Tenho um amigo que se lamenta e se desespera porque está perdendo os pêlos do crânio. Cada manhã, ao passar o pente, este lhe arranca um punhado de cabelos, com raiz e tudo. Já experimentou uma grande quantidade de remédios. De nada valeu. Passou, então, a empregar o óleo de rícino, a gema de ovo, o azeite, e até, pasme o amigo leitor, matérias mal cheirosas... Esforço inútil, sua cabeça continua a ser devastada, à semelhança de uma floresta que não resiste à fúria do vendaval. No começo eu costumava lhe perguntar:
-Como é, os cabelos ainda estão caindo?
Ele fazia uma cara tão aborrecida que eu ficava com pena, não me atrevendo a articular nenhuma frase de consolo. Agora me calo... Porém vejo que o meu amigo se encontra cada vez mais calvo. O que lhe falta, sem dúvida, é resignação, espírito esportivo. Julga a calvície uma calamidade, olvidando que diversos indivíduos a temem por causa desse espantalho horrendo, denominado convencionalismo.
O homem é que inventa, inchado de vaidade, os seus figurinos estéticos. Se fosse hábito rotineiro toda gente andar de crânio à mostra, ninguém ficaria triste, deprimido.
Entre os caldeus, a plebe usava a cabeça completamente raspada. O mesmo acontecia com os assírios e babilônios. No velho Egito, o povo e os escravos tinham costume semelhante. Apenas a aristocracia enfeitava a caixa craniana com suntuosas cabeleiras postiças, das quais restam alguns exemplares nas coleções arqueológicas.
Mas tudo isso é relativo. Variam os cânones de beleza. Há quem se extasie diante de um quadro cubista e sinta náuseas contemplando uma paisagem de Corot.
O bípede implume de Platão é o ser mutável por excelência. Daqui a uns cem ou duzentos anos, derrubará talvez quase todos os padrões consagrados. Muita coisa que hoje é feia, ridícula, amanhã possivelmente será bela e graciosa.
Informa Tom Antongini que ao contrário de Júlio César e de Domiciano, o poeta e escritor Gabriele D’Annunzio nunca se queixou da sua calvície. Certo dia ele chegou mesmo a responder a uma dama impertinente, que lhe indagara a opinião a esse respeito:
-Minha senhora, a beleza futura será calva.
Os poetas às vezes se tornam videntes. D’Annunzio fez esta declaração antes dos prognósticos efetuados pelos cientistas contemporâneos, os quais asseguram que nos séculos vindouros a mulher ostentará uma cabeça lisa, pelada e brilhante. Na hipótese de que esta previsão se concretize, a célebre sentença de Schopenhauer sobre a mulher pode ficar desprovida de sentido, pois ela não será mais “um animal de inteligência curta e cabelos compridos”. Aliás, ela nunca foi burra ou pouco inteligente. Burros e pouco inteligentes são os homens que não conseguem compreendê-la.
Afrânio Peixoto, no seu livro Trovas Brasileiras, publicado em 1944 pela Companhia Editoria Nacional, divulgou esta quadra:
Esse teu cabelo louro
É que me faz confusão;
Nas tranças deste cabelo
Perdeu-se o meu coração.
terça-feira, 23 de junho de 2009
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara!
Sim, eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara, coordenador da equipe da ABL que preparou a 5ª edição do “Vocabulário ortográfico da língua portuguesa”, de ser o culpado pela publicação de trinta erros nessa obra. Cleo Guimarães, jornalista de “O Globo”, também informou isto na seção “Gente Boa” do seu jornal, no dia 31 de maio de 2009.
A pressa, o despreparo, o assanhamento, estas três coisas fizeram o Evanildo autorizar logo a publicação do calhamaço de 887 páginas, com 349.737 palavras e expressões. Um livrão bem caro, pois custa quase cem reais. Eu indago: e esta gente que iludida comprou a porcaria ortográfica, não vai receber o seu dinheiro de volta? Ela terá de aceitar os trinta erros, apontados por mim e pela jornalista de “O Globo”?
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara, membro da estéril, inútil e grotesca Academia Brasileira de Letras, de não ter feito um trabalho em conjunto com a Academia de Ciências de Lisboa, na elaboração desse vocabulário coxo: sem consultar o outro grêmio, a ABL se antecipou, revelando que é fascista, nazista, mussolinica, hitleriana.
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara, por haver tomado decisões unilaterais. Quem o autorizou a transformar vagalume e regabofe, sem traços, em vaga-lume e rega-bofe com traços? Quem? A Hebe Camargo? O Ronaldinho? O Kim Jong-il, ditador da Coreia do Norte, com a ameaça de arremessar na Academia Brasileira de Letras uma bomba atômica de 30 quilotons, superior à de 21 quilotons que destruiu a cidade japonesa de Nagasaki, em 1945?
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara de ter agido como o paranoico Heinrich Himmler, chefe da SS na Alemanha nazista, responsável pelo extermínio de milhões de judeus, porque ele, o funesto Evanildo, sem consultar a Academia de Ciências de Lisboa, desprezando-a, agiu como um Himmler da língua portuguesa, impôs de modo arbitrário, sem nenhum motivo justo, o desaparecimento do hífen nas expressões a-toa, auto-escola, extra-oficial, dia-a-dia, fim-de-semana, infra-estrutura, neo-expressionismo, semi-árido.
