sábado, 18 de abril de 2020

ELAS VALEM MUITO MAIS

Acreditem, estamos vivendo num planeta ainda bárbaro, selvagem, cheio de monstros.
Simone Cassiano da Silva, de 27 anos, vendedora em Belo Horizonte, jogou a sua filha de dois meses, enfiada num saco de lixo, na Lagoa da Pampulha, para que morresse afogada, mas o bebê foi salvo. Vejam como Simone se referiu à filha:
-Essa droga de menina!
Transcorridos poucos dias, a dona-de-casa Regina Elaine Pereira, de 30 anos, joga a filha recém-nascida num valão, onde a encontraram morta, embrulhada num saco plástico. A pobrezinha exibia ferimentos na cabeça, causados por pancadas. Isto aconteceu em Porto Alegre.
Conforme o relato de Romaria da Silveira, vizinha de Regina, foi a segunda vez que essa mulher jogou um bebê recém-nascido no valão:
-Há três anos ela fez a mesma coisa.
Logo em seguida, na capital paulista, Wilker Roger Cremon, de 26 anos, irritou-se com o choro da filha, de onze meses. Ele a espancou e lançou-a contra uma parede. Após coloca-Ia no andador, deu um pontapé nesse aparelho. O bebê, do segundo andar da casa, rolou pela escada abaixo, quase trinta degraus.
Quando a mãe da criança apareceu, Tânia Cristina dos Santos, assistente administrativa, o agressor proferiu estas palavras:
-Fale baixinho que a nossa filha está dormindo. Não acenda a luz. Ela caiu do andador, ficou enjoadinha, mas agora está tudo bem. E até ria, brincava, antes de dormir.
Às três horas da madrugada, a mãe acordou, ouvindo a respiração difícil da criança. Todo desfigurado, o bebê sofria convulsões.
Tânia o levou em coma para o Hospital da Mooca. Ali os médicos constataram que a menina tinha lesões na coluna e fraturas em todo o corpo.
Durante quatro meses, segundo a polícia, o bebê havia sido espancado pelo pai. Wilker, na delegacia, confessou friamente o crime e não se mostrou arrependido.
Em Bangu, no Rio de Janeiro, dez dias após o bebê de dois meses ser resgatado com vida na Lagoa da Pampulha, uma enfermeira do Hospital São Lourenço viu Luísa Pereira, de 32 anos, deixar a sua filha recém-nascida no chão, no meio dos carros de um estacionamento. Quase que o bebê foi esmagado pelos automóveis.
No mesmo dia, em Nova Iguaçu, uma mulher jogou um recém-nascido na rua Mauro Cavalcanti, do bairro Cerâmico. A criança, dentro de saco plástico, acabou sendo estraçalhada por um veículo.
Dezenas de urubus, em Realengo, sobrevoavam outro saco plástico que boiava no rio Piraquara. Abriram o saco e nele jazia um bebê morto, em avançado estado de decomposição.
Qualquer cadela é mais humana do que essas mães assassinas. Uma cadela não mata os seus filhos.
É a guerra dos monstros contra os bebês. Tais bebês, embora filhos de monstros, não são monstros, mas as criaturas que os geraram - mãe ou pai - apresentam-se diante dos meus olhos como os frutos podres de uma época afastada de Deus, onde o que importa não é o amor à família e sim o imediato e pleno gozo sexual. Lema dos monstros:
“Viva o materialismo! Morra a espiritualidade!”.

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Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor do livro As lutas, a glória e o martírio de Santos Dumont, lançado pela HaperCollins.

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