Em 1938, no Rio Grande do Sul, existiam
9 milhões e 800 mil hectares de florestas, isto é, 34,47% da área do estado. Agora
restam apenas 2
milhões e meio de hectares, o que corresponde a cerca de 7 % da área total do
território gaúcho. Na região centro-oeste desse território – observa Fernando
Guedes -
"o
verde dos campos está dando lugar a enormes manchas desérticas e totalmente
estéreis", cujo crescimento chega a atingir quase 20% ao ano. E tal
fenômeno acontece a pouco mais de quatrocentos quilômetros de distância de
Porto Alegre, na faixa de solo arenoso em que estão localizadas as cidades de
Alegrete e São Francisco de Assis.
No Século XVI era copiosa, superabundante,
a cobertura vegetal do Nordeste brasileiro, mas depois o Ciclo do Gado
arrasou-a.
Segundo um estudo concluído pelo Instituto Agronômico de
Campinas e pelo Instituto Florestal do Estado de São Paulo, se continuar a
devastação das matas paulistas, a área que elas cobrirão dentro de 25 anos será
de apenas 2 ou 3 por cento. São Paulo, deste modo, transformar-se-á num imenso
deserto. Atualmente, pouco mais de 8 % da superfície do estado - o que equivale
a uns 20 mil quilômetros quadrados - ainda apresenta cobertura de floresta
primitiva. Resultado: já se observa, em muitas bacias hidrográficas uma
sensível alteração dos mananciais de águas. E não só isto: começam a surgir
mudanças climáticas e verifica-se uma acentuada diminuição da fertilidade do
solo.
As estatísticas a Unesco informam que
Brasil, quinto
país o mundo
em extensão territorial, ocupa numa lista de 70 nações o obscuro 28º lugar em
área reservada a parques nacionais, e o vergonhoso 62º em porcentagem da área
em relação ao tamanho completo do país.
O
barão do Rio Branco presenteou-nos com mais terras, dilatou a extensão
territorial do Brasil. Mas é preciso zelar por este patrimônio, conservá-Io,
torná-lo habitável, respiráveI. Um país sem árvores é um deserto, é uma nação
sem beleza, sem oxigênio.
Em 1908 os Estados Unidos chegaram a uma
conclusão dramática:
se não fosse adotada nenhuma providência destinada a preservar as reservas
florestais existentes no país, além de se proceder a um reflorestamento nos
terrenos devastados, a pátria de Lincoln não teria madeira para o seu consumo
nos próximos sessenta anos. Diante de tão grave alternativa, o Congresso
norte-americano elaborou leis e aprovou um conjunto de medidas que
impediram a marcha daquele vandalismo...
O
Brasil de 2006, quanto ao problema da devastação florestal, aproxima-se da
mesma situação dos Estados Unidos de 1908.
Precisamos com urgência de um presidente
que seja patriota e não demagogo, capaz de ser o líder de uma vitoriosa
Campanha Nacional de Reflorestamento, pois o Brasil de hoje, carecido de
árvores, de vegetação, é um país careca.
_______________________
Escritor e
jornalista, Fernando Jorge é autor do livro As lutas, a glória e o martírio
de Santos Dumont, lançado pela HaperCollins.
Nenhum comentário:
Postar um comentário