Matthew Shirts é um americano que se transformou em colunista de O Estado de S.Paulo. Só escreve a respeito de ninharias, de futilidades. Ler as suas crônicas é como ouvir uma conversa mole, tediosa, sonífera. Confesso, se estou com insônia, eu o leio e durmo logo. E agora pergunto: por que o Ruy Mesquita deixa a lenga-lenga desse gringo chatíssimo abusar da nossa paciência, no jornal onde Monteiro Lobato encantou os seus leitores? É a velha mania do brasileiro prestigiar o estrangeiro, sobretudo os patrícios de Obama, em vez de dar apoio aos nossos escritores e jornalistas de valor.
O paulificante Matthew Shirts, expulso da Chatolândia, o país dos chatos, por ser mais chato do que o rei de tal país, gatafunhou o seguinte na crônica “De Cleópatra a Justine Bieber”:
“Dia desses tive o privilégio de passar a tarde, aqui em São Paulo, com a superestrela intelectual Camille Paglia.”
Essa Camille é uma escritora malandra, metida a besta, especializada em causar escândalos, em soltar palavras completamente idiotas. Pariu um ensaio horroroso, intitulado Personas sexuais: arte e decadência, de Nefertite a Emily Dickinson, lido por milhões de leitores ignorantes, desprovidos de senso crítico. Obra publicada no Brasil, em 1993, pela Companhia das Letras, editora cujos livros se acham repletos de grosseiros erros de português. Louco de entusiasmo, em delírio, mergulhado num histérico alucinamento apoteótico, o verborrágico Matthew Shirts colocou nos cornos da lua o ensaio teratológico da ridícula vigarista. Eis um trecho do seu desvario:
“O livro (de Camille) é genial; pulsante é o adjetivo que me vem à cabeça. Uma obra-prima da história intelectual e da arte.”
Matthew Shirts não entende nada de literatura. Que péssima escolha, a do adjetivo pulsante! Já o critiquei no meu livro Vida e obra do plagiário Paulo Francis – O mergulho da ignorância no poço da estupidez, pois ele afirmou isto, na edição do dia 24 de junho de 1995 de O Estado de S.Paulo:
“Para quem se interessa pelos valores e emoções intelectuais das últimas décadas, recomendo muito o livro Trinta anos esta noite, de Paulo Francis.”
Eu o corrigi no meu livro. Declarei que ele, o frenético, o assanhadíssimo Matthew Shirts, devia ter escrito assim, de modo correto:
“Para quem se interessa por insultos pessoais, descrições de cenas pornográficas, ataques estúpidos aos árabes, ao Alcorão, a Portugal, ao general Castello Branco, às mulheres em geral, à Câmara Federal, e gosta também de ver graves erros de português, acompanhados de dezenas de informações erradas, recomendo muito o livro Trinta anos esta noite, de Paulo Francis.”
Explodindo de amor pela tapeadora Camille Paglia, que faz jus ao seu sobrenome, porque do ponto de vista literário ela é frágil como uma palha, o logorreico Matthew Shirts salientou na sua crônica intragável, com sabor de purgante fervido, que a irresistível, a incomparável, a maravilhosa, a divina Camille criticou o lesbianismo, apesar de ser lésbica. Após nos fornecer a notável informação, esse americano ansioso por virar paulistano caiu em êxtase diante desta cretinice da machona:
“... o homem, ao se tornar homossexual, fica 50% mais esperto; ao virar lésbica, uma mulher perde 25% da inteligência.”
Babou de admiração, o Matthew Shirts, depois de ler esta imensa besteira. Talvez até desfaleceu, soluçando:
-Ai, ai, ai, como a Camille Paglia é genial, como é genial! Ai, ai, ai, ai, ai, ai, eu não aguento! Eu a amo demais, demais!
Após almoçar com ela, Matthew chegou à redação da revista onde trabalha, a National Geographic Brasil, e não conteve o entusiasmo. Contou tudo para os colegas aos brados. Imagino como foi a sua gritaria:
-Eu adoro a Camille! Camille é gênio, gênio, gênio, gênio! Shakespeare estava certo! O powerful love, that in some respects makes a beast a man; in some other, a man a beast! (“Oh, amor todo poderoso, que de certa maneira fazes de uma besta um homem, e também de certa maneira fazes de um homem uma besta!”)
Matthew garante: Camille está vidrada pelo Brasil e já efetuou sete viagens para cá. Pudera! Essa embrulhona percebeu que em nosso país existem milhares de débeis mentais, capazes de adorá-la, de aplaudir todos os dias, em qualquer hora, as suas parvoíces, os seus raciocínios malucos, as suas frases tão ilógicas como a de um bêbado que ingeriu uma mistura de cocaína, maconha, vinho, vodca e cachaça.
Se a Camille Paglia equilibrar na sua cabeça tonta um penico cheio de cocô fedorento, e andar pelas nossas ruas vomitando disparates, ela vai encontrar milhares de fervorosos admiradores, dispostos a segui-la.
Christian Furchtegott Gellert (1715-1769), poeta e moralista alemão, acertou em cheio ao escrever estas palavras na sua obra Fabeln:
“Um tolo sempre encontra um outro ainda mais tolo, que o olha com admiração”.
(Ein Thor find allenmal noch einen grössern Thoren, der seinem Wert zu schätzen weiss).