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara de “normatizar” o que não era necessário, como por exemplo colocar o hífen em ziguezague (zigue-zague), em zunzum (zum-zum), em lengalenga (lenga-lenga), palavras que não exigem pausas, intervalos, pois a rigor são onomatopaicas, imitam ou sugerem determinados sons ou ruídos, como as onomatopeias verbais e etimológicas assoviar, chimpar, bambolear, bebericar, escarrar, espocar, gorgear, gargalhar, murmurar, rasgar, retumbar, ribombar, silvar, sussurrar, trombetear, zurrar.
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara de derreter as cacholas dos falantes com as suas esdruxularias (extravagâncias). Os dogmas dele, tão errados como o português do Paulo Coelho, tornam dificílima a aglutinação dos vocábulos compostos. Evanildo complica tudo. À semelhança de Reinhard Heydrich, o comandante das SS na “noite das longas facas”, Bechara ordenou nazistamente que o hífen só deve aparecer, nas palavras compostas, quando estas apresentarem “unidade sintagmática e semântica”. E valendo-se de tal linguagem nauseabunda, capaz de impressionar os intelectualoides metidos a besta, o babélico Evanildo, mestre na arte de parir imbróglios, abortos linguísticos, estabeleceu o seguinte: é permitido usar o hífen nos “compostos por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos possuem natureza nominal, adjetival, numeral e verbal”. Apenas faltou ele dizer: “e também natureza asnal ou fecal”.
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara de estuprar a prosódia dos ditongos nas paroxítonas (vocábulos nos quais o acento tônico cai na penúltima sílaba). Por causa do pançudo ditador da ABL, não se acentuam mais, ilogicamente, os ditongos ei e oi de timbre aberto. Agora, devido a esta imbecilidade, jóia é jôia, bóia é bôia, colméia é colmêia, idéia é idêia (coloquei o acento circunflexo de propósito, a fim de mostrar como a nova ortografia destas palavras deve soar nos ouvidos de uma criança que está sendo alfabetizada).
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara de ter imposto, sem consulta prévia a comissões de professores, escritores e jornalistas, uma reforma cretina, desnecessária. O acordo, ou melhor, o desacordo, “é impreciso, ambíguo e anticientífico”. Juízo do professor Gabriel Antunes de Araújo, linguista da Universidade de São Paulo, que afirma num artigo publicado na edição do dia 21 de maio de 2009 do “Jornal do Brasil”:
“Os argumentos dos defensores da anulação do acordo são razoáveis: a reforma não auxiliará no combate ao analfabetismo e nem ajudará o português a se tornar uma língua internacional. Não será a abolição de tremas ou regras de emprego do hífen que tornarão a tarefa de alfabetizar mais simples ou a língua portuguesa mais prestigiada”
E este professor da USP enfatizou:
“A língua inglesa convive com as normas britânica e norte-americana: isso não impediu que se tornasse global e que o analfabetismo, nesses países, fosse praticamente erradicado. Além disso, o acordo carece de embasamento científico e coerência interna”.
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara, por ter redigido um acordo que conforme garantiu o deputado português Vasco Graça Moura, “é um acúmulo de disparates”.
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara de ter criado um caos ortográfico, uma bagunça em nosso idioma, sem respeito à etimologia das palavras.
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara, por ser autor de uma péssima gramática e por não saber escrever. Afinal de contas, ele é um gramaticida... Faltou-lhe competência, portanto, para nos obrigar a engolir o monstruoso feto sifilítico defecado pela sua mioleira. Como ele redige mal, como é pernóstico! Leiam esta passagem do seu teratológico artigo sobre palavras compostas, publicado na edição do dia 22 de fevereiro de O Estado de S.Paulo:
“Além dos princípios gerais o utente tem de conhecer também as exceções, exceções que não são exclusivas da língua...”
Olhem o pernosticismo, o uso do substantivo utente, em vez de usuário. E a repetição do plural exceções, provando como o seu vocabulário é fraquíssimo, gago, vesgo, cambaleante, necessitado urgentemente de muletas, ou melhor, de uma bem mortífera câmara de gás...
A pressa, o despreparo, o assanhamento, estas três coisas fizeram o Evanildo autorizar logo a publicação do calhamaço de 887 páginas, com 349.737 palavras e expressões. Um livrão bem caro, pois custa quase cem reais. Eu indago: e esta gente que iludida comprou a porcaria ortográfica, não vai receber o seu dinheiro de volta? Ela terá de aceitar os trinta erros, apontados por mim e pela jornalista de “O Globo”?
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara, membro da estéril, inútil e grotesca Academia Brasileira de Letras, de não ter feito um trabalho em conjunto com a Academia de Ciências de Lisboa, na elaboração desse vocabulário coxo: sem consultar o outro grêmio, a ABL se antecipou, revelando que é fascista, nazista, mussolinica, hitleriana.
