Segundo o Dicionário
de usos do Português no Brasil, de Francisco S. Borba (Editora Ática, 2002,
página 1.580), a palavra troglodita,
além de designar o habitante das cavernas, na época da Pré-História, pode ser
aplicada a pessoas de comportamento primitivo, de natureza selvagem, a pessoas
brutas, violentas, animalescas.
Entrevistado por Matt Sandy para a revista
americana Time, o senhor Jair
Bolsonaro, aliás, Jair Bolso Reacionário, declarou de modo firme:
– Não sou troglodita.
Eu pergunto se é bruto, troglodita ou não, esse
homem que na sua visita a Eldorado de Carajás, no sudoeste do Pará, deu apoio
ao massacre ocorrido naquela região, em 1996, de dezenove trabalhadores rurais
sem-terra, por elementos da polícia.
Repito se é bruto, troglodita ou não, o
ex-capitão do Exército, autor desta frase:
“O erro da Ditadura de 1964 foi o de torturar e
não matar.”
Ele afirmou isto no programa Pânico, da rádio
Jovem Pan, em julho de 2016. Ora, na frase nazista do Bolso Reacionário já
existe um erro berrante, porque a Ditadura não apenas torturou. Ela torturou e
matou. Basta citar aqui as mortes barbaras dos jornalistas Mário Alves de Souza
Vieira, Joaquim Câmara Ferreira, Luiz Eduardo da Rocha Merlino, assassinados
sob torturas em 1970 e 1971, no Governo Médici. E o fim dramático, idêntico ao
das tragédias gregas, do jornalista Vladimir Herzog, morto sob tortura nas
dependências do DOI-CODI, em 25 de outubro de 1975, durante o Governo Geisel.
Evoquei esses crimes no meu livro Cale a
boca, jornalista!, já na sexta edição, lançada pela editora Novo Século.
Quando li a frase nazista do Bolso Reacionário
me lembrei do seguinte trecho da Bíblia,
que se acha no Velho Testamento:
“Não te vingarás, nem guardarás ira contra os
filhos do teu povo, mas amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Levítico,
capítulo 19, versículo 18).
Volto a indagar se é ou não é bruto,
troglodita, o autor desta confissão feita em 2002, na Câmara Federal:
“Se chegar a ver dois homens se beijando na
rua, vou bater neles”.
Portanto, no caso de um pai de idade madura
beijar um filho de vinte anos numa via pública, e o rapaz beijar também o pai,
os dois vão imediatamente levar porradas do Bolso Reacionário... Após ler a
declaração cretina do nosso Adolf Hitler, veio à minha mente mais algumas
palavras da Bíblia, registradas no
versículo 5 do capitulo 3 do Livro de Sofonias: “o injusto não conhece a
vergonha”.
Percorrendo a Bíblia, tive a impressão de contemplar o Bolso Reacionário no
versículo 4 do capitulo 36 do Livro dos Salmos. Eis o trecho:
“No seu leito, maquina a perversidade, detém-se
no caminho que não é bom, não se despega do mal.”
Consulto mais uma vez a Bíblia e leio no versículo 23 do capitulo 6 da Epístola aos
Romanos: “o salário do pecado é a morte”.
Todos nós somos pecadores, mas o senhor Jair
Bolso Reacionário tem pecado em excesso, bebeu demais o vinho ácido do pecado,
que arruína a alma e a enfurece. Cuidado, senhor Bolso Reacionário, cuidado!
Essa afirmativa do Livro dos Salmos é uma ameaça à sua pessoa. Memorize: “o
salário do pecado é a morte”. Quem o está ameaçando, não sou eu, é a Bíblia, o livro que contém a justiça, a
lei, os castigos de Deus. Aliás, Bolso Reacionário rima com salário.
O senhor Jair pecou muito ao atacar brutalmente
a deputada Maria do Rosário, do PT, em dezembro de 2014. As suas ofensas contra
ela foram as de um troglodita feroz, ávido de sangue, se um troglodita desse
tipo pudesse se expressar na tribuna da Câmara Federal. Vou reproduzi-las:
“Maria do Rosário não merece ser estuprada,
porque é muito ruim, muito feia, não faz o meu gênero, jamais a estupraria”.
Quanta selvageria! Pergunto como seria a reação
de Joaquim Nabuco e Rui Barbosa, parlamentares eloquentes de caráter, da época
do Segundo Reinado de Dom Pedro II, ouvindo esse comentário imbecil, esse
rugido de fera alcoolizada, essa frase cheirando a merda tríplice, a bosta de
rato, porco e hiena?
A misoginia, o machismo desvairado do Bolso
Reacionário, o incomensurável desrespeito à mulher, resplandecem como uma
latrina cheia de merda dourada, neste trecho de uma palestra do troglodita da
civilizada Campinas:
“Eu tenho cinco filhos. Quatro homens e uma
mulher. Fraquejei ao ser pai dela”.
Vejam a grosseria, a irracionalidade. Imaginem
a reação da filha do Bolso Reacionário, ao saber disso. Indago: então o avô
dele fraquejou, ao tornar-se pai da mãe que o pôs no mundo? Outra pergunta: o
Bolso Reacionário, que despreza tanto as mulheres, poderia ter sido gerado na
barriga de um homem?
Em 2011, como deputado federal, ele admitiu:
“Sou preconceituoso, sim, e com muito orgulho”.
Os que se vangloriam de ser preconceituosos
pertencem à Família Ódio, composta de perversos e degenerados, de inimigos da
democracia e de adeptos fanáticos dos regimes de arbítrio.
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