sexta-feira, 27 de março de 2020

Shakespeare foi vítima de Paulo Francis


Paulo Francis era o pior jornalista do Brasil. Além de achincalhar a honra das pessoas e de escrever mal como o Diogo Mainardi, esse apedeuta agia à maneira de um flibusteiro da nossa imprensa, pois se apoderava, plagiário contumaz, das frases de Lênin, Dostoiewski, John Donne, Oscar Wilde, Shakespeare, De Gaulle, Albert Einstein, Winston Churchill, James Baldwin, La Rochefoucauld, Machado de Assis, Sérgio Porto, Roberto Campos, etc, etc.
Centenas de informações falsas ou suspeitas aparecem nos seus textos caóticos, ao lado de erros fedentinosos no campo da gramática, da literatura, da sociologia, da história, das artes plásticas.
E os ataques   soezes do desletrado Paulo Francis? Vejam o que ele escreveu sobre o jornalista Caio Túlio Costa, em novembro de 1989: “... alcaguete... canalha menor". Tarso de Castro, outro jornalista, é assim difamado pelo energúmeno em 23 de maio de 1991, logo após a sua morte: "...era um moleque, um patife, um celerado."
Vou exibir algumas anencefalias linguísticas do Francis. Esclareço, a anencefalia é a monstruosidade onde há falta da abóbada craniana e os hemisférios cerebrais ou não existem, ou se apresentam como pequenas aderências. Admirem estas frases anencefálicas do referido escorpião defunto, extraídas do seu livro Trinta anos esta noite, publicado em 1994 pela Companhia das Letras:
"...assunto que me entedia às lágrimas" (página 27).
"Eu respondi que a mulher essa..." (página 48).
“...aqui nos EUA sou defrontado por gente...” (página 53).
“...surrou à morte um jornalista Nestor...” (página 140).
“Essa sensação... já me vinha garoto” (página 181).
“...temíamos ao pânico a implantação de uma ditadura Carlos Lacerda..." (página 187).
Frases abstrusas, desconexas, multiplicam-se nos textos do venenoso artrópode defunto. Diversas vezes, numa frase, ele colocava objeto direto, embora o verbo exigisse objeto indireto. Não sabia separar o verbo do sujeito, como acontece agora com o apedeuta Diogo Mainardi.
Depois de ler o meu livro Vida e obra do plagiário Paulo Francis – O mergulho da ignorância no poço da estupidez, lançado pela Geração Editorial, onde mostro tudo isto, a jornalista Irene Solano Vianna, ex-editora da Folha S. Paulo, enfatizou num artigo:
“O senhor Paulo Francis escrevia mal, plagiava sobretudo citações e ideias, errava feio nas ostentações de sua pseudo-cultura. E o mais grave de todos os pecados: não tinha compromisso algum com a exatidão dos fatos, ou respeito pela honra e dignidade alheias."
Irene Solano Vianna dirige um escritório de comunicação. Ela pertence à diretoria-executiva da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE). No meu entender, prezada colega, o Francis era um sofomaniaco. A sofomania, amigo leitor, é a mania do ignorante querer passar por sábio. Mas o Francis nunca pôde eliminar o seu apedeutismo, pois como foi publicado no número 2337 do Fliegende Blätter, “é mais fácil dez sábios ocultarem a sua sabedoria do que um ignorante esconder a sua ignorância" (“Zehn Gelehrte künnen cher ihr Wissen geheimhalten als ein Ignorant seine Unwissenheit”).
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Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor do livro Se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido, lançado pela Editora Novo Século

