domingo, 4 de abril de 2021

Amy foi comprar fraldinhas para o bebê de Amber

H. G. Wells (Imagem: Getty Images)

O sucesso do meu romance autobiográfico Eu amo os dois, lançado pela editora Novo Século, não para de me trazer à memória um amigo querido: Ronaldo Côrtes. Foi ele que me incentivou a escrevê-lo, como já informei, pois não me achava muito disposto a produzir essa obra. Mas ele, Ronaldo, insistia:

– Escreva, Fernandinho, escreve!

Assim dizia o meu nome, frequentes vezes, e ao recordar isto os meus olhos ficam umedecidos. Conforme já acentuei, Ronaldo Côrtes me preveniu, diversas vezes:

– O seu romance provocará o recebimento de dezenas de perguntas a você, das mulheres que vão lê-lo.

Pura verdade. As cartas, os e-mails e até telefonemas afluem a mim, como se fosse um guru ou conselheiro especializado nos complexos sentimentos humanos... Numa carta oriunda de Porto Alegre, li as seguintes palavras:

“O senhor, no seu romance autobiográfico Eu amo os dois, na pele do personagem Rodrigo, conta que largou a sua namorada Elza, depois da jovem confessar o seu amor duplo pela sua pessoa e também pelo primo dela. Gostaria de saber se a esposa de um escritor famoso aceitou que ele amasse outra mulher. Poderá me informar?”

Respondo, sim, posso. Esse escritor famoso se chamava H. G. Wells (1866-1946). Era inglês e escreveu cerca de cem livros. Tornou-se um precursor da ficção cientifica, por causa da publicação dos romances A máquina do tempo, O homem invisível e A guerra dos mundos.

H. G. Wells ficou casado, durante 32 anos, com a sua segunda esposa, Amy Catherine Robbins, até ela falecer em 1927. Tiveram dois filhos. Aos 42 anos, Wells engravidou Amber Reeves, moça de 22 anos. E Amy, a esposa do escritor, aceitou o adultério do marido, não reagiu, não se mostrou revoltada. Quando o bebezinho de Amber nasceu, Amy foi comprar fraldinhas para ele. A sociedade inglesa sentiu-se chocada.

Eis aí, prezada leitora do meu romance autobiográfico o caso de uma esposa de escritor célebre que aceitou o adultério do marido. Pergunto: H. G. Wells era tão imoral como Amy? Os dois achavam que sexo é uma coisa e amor é outra?

Formulo mais uma pergunta: a mulher supera o homem nas manifestações da sexualidade? Não acredito. Alexandre Dumas, por exemplo, o célebre romancista de Os três mosqueteiros, teve dezenas de filhos de dezenas de mulheres, cerca de 200, alguém garantiu. Portanto foi duplamente prolifico, tanto na literatura como no sexo...

Texto publicado em www.jbajornais.com.br