Manchete da
primeira página, na edição de 21 de agosto de 2005 da Folha de S. Paulo:
"Planalto
se arma para blindar Palocci.”
Na mesma edição,
em outra página, li esta manchete:
"Relator
blindou PT e governo em 7 casos.”
O texto é de
Kennedy Alencar, da sucursal de Brasília. E mais adiante, ainda na mesma edição da Folha de São
Paulo, li na página A 18 a
seguinte manchete, sob uma foto de Lula e da primeira-dama Maria Letícia:
“Governo quer
blindar Palocci para tranquilizar o mercado.”
Rubens Valente e
Marta Salomon, ambos também da sucursal de Brasília, são os autores do texto.
Portanto, numa só edição da Folha, três manchetes com o verbo que se
tornou um cacoete de vários
repórteres pouco inventivos. Três! Sim,
reafirmo, agora o verbo blindar assumiu o aspecto,
nas matérias desses jornalistas, de teimoso cacoete linguístico. É blindar
aqui e acolá, no frio ou no calor, no Norte e no Sul, em
dezenas de revistas e jornais. Sempre o antipático blindar e os seus
derivados blindado e blindagem. Uma coisa ridícula, cansativa,
irritante. Parece inundação sem fim, que de maneira sádica afoga a nossa
paciência. Quer mais provas, amigo leitor? Eu as dou. Manchete da reportagem de
Ronald Freitas, na edição do dia 29 de agosto de 2005 da. revista Época:
“Blindagem trincada”
Manchete na
seção de Economia, da edição de 20 de agosto de O Globo:
“Blindagem arranhada"
Manchete do Jornal
do Brasil, no
mesmo dia:
“Denúncia testa a blindagem”
Manchete da
edição de 18 de agosto de O Globo, também na seção de Economia:
“Blindagem que vem de fora”
Sempre ficando
neste ano de 2005, manchete da reportagem de Luiz Cláudio Lima, na edição de 17
de agosto da revista Veja:
“Lula reforça a blindagem”
Trecho da
reportagem “Planalto para à espera de
Dirceu”, de Renata Moura e Paulo de Tarso Lyra, publicada na
edição de 1º de agosto do Jornal do Brasil:
"Dirceu não
teria gostado de ver, pelos jornais, que o governo estaria negociando uma lista
de cassações - com
sua cabeça em primeiro
lugar - para blindar
o gabinete presidencial."
Manchete na
edição do dia 17 de julho da Folha de S. Paulo:
“A verdadeira blindagem”
Manchete da
reportagem de Milton F. da Rocha Filho, na edição de 25 de março de O Estado
de S. Paulo:
“Mentor tenta blindar Marta com ameaça a prefeitos”
Segunda manchete da reportagem de Gerson Camarotti, na edição
de 26 de fevereiro de O Globo:
“Planalto montou operação para tentar blindar o presidente de ataques.”
Mostrei apenas
uma pequena parte do excesso do emprego do verbo blindar e dos seus derivados, neste ano de 2005, em nossa grande
imprensa. É uma praga como o curuquerê, a lagarta que ataca as folhas e os
brotos novos do algodoeiro. O verbo blindar metamorfoseou-se no
curuquerê da grande imprensa brasileira.
Chega, não
aguento mais, juro! Pergunto a esses jornalistas desvairadamente apaixonados
pelo verbo blindar: por que não substituir este verbo muito gasto,
deteriorado, pelo trivial proteger? E que tal usar proteção, em
vez de blindagem? Viva a simplicidade!
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Um comentário:
Continua o "blindar":
Para blindar Eduardo Bolsonaro, Rodrigo Maia não vai pautar projeto sobre nepotismo
Kim Kataguiri (DEM-SP), relator da proposta, disse que o projeto já tem apoio de deputados do Novo, do PT, PDT e PCdoB e que vai passar com folga na Comissão de Trabalho da Câmara, onde será votado na próxima semana
https://revistaforum.com.br/noticias/para-blindar-eduardo-bolsonaro-rodrigo-maia-nao-vai-pautar-projeto-sobre-nepotismo/?utm_source=notificacaopush&utm_medium=onesignal
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