Siddharta Gautama, o
Buda, nasceu no ano 556 antes de Cristo, numa região da Índia onde agora é o
Nepal. Pertencente a linhagem nobre, filho de um rei e de uma rainha, vivia
entregue à gula, ao luxo, aos gozos materiais, mas renunciou a esses prazeres e
virou um mendigo, indo com trajes sumários para lugares remotos. Ele tinha,
nessa época, menos de trinta anos. Queria encontrar a verdade, a qual, como
disse o gramático e crítico latino Aulo Gélio, do século II, é “a filha do
tempo”. Veritas filia temporis.
Mergulhado em profundos pensamentos, Siddharta Gautama
decidiu ficar de pernas cruzadas sob a copa de frondosa árvore, até receber a
iluminação das criaturas sábias. Certa vez, enquanto permanecia assim, uma luz
começou a refulgir no meio da sua testa. Sentindo-se ameaçado, Mara, o deus do
mal, fez Siddharta ser atingido por visões perturbadoras, satânicas. Contudo, o
peregrino não perdeu a calma e logo, devido a um alto grau de concentração,
logrou alcançar o Nirvana, esse supremo estado de paz, de plenitude, de pureza,
de sabedoria, de ausência completa do sofrimento.
Após chegar a tão elevado nível de conquista espiritual,
ele viu a terra tremer e uma chuva cariciosa, refrescante, cair do céu sem
nuvens, limpidamente azul. Liberto de toda dor, ergueu-se do chão e se
transformou no Buda, isto é, no “Iluminado”.
A filosofia do Budismo se compõe de quatro verdades:
1.
O
sofrimento é universal.
2.
O
sofrimento é causado pelos desejos materiais.
3.
Eliminar
os desejos materiais é descartar o sofrimento.
4.
Um
caminho reto deve ser seguido, a fim de renascermos.
Eis os oito passos do caminho reto do renascimento,
proposto por Buda:
1.
Crença
correta.
2.
Sentimentos
corretos.
3.
Palavras
corretas.
4.
Procedimento
correto.
5.
Maneira
de viver correta.
6.
Esforço
correto.
7.
Memória
correta.
8.
Concentração
e meditação corretas.
Se o crente seguir este caminho, ele se tornará um arhat, uma criatura que alcançou o
Nirvana.
Veja, amigo leitor, quanta sabedoria existe no Budismo,
esta admirável religião filosófica:
“O ódio não destrói o ódio, só o amor destrói o ódio. Sê
como o sândalo, que perfuma o machado que o fere”.
“A paz vem de dentro de você mesmo. Não à procure à sua
volta”.
“Um bom amigo, que nos aponta os erros e as imperfeições, e
condena o mal, deve ser ouvido como se estivesse revelando o segredo de um
oculto tesouro”.
“É mais fácil ver os erros dos outros que os próprios. É
muito difícil enxergar os próprios defeitos, pois espalhamos os defeitos
alheios, como se fossem palhas ao vento, mas escondemos os nossos, como jogadores
trapaceiros”.
“Uma consciência culpada é um inimigo vivo”.
“O dinheiro é o ladrão do homem”.
“Em nossas vidas há momentos de alegria e de sofrimento. Se
conseguirmos aceitar que sempre vamos ter bons e maus momentos, poderemos
gradualmente não esperar somente os bons momentos e nem detestar os maus”.
Acredite, amigo leitor, o Budismo é belo como muitas coisas
simples. Belo como o sorriso de uma criancinha feliz, tão belo como a humilde
gota de orvalho pousada na pétala de uma flor silvestre, na hora em que os
pássaros cantam, saudando o nascer do dia.
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