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara, por haver tomado decisões unilaterais. Quem o autorizou a transformar vagalume e regabofe, sem traços, em vaga-lume e rega-bofe com traços? Quem? A Hebe Camargo? O Ronaldinho? O Kim Jong-il, ditador da Coreia do Norte, com a ameaça de arremessar na Academia Brasileira de Letras uma bomba atômica de 30 quilotons, superior à de 21 quilotons que destruiu a cidade japonesa de Nagasaki, em 1945?
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara de ter agido como o paranoico Heinrich Himmler, chefe da SS na Alemanha nazista, responsável pelo extermínio de milhões de judeus, porque ele, o funesto Evanildo, sem consultar a Academia de Ciências de Lisboa, desprezando-a, agiu como um Himmler da língua portuguesa, impôs de modo arbitrário, sem nenhum motivo justo, o desaparecimento do hífen nas expressões a-toa, auto-escola, extra-oficial, dia-a-dia, fim-de-semana, infra-estrutura, neo-expressionismo, semi-árido.
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara de “normatizar” o que não era necessário, como por exemplo colocar o hífen em ziguezague (zigue-zague), em zunzum (zum-zum), em lengalenga (lenga-lenga), palavras que não exigem pausas, intervalos, pois a rigor são onomatopaicas, imitam ou sugerem determinados sons ou ruídos, como as onomatopeias verbais e etimológicas assoviar, chimpar, bambolear, bebericar, escarrar, espocar, gorgear, gargalhar, murmurar, rasgar, retumbar, ribombar, silvar, sussurrar, trombetear, zurrar.
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara de derreter as cacholas dos falantes com as suas esdruxularias (extravagâncias). Os dogmas dele, tão errados como o português do Paulo Coelho, tornam dificílima a aglutinação dos vocábulos compostos. Evanildo complica tudo. À semelhança de Reinhard Heydrich, o comandante das SS na “noite das longas facas”, Bechara ordenou nazistamente que o hífen só deve aparecer, nas palavras compostas, quando estas apresentarem “unidade sintagmática e semântica”. E valendo-se de tal linguagem nauseabunda, capaz de impressionar os intelectualoides metidos a besta, o babélico Evanildo, mestre na arte de parir imbróglios, abortos linguísticos, estabeleceu o seguinte: é permitido usar o hífen nos “compostos por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos possuem natureza nominal, adjetival, numeral e verbal”. Apenas faltou ele dizer: “e também natureza asnal ou fecal”.
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara de estuprar a prosódia dos ditongos nas paroxítonas (vocábulos nos quais o acento tônico cai na penúltima sílaba). Por causa do pançudo ditador da ABL, não se acentuam mais, ilogicamente, os ditongos ei e oi de timbre aberto. Agora, devido a esta imbecilidade, jóia é jôia, bóia é bôia, colméia é colmêia, idéia é idêia (coloquei o acento circunflexo de propósito, a fim de mostrar como a nova ortografia destas palavras deve soar nos ouvidos de uma criança que está sendo alfabetizada).
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara de ter imposto, sem consulta prévia a comissões de professores, escritores e jornalistas, uma reforma cretina, desnecessária. O acordo, ou melhor, o desacordo, “é impreciso, ambíguo e anticientífico”. Juízo do professor Gabriel Antunes de Araújo, linguista da Universidade de São Paulo, que afirma num artigo publicado na edição do dia 21 de maio de 2009 do “Jornal do Brasil”:
“Os argumentos dos defensores da anulação do acordo são razoáveis: a reforma não auxiliará no combate ao analfabetismo e nem ajudará o português a se tornar uma língua internacional. Não será a abolição de tremas ou regras de emprego do hífen que tornarão a tarefa de alfabetizar mais simples ou a língua portuguesa mais prestigiada”
E este professor da USP enfatizou:
“A língua inglesa convive com as normas britânica e norte-americana: isso não impediu que se tornasse global e que o analfabetismo, nesses países, fosse praticamente erradicado. Além disso, o acordo carece de embasamento científico e coerência interna”.
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara, por ter redigido um acordo que conforme garantiu o deputado português Vasco Graça Moura, “é um acúmulo de disparates”.
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara de ter criado um caos ortográfico, uma bagunça em nosso idioma, sem respeito à etimologia das palavras.
Eu acuso o gramaticida Evanildo Bechara, por ser autor de uma péssima gramática e por não saber escrever. Afinal de contas, ele é um gramaticida... Faltou-lhe competência, portanto, para nos obrigar a engolir o monstruoso feto sifilítico defecado pela sua mioleira. Como ele redige mal, como é pernóstico! Leiam esta passagem do seu teratológico artigo sobre palavras compostas, publicado na edição do dia 22 de fevereiro de O Estado de S.Paulo:
“Além dos princípios gerais o utente tem de conhecer também as exceções, exceções que não são exclusivas da língua...”
Olhem o pernosticismo, o uso do substantivo utente, em vez de usuário. E a repetição do plural exceções, provando como o seu vocabulário é fraquíssimo, gago, vesgo, cambaleante, necessitado urgentemente de muletas, ou melhor, de uma bem mortífera câmara de gás...
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