sábado, 21 de março de 2020

EU O RESPEITO E O ADMIRO


Admiro o espírito democrático de Otávio Frias Filho. Eu o critiquei por causa de um artigo de sua autoria sobre a Academia Brasileira de Letras, intitulado “Imortais", e enviei-lhe uma cópia do meu texto. Otávio permitiu que o texto fosse publicado na edição de 8 de abril de 2000 da “Folha de São Paulo”. E na edição de 22 de abril de 2005 desse jornal, apareceu outra crítica de minha lavra ao Otávio. Reproduzo o início da catili­nária, publicada na seção "Painel do Leitor":
"Creio que Otávio Frias Filho, diretor editorial da ‘Folha’, deveria ser mais enérgico, pois o caderno Mais! está se tornando muito pesado, tedioso, americanófilo. Quem o lê, logo boceja.”
Após afirmar isto, prossegui:
"Na sua edição de 1/4, por exemplo, quase tudo é dos Estados Unidos. Na página 2, notícia sobre um DVD duplo lançado no país do Bush. Na página 3, texto sobre um livro do Donald Davidson, publicado nos EUA. Nas páginas 4,5 e 6, uma entrevista palavrosa e chatíssima concedida pela escritora americana Camille Paglia (cuja foto, aliás, ocupa toda a primeira página do Mais!) Ainda na página 6, um poema anêmico, em inglês, do americano Fredric Jameson. Na página 9, em outro artigo, uma citação do ‘New York Times Magazine’. E, além disso, por que dar tanto espaço a uma escritora americana? Espaço que a ‘Folha’ nunca deu a uma escritora brasileira. "
Em resumo, a “Folha de S. Paulo” sempre publicou todas as minhas críticas, sem as capar, sem as desvirilizar, sem as transfor­mar em eunucos do harém do sultão Harum AI Rachid. Há poucas semanas, entretanto, numa única edição desse jornal, dois petulantes erros gramaticais me impressionaram. Cumprindo o meu dever de zeloso inspetor escolar da Língua Portuguesa, sedutora matrona amada por mim (amor não cor­respondido, segundo o boquirroto Diogo Mainardi), eu enviei esta crítica à seção "Painel do leitor":
“Mas o que está acontecendo com a bela ‘Folha de S. Paulo’? Ela quer ficar feia? Agora não sabe mais empregar os verbos pronominais da língua portuguesa? Logo na primeira página da edição de 7/5 encontrei esta frase: ...a Prefeitura de São Paulo começou a digitalização de 8.000 imagens que corriam risco de estragar’. Eu pergunto: estragar o quê? Como estragar é um verbo pronominal, o correto é 'risco de se estragar'. As imagens é que estavam se estragando, elas não estavam produzindo danos em outras coisas... Na página A 10 da mesma edição, li esta manchete: ‘Se­te em dez eleitores não lembram voto'. Corrigindo: 'não se lembram do voto'. Outra pergunta: a ‘Folha’ está com vergonha de usar, de modo correto, os nossos verbos pronominais?".
Chegou às minhas mãos, em seguida, uma carta de Luiz An­tonio Del Tedesco, da seção “Painel do leitor”, agradecendo o envio da crítica e com esta explicação:
"Pedimos desculpas por não tê-la publicado. É que recebemos no período um volume expressivo de correspondência. Esperamos con­tar com a sua colaboração em outra oportunidade."
Tranquilo, porém não abúlico, mandei esta resposta acachapante ao senhor Tedesco:
            "Recebi a sua carta formal. A desculpa clorótica, fraquinha, de muletas, não me convenceu, pois apontei dois graves erros de português numa só edição da “Folha” e o seu jornal tem a obrigação moral de os reconhecer, publicando a minha crítica. Em vez disso, de maneira insensata, o colega decidiu optar pelo silêncio, pela omissão. Os leitores da “Folha”, portanto, foram obrigados a engolir os erros berrantes”.

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Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor do livro As lutas, a glória e o martírio de Santos Dumont, lançado pela HaperCollins.

domingo, 15 de março de 2020

A NATUREZA HUMANA É ASSIM


Muitos psicólogos sustentam: ninguém é totalmente mau e ninguém é totalmente bom. Diversos fatos históricos, todavia, desmentem esta afirmativa.
Será possível falar em vocação para o homicídio, como se fala a respeito de uma tendência para a música? Certas criaturas possuem no recesso de suas almas o irrefreável desejo de matar, como outras sentem a vontade de fazer o bem ao próximo? Já se nasce com o estigma do crime, ou com a auréola dos santos e a nobreza dos espíritos generosos? Um criminoso assassina por ser visceralmente mau, devido à natureza dos seus cromossomos, e um missionário se sacrifica em prol dos nossos semelhantes porque é visceralmente bom?
O exame frio dos fatos nos levou a esta conclusão: muitos criminosos são mesmo perversos e tal característica independe da cultura, da educação, dos fatores econômicos, da influência dos agentes externos.
A perversidade, em nossa opinião, é a principal característica da maior parte dos criminosos. Todavia, qual é a fonte oculta dos maus instintos? Se o leitor já conhece a natureza humana, sabe como esta é complexa, não ignora que em nosso planeta existem criaturas frias, insensíveis, de coração duro. Não é uma filosofia barata, é a realidade. E provamos isto com episódios da vida de certos personagens históricos.
Mohamed-Bey, um general egípcio, recebeu o apelido de "Homem das Moscas", porque o seu divertimento predileto era pegar os tais insetos. Certa ocasião, na hora em que se entregava a esse passatempo, um pobre camponês foi apresentar-lhe uma queixa. Ele havia sido roubado e espancado por um guarda. Ao ver o camponês, Mohamed esbravejou:
-Quem é este cão que ousa perturbar-me? Levai-o ao "Juiz de paz".
Agarraram o queixoso e o colocaram na frente do "Juiz de paz", isto é, na boca de um canhão que estava sempre carregado. E de modo rápido, portanto, o miserável varou o espaço, atingiu as alturas...
O episódio aqui evocado nos trouxe à memória aquela história da rã e do escorpião.
Em certo dia de forte calor, perto do rio Ganges, lá na Índia, uma floresta começou a arder num incêndio colossal. Zonzo, encurralado entre o fogo e o rio, um escorpião se agitava. Nesse instante dramático, ao ver uma rã que ia atravessar as águas, ele suplicou:
-Por favor, coloque-me nas suas costas!
O batráquio respondeu:
-Tenho medo, o seu ferrão é mortífero, traiçoeiro.
-Ora - argumentou o escorpião - se eu a picar, nós dois morreremos...
A rã teve de admitir:
-Sim, é verdade, então suba!
E o escorpião montou nas costas da rã. No meio do rio, porém, ela sentiu uma dolorosa picada. A sua vista escureceu, foi perdendo o fôlego e balbuciou estas palavras, já muito fraquinha:
-Como? Isto não faz sentido, nós dois vamos morrer!
-Eu sei - disse o escorpião - mas esta é a minha natureza...
Centenas ou milhares de criminosos são iguais a este escorpião: eles matam porque as suas naturezas os impelem a violar a lei dos homens e o quinto mandamento da lei de Deus.
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Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor do livro As lutas, a glória e o martírio de Santos Dumont, lançado pela HaperCollins.