O papa Bento XVI, o Lula, o José Dirceu, a
senadora Heloísa Helena e o Fernando Henrique Cardoso estavam viajando num
avião, todos juntos. Durante o voo, Bento XVI condenou o conflito no Oriente
Médio, os ataques do Hezbollah e a retaliação de Israel contra o Líbano:
-Esta selvageria é injustificável! As
violações à lei e aos direitos humanos não podem ser usadas para justificar
tamanha barbaridade.
-Concordo – disse o Lula, degustando um
grande copo de pinga misturada com uísque.
-Vejam vocês que absurdo - comentou o
Pontífice - a palavra árabe Hezbollah significa "Partido de
Deus".
-Juro, sou contra a violência - garantiu o
Fernando Henrique Cardoso com o seu sorriso de aeromoça - Fiquei indignado
quando os militantes do MLST, comandados pelo Bruno Maranhão, invadiram a
Câmara Federal, no dia 6 de junho, e ali fizeram um quebra-quebra. Depois de
liderar esse ato de vandalismo, o Bruno ainda se atreveu a pedir de volta a
Secretaria Nacional de Movimentos Populares. Incrível!
-Olhe, Cardoso, não é só você que é contra
a violência - declarou a Heloísa Helena - Eu também sou, pois fui expulsa do
PT.
FHC respondeu:
-Se você é como eu, contra a violência,
por que não critica o presidente venezuelano Hugo Chávez, que comprou da
Rússia, por três bilhões de dólares, 24 aviões e 53 helicópteros? Comprou esses
aparelhos para desencadear, na América do Sul, uma guerra contra os Estados
Unidos.
Neste momento o papa Bento XVI pôde ver
pela janela um diabinho serrando uma das asas do avião. Ele pediu:
-FHC, você é labioso, vá à presença do
maldito e o convença a parar de serrar a asa.
O ex-presidente do Brasil foi até lá, mas
calmo, impassível, o molequinho do Inferno continuou a executar o seu trabalho.
Então o papa pediu outra vez:
-Heloísa Helena, você sabe falar. Diga ao
diabinho que se ele não parar de serrar a asa, nós todos vamos morrer!
A senadora chegou perto do coisa-ruim e
falou, falou, porém a sua conversa foi inútil. O rabudo não desistiu do seu
intento. Serrava a asa e ria como só o pé-de-gancho sabe rir, maldosamente.
Nervoso, aflito, o papa Bento XVI implorou
ao Lula e ao José Dirceu:
-Corram até Iá! Pelo amor de Deus, façam
ele parar de serrar a asa!
Os dois se aproximaram do capeta e
começaram a falar. Bento XVI não os ouvia, mas de repente o diabinho parou de
cortar a asa e deixou a serra cair no espaço. Quando o Lula e o José Dirceu
voltaram, o papa quis saber, muito entusiasmado:
-Formidável! Parabéns! Como é que vocês
conseguiram convencê-lo a parar de serrar a asa?
Lula esclareceu:
-Da maneira mais simples. Dissemos que se
ele não parasse, o avião iria cair e eu e o José Dirceu rolariamos no Inferno,
onde logo seria fundado, por nós dois, um partido igualzinho ao PT, como este
era no tempo do mensalão...
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Escritor e
jornalista, Fernando Jorge é autor do livro As lutas, a glória e o martírio
de Santos Dumont, lançado pela HaperCollins.
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