Simone Cassiano da Silva, de 27 anos,
vendedora em Belo
Horizonte, jogou a sua filha de dois meses, enfiada num saco
de lixo, na Lagoa da Pampulha, para que morresse afogada, mas o bebê foi salvo.
Vejam como Simone se referiu à filha:
-Essa droga de menina!
Transcorridos poucos dias, a dona-de-casa
Regina Elaine Pereira, de 30 anos, joga a filha recém-nascida num valão, onde a
encontraram morta, embrulhada num saco plástico. A pobrezinha exibia ferimentos
na cabeça, causados por pancadas. Isto aconteceu em Porto Alegre.
Conforme o relato de Romaria da Silveira,
vizinha de Regina, foi a segunda vez que essa mulher jogou um bebê
recém-nascido no valão:
-Há três anos ela fez a mesma coisa.
Logo em seguida, na capital paulista,
Wilker Roger Cremon, de 26 anos, irritou-se com o choro da filha, de onze
meses. Ele a espancou e lançou-a contra uma parede. Após coloca-Ia no andador,
deu um pontapé nesse aparelho. O bebê, do segundo andar da casa, rolou pela
escada abaixo, quase trinta degraus.
Quando a mãe da criança apareceu, Tânia
Cristina dos Santos, assistente administrativa, o agressor proferiu estas palavras:
-Fale baixinho que a nossa filha está
dormindo. Não acenda a luz. Ela caiu do andador, ficou enjoadinha, mas agora
está tudo bem. E até ria, brincava, antes de dormir.
Às três horas da madrugada, a mãe acordou,
ouvindo a respiração difícil da criança. Todo desfigurado, o bebê sofria
convulsões.
Tânia o levou em coma para o Hospital da
Mooca. Ali os médicos constataram que a menina tinha lesões na coluna e
fraturas em todo o corpo.
Durante quatro meses, segundo a polícia, o
bebê havia sido espancado pelo pai. Wilker, na delegacia, confessou friamente o
crime e não se mostrou arrependido.
Em Bangu, no Rio de Janeiro, dez dias após
o bebê de dois meses ser resgatado com vida na Lagoa da Pampulha, uma
enfermeira do Hospital São Lourenço viu Luísa Pereira, de 32 anos, deixar a sua
filha recém-nascida no chão, no meio dos carros de um estacionamento. Quase que
o bebê foi esmagado pelos automóveis.
No mesmo dia, em Nova Iguaçu, uma
mulher jogou um recém-nascido na rua Mauro Cavalcanti, do bairro Cerâmico. A
criança, dentro de saco plástico, acabou sendo estraçalhada por um veículo.
Dezenas de urubus, em Realengo,
sobrevoavam outro saco plástico que boiava no rio Piraquara. Abriram o saco e
nele jazia um bebê morto, em avançado estado de decomposição.
Qualquer cadela é mais humana do que essas
mães assassinas. Uma cadela não mata os seus filhos.
É a guerra dos monstros contra os bebês.
Tais bebês, embora filhos de monstros, não são monstros, mas as criaturas que
os geraram - mãe ou pai - apresentam-se diante dos meus olhos como os frutos
podres de uma época afastada de Deus, onde o que importa não é o amor à família
e sim o imediato e pleno gozo sexual. Lema dos monstros:
“Viva o materialismo! Morra a
espiritualidade!”.
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Escritor e
jornalista, Fernando Jorge é autor do livro As lutas, a glória e o martírio
de Santos Dumont, lançado pela HaperCollins.
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