Encontrei enorme quantidade de erros nos
verbetes do Dicionário enciclopédico ilustrado Veja Larousse. Aqui vão
alguns exemplos.
No verbete adjetivo, da página 45,
há um erro gramatical: "para mudar-lhe o significado". Ora, como
ensina Cândido de Figueiredo no livro O problema da colocação dos pronomes,
a preposição para atrai de modo normal os pronomes pessoais. Entre
vários exemplos, Figueiredo reproduziu estas palavras simples de Machado de
Assis: “...para lhe não perguntar nada”.
Georgina de Albuquerque, insigne pintora
brasileira, não morreu em 1962, segundo informa o seu verbete da página 79, mas
sim em 1956. O dicionário é milagroso, prolongou-lhe a vida, fez a pintora
viver mais seis anos... Consultar a página 43 do 1º volume do Dicionário
brasileiro de artistas plásticos, publicado em 1973 pelo Instituto Nacional
do Livro e pelo Ministério da Educação e Cultura.
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho,
não construiu o Santuário do Nosso Senhor Bom Jesus de Matozinhos em Congonhas
do Campo, como assegura na página 86 o verbete sobre o nosso genial artista.
Quem empreendeu a construção do santuário, no século XVIII, foi o eremita
Feliciano Mendes, porém Iá o Aleijadinho esculpiu na pedra sabão as estátuas
dos profetas Isaías, Jeremias, Baruque, Ezequiel, Daniel, Oséias, Jonas, Joel,
Amós, Naum, Abdias e Habacuque.
No verbete sobre Salvador Allende, da
página 99, aparece esta construção errada:
“Foi derrotado por um golpe militar...
durante o qual suicidou-se."
O certo é ”durante o qual se suicidou”,
pois os escritores de elocução vernácula costumam fazer proclítico o pronome
pessoal objetivo e terminativo, quando precedido, dentro da mesma frase, pelos
pronomes que, cujo, qual. Dois exemplos, o primeiro do
padre Antônio Vieira, e o segundo de frei Luís de Sousa:
“... diante do qual se ajoelhou”
“... do qual se afirma..."
Achei todos estes erros por acaso,
folheando o volume 1 do Dicionário enciclopédico ilustrado Veja Larousse.
Examinarei agora, também sem esforço, o volume 2 da obra.
O poeta, escritor e folclorista Amadeu
Amaral não nasceu na cidade paulista de Capivara, como podemos ler num verbete
da página 117. Esta cidade não existe no Estado de São Paulo. Capivara é o nome
de um rio de Sergipe e de uma lagoa do Amazonas. Amadeu veio ao mundo em 6 de
setembro de 1875, numa fazenda que pertencia ao município paulista de Monte
Mor, emancipado em 1871.
Ubaldino do Amara!, político, jurista,
professor, teatrólogo, não nasceu na cidade paulista de Vila da Lapa, consoante
informa um verbete da página 118. Vila da Lapa é outra cidade que não existe e
nunca existiu em São Paulo. Nascido em 27 de agosto de 1842, o
eclético Ubaldino não era paulista e sim paranaense...
Malazarte não
é ensaio ou crítica literária, como se deduz da leitura do verbete sobre Graça
Aranha, na página 190. Não, Malazarte é um drama lírico de Lorenzo
Fernandez, baseado num libreto do autor de Canaã. Aliás, convém não o
confundir com a ópera-cômica Malazarte, de Camargo Guarnieri, cujo
libreto é da autoria de Mário de Andrade.
Anotei dezenas de outros erros, mas vou
parar aqui, devido a falta de espaço.
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