segunda-feira, 25 de setembro de 2017

SANTOS DUMONT ERA MUITO MULHERENGO

A pior coisa que pode acontecer na carreira de um jornalista é divulgar inverdades. Como escritor e jornalista sempre tive a preocupação de não mentir, de apontar o erro, doa a quem doer. Nas minhas críticas jamais atingi a honra alheia, pois evito o ataque pessoal, só me baseio em documentos, nos fatos que não podem ser contestados. No meu livro “Vida e obra do plagiário Paulo Francis”, por exemplo, mostrei o racismo e os plágios do Francis. Esta obra, lançada pela Geração Editorial, já está na segunda edição e até o presente momento não apareceu uma pessoa capaz de me dizer:
- Fernando Jorge, você difamou o Paulo Francis!
Apresentar a verdade com provas não é difamar, é ser sincero, honesto.
Pois bem, agora vou desmentir a afirmativa do meu colega Alberto Dines, em cuja terceira edição da sua biografia do escritor Stefan Zweig, publicada pela Editora Rocco, declarou que a biografia de Santos Dumont, escrita pelo americano Paul Hoffman, é “incômoda, porém correta”.
O livro de Hoffman foi lançado em nosso país com o título “Asas da loucura” (“Wings of Madness”, Editora Objetiva, 2004). Trata-se de uma biografia desonesta, pois o autor garantiu, no capítulo 16, que Santos Dumont nunca demonstrou interesse por mulheres. Aliás, Hof­fman tenta provar o seguinte, a todo custo e sem nenhum fundamento: o “Pai da Aviação" era efeminado, um homossexual enrustido.
Sou autor da biografia “As lutas, a glória e o martírio de Santos Dumont”, já na quinta edição, um lançamento da Editora Novo Século. Tal obra me custou oito anos de pesquisas e foi muito bem recebida pela grande imprensa. Não gosto de me gabar, mas graças a esta minha biografia ganhei em 1973 a Medalha Pioneiros da Aeronáutica, concedida pela Fundação Santos Dumont; o Medalhão Comemorativo do Centenário do Nasci­mento de Alberto Santos Dumont, também em 1973, concedido pelo Ministério da Aeronáutica; e neste ano de 2004 a Medalha Mérito Santos Dumont, concedida pelo Ministério da Defesa, por intermédio do tenente-brigadeiro-do-­ar Luiz Carlos da Silva Bueno, comandante da Aeronáutica.
Paul Hoffman garantiu, repito, que o nosso inventor nunca demonstrou interesse pelas mulheres. Mas eu provo na minha biografia: ele amou apaixonadamente uma atriz francesa de certa projeção, com a qual chegou a viver algum tempo. Depoimento de dois amigos seus: do mecânico André Gasteau e do comandante Amadeu Saraiva.
Outra mulher que apaixonou Santos Dumont: a jovem Yolanda Penteado, da alta sociedade paulista. Quando a via, o aeronauta ficava elétrico. Conto isto na página 259 do meu livro. A mãe da jovem resmungava, ao ver o interesse de Dumont pela filha:
-Esse velho, mais velho do que eu, e namorando a minha filha, só porque pensa que voa!
Desejam ver mais uma prova do interesse de Dumont pelas mulheres? Aí vai. Em 1926, ele quis casar-se com a francesinha Jani­ne Voisin, de 17 anos, filha do seu amigo Gabriel Voisin, mas o pai da mocinha não permitiu o enlace, devido a diferença de idade, pois Dumont já passava dos 50 anos.
Dumont também se apaixonou por uma francesa casada, madame Lettelier, “fabulosamente linda” e esposa do diretor do diário parisiense “Le Journal”. Ficou tão apaixonado que quando voava punha em volta do seu pescoço uma fina e delicada meia dessa francesa...
Concluindo, amigo leitor, diga-me se não é desonesta a biografia do americano Paul Hoffman. Como é que ele pôde afirmar que Santos Dumont nunca demonstrou interesse por mulheres? E como o Alberto Dines teve a coragem de chamar essa biografia de correta? Dines, por favor, seja mais cauteloso!

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Fernando Jorge é escritor e jornalista, autor do livro "As lutas, a glória e o martírio de Santos Dumont", já na 5ª edição, um lançamento da Editora Novo Século

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