Na
página 57
do seu livro “Polígono das
secas”, lançado em 1995 pela Companhia das Letras, o Diogo Mainardi se refere a
três “cadáveres sufocados”.
Eis aí mais um dos numerosos disparates do Dioguinho: os defuntos respiram e
portanto vivem, amam, odeiam, suspiram, sofrem, gozam. Qualquer
pessoa, ao estrangulá-los, é capaz de lhes tirar a vida, sensacional! Lógico!
Um grave
erro gramatical do Mainardi, na sua coluna da “Veja”. (edição de 7-9-2005),
continua ali, de maneira escandalosa:
“O
resultado foram a perda de controle do Congresso e a eleição de Severino Cavalcanti.”
Como já salientei, o Dioguinho
evocou, na frase acima, apenas um e não vários resultados. Teria acertado se o início do período ficasse
assim:
“Os
resultados (no plural) foram..."
Vejam este outro erro de português
do Dioguinho:
“...que
Deus Todo-Misericordioso infligira-lhe... (“Polígono das secas”, página 49).
Mainardi
ignora isto: a conjunção que atrai os pronomes lhe, se e o,
além de outros. Apresento aqui três frases do referido livro do Dioguinho:
"...O
pouco que resta de seu bando dispersa-se..." (página 31).
“Não é
estranho que um tribunal torne-se...” (página 34)
“À medida
que o jerico arrasta-o...” (página 111)
Meta na
sua cabeça,
Dioguinho: o que, nas três frases, atrai os pronomes se e o.
Compreendeu?
Os textos desse colunista da “Veja”
estão abarrotados de erros gramaticais. Trôpego no manejo do nosso idioma, autor de frases mal azeitadas nas
molas, que necessitam urgentemente de lubrificante - frases capengas e
vítimas de um artritismo crônico - ele também ignora que a preposição para atrai os
pronomes. Abri ao acaso o caótico “Polígono das secas” e encontrei
estes erros:
“...ansioso para unir-se ao
bando..." (página
30).
“...para apropriar-se de todas as reservas
hídricas..."
(página
76).
“. . .Catarina Rosa oferece para sacrificar-se no
lugar do filho..." (página 87).
Dioguinho,
decore esta regra: a preposição para atrai normalmente os pronomes
pessoais, objetivos e terminativos. Quer ver dois bons exemplos? Eu os dou de
graça:
“Que coração o vosso para se oferecer a
defendê-la.”
(Jorge
Ferreira de Vasconcelos, “Eufrosina”,atoV, cenaV).
“Já para
se
entregar
quase rendidos,
À fortuna
das forças africanas,”
(Camões, “Os lusíadas”,
canto IV, estrofe 20).
Além dos infindáveis erros de português e dos disparates
ultra malucos, o que me choca nos livros do Dioguinho, embora eu seja a favor do livre direito de expressão, é
ver como ele generaliza a torto e a direito:
"A
brasileira é
a
mulher mais detestável do universo” (página 21 do livro “Contra o Brasil”).
"Muito
melhor que uma criança é um macaco. Ter um filho equivale a enfiar um
estranho dentro de casa. É como se eu levasse o gerente do meu banco para
morar comigo e, ainda por cima, passasse a sustentá-lo" (página 141 do
livro “A tapas e pontapés”).
Amigo
leitor, envie-me a sua opinião sobre o que acabo de escrever. Eu a comentarei.
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Escritor e
jornalista, Fernando Jorge é autor do livro As lutas, a glória e o martírio
de Santos Dumont, lançado pela HaperCollins.
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