, colocou em frente dos meus olhos a verdadeira bondade.
Agora,
amigo leitor, uma história sobre a tirania e a injustiça.
Certa
vez estavam assando, em local ermo, uma ave para o sultão da Pérsia, mas
faltava o sal. Um auxiliar do sultão mandou um escravo trazer o sal da aldeia
mais próxima.
-Não
deixes de pagar o sal – disse o sultão.
E
salientou:
-Se
você não pagar, isto se tornará um costume, e os habitantes da aldeia ficarão
reduzidos à miséria, em curto espaço de tempo.
Aí
um amigo do sultão se atreveu a soltar este comentário:
-Mas
se o escravo não pagar o sal, o prejuízo da aldeia não será grande.
O
sultão explicou:
-No
mundo, a tirania e a injustiça começam por uma coisa muito pequena. Observe, se
o sultão pegar um fruto do jardim de um dos seus súditos, os escravos, seguindo
o mau exemplo, levarão os frutos de todas as árvores desse jardim. E se este
mesmo sultão roubar de alguém um ovo, os seus guerreiros roubarão mil galinhas.
Gostou,
amigo leitor? Passo a narrar uma história sobre a honradez.
Conta
Leon Tolstoi que um camponês deixou cair o seu machado no rio, e por este
motivo ficou angustiado, começou a chorar. Ouvindo-lhe o pranto, o gênio das
águas lhe exibiu um machado de ouro e quis saber:
-É
este o teu machado?
-Não,
não é esse – respondeu.
O
gênio das águas apresentou um machado de prata.
-Também
não é este – disse o camponês.
Nesse
momento, o gênio mostrou-lhe o que ele tinha perdido no rio, o machado de
ferro.
-É
este! – exclamou o homem.
Para
recompensar a sua honestidade, o gênio o presenteou com os dois machados: o de
ouro e o de prata.
Ao
pôr os pés no lar, o camponês descreveu o fato. Imediatamente um dos seus
conhecidos desejou imitá-lo: foi à margem do rio, deixou cair o machado e se
pôs a chorar. Então o gênio das águas ergueu um machado de ouro e indagou:
-É
este o teu machado?
Com
os olhos incendiados pela cobiça, o fulano não se conteve:
-É
ele, sim!
Querendo
castigar o desonesto, o gênio não lhe deu o machado de ouro e nem o de ferro.
Este jaz até hoje, todo enferrujado, na parte mais funda do rio...
As três histórias apresentadas neste bate-papo
são três eloquentes lições de moral, que correspondem a um digno e sadio
roteiro de vida.