Daniel Filho, diretor da peça “As
mulheres da minha vida”, que estreou no Teatro Cultura Artística, proferiu a
seguinte frase, publicada no número 1.557 da revista “Contigo”:
“Mulheres
inteligentes são chatas para serem esposas.”
Frase
infeliz! Eu pergunto se o ator Daniel Filho pertence a essa classe de machistas
que adoram mulheres burras ou ignorantes. Aliás, Maria Cristina Mendes
Caldeira, ex-esposa de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, após ter sido
chamada de burra e alienada por ele, reagiu com estas palavras, segundo
informa a revista “Veja”:
“Não
sou uma mulher burra nem alienada. Chega um momento em que muitos fatos
esquisitos passam a ser mais do que fatos esquisitos”
É
inquestionável, e Maria Cristina não merece esse tipo de ofensa, como tantas
outras mulheres acusadas injustamente, cretinamente, por estúpidos maridos
machistas. Aliás, ser machista já é ser estúpido...
Muitos
homens inteligentes, talentosos, exibiram o seu momento de burrice quando se
referiram às mulheres. Na cena terceira do ato IV da peça “Emilia Galotti”, do
dramaturgo alemão Gotthold Ephrain Lessing (1729-1781), um personagem fala
desta maneira:
“A
moça que pensa é tão estúpida como o homem que se pinta”.
(“Ein Frauenzimmer, das denkt, ist eben, so ekel als
ein Mann, der sich schminkt”).
Lessing deve ter
colocado o seu próprio pensamento na
boca do personagem. Na sociedade daquela época, os homens não aceitavam
que as mulheres fossem inteligentes. Os preconceitos contra elas os fazia
padecer de uma crônica estreiteza mental.
Chamfort (1741 – 1794), moralista francês,
viveu na época de Lessing. Pois bem, ele ousou afirmar isto, na parte sexta das
“Maximes et pensées”:
“As mulheres tem no cérebro uma célula de
menos, e no coração uma fibra a mais”
(“Les femmes ont
dans Ia tête une case de moins et dans le coeur une fibre de plus”)
Famoso por seus epigramas e aforismos
cínicos, Chamfort era um pessimista e foi uma vítima da Revolução Francesa.
Viveu solitário, cortejado pela nobreza, porém nunca soube compreender as
mulheres. A incapacidade de centenas de homens de compreendê-Ias, leva esses
homens a formular julgamentos errados. Portanto a burrice, sob este aspecto,
não está nas mulheres e sim neles. Coberta de razão se achava a americana
Margaret Mitchell (1900-1949), autora de “Gone With the Wind” (“E o vento
levou”), quando disse numa entrevista:
“A
desilusão masculina mais comum é descobrir que a mulher pensa”.
Um
patricio de Margaret Mitchell, o inteligentíssimo escritor Henry Louis Mencken
(1880-1956), garantiu no capítulo “The feminine mind” ("A mente
feminina") da sua obra “In defense of women” (“Em defesa das mulheres”) :
“As
mulheres, na verdade, não são apenas inteligentes; elas detêm praticamente o
monopólio de certas formas sutis e mais úteis de inteligência."
Concordo,
Mencken acertou. E uma prova da superioridade mental das mulheres em relação
aos homens, é também esta: as mulheres não provocam guerras, não mandam invadir
países, não causam a morte de milhões de inocentes, não adotam os métodos sujos
de Adolf Hitler e George W. Busch.
Vivam
as mulheres, elas são a parte mais limpa e mais bela da humanidade!
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Escritor e
jornalista, Fernando Jorge é autor do livro As lutas, a glória e o martírio
de Santos Dumont, cuja 7ª edição acaba de ser lançada pela editora
HarperCollins Brasil.
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