Grandes jornalistas, de muito talento, e cito
aqui o Mino Carta, o Sebastião Nery, o Audálio Dantas, o Geraldo Pereira, o
José Neumanne, o Paulo Markun, o Roniwalter Jatobá, o Gabriel Kwac, o Marcos
Caldeira Mendonça, fariam magnificas reportagens com o assunto deste meu texto.
Informa Cleo Guimarães, na sua coluna “Gente
Boa” do jornal O Globo (20-1-2017),
que o governo de Michel Temer, no intuito de abastecer de alimentos o Palácio
da Alvorada, gastou, de uma só vez, seis mil reais na compra de pães de queijo,
quatorze mil na de 2.500 abacaxis, dezesseis mil na de três mil quilos de
melões e mamões, dezessete mil na de queijos do tipo Minas, dezoito mil na de
presuntos cozidos, sem capas de gordura, feitos com pernis de porco, pimentas
vermelhas e pretas.
Quando li a informação da esperta Cleo
Guimarães, indaguei a mim mesmo: o gigante Golias, da Bíblia, após ter sido liquidado por Davi, conseguiu ressuscitar em
pleno século XXI? Agora ele almoça e janta no Palácio da Alvorada, aliás, da
Gastança, como hóspede do beduíno Michel Miguel Elias Temer Lulia? Bonito nome!
Dois brutamontes, acredito, já se instalaram lá, os esfomeados gigantes
Gargantua e Pantagruel, nascidos da rica imaginação de François Rabelais
(1494-1553), com as suas panças bem arredondadas, soltando arrotos e peidos
épicos, marciais.
Num país mergulhado em profunda crise
econômica, onde há quatorze milhões de desempregados – e não sei quantos de
barriga vazia – o cardápio do Lulia (não confundir com Lula) custou quase
sessenta mil reais! Isto se chama afronta, zombaria, desprezo, insulto a um
povo carente. É o mesmo que mandar erguer, no meio de enorme favela ocupada por
miseráveis famintos, um castelo cheio, na sua cozinha, de manjares saborosos,
macios peitos de peru, suculentas carnes assadas, graúdos ovos dourados, fritos
no mais puro azeite.
Revela um estudo inédito do Banco Mundial, órgão
dirigido por Martin Raiser: entre 2,5 milhões e 3,6 milhões de brasileiros, na
maioria jovens, passarão a viver na pobreza, até o fim de 2017. Pergunto: a
cozinha do presidente Lulia, embora nababesca, vai alimentá-los?
Desejo entender. Por que gastar seis mil reais
na compra de pães de queijo? É para engordar, no Palácio da Gastança, milhares
de ratos e ratazanas, de caras idênticas às caras do Eduardo Cunha e do Sérgio
Cabral?
Presidente Lulia, incrível, foram gastos
quatorze mil reais na compra de 2.500 abacaxis. Abacaxis demais! É por que o
abacaxi se tornou o símbolo do seu governo? Segundo o Dicionário de usos do português do Brasil, de Francisco S. Borba, a
palavra abacaxi também se aplica às
coisas perigosas. Ora, senhor Lulia, se o seu governo é um abacaxi, ele é um
perigo, uma ameaça, um risco a pairar sobre as cabeças de todos nós. Cruz,
credo!
Presidente Lulia (repito, não confundir com
Lula), para que gastar dezesseis mil reais na compra de melões e mamões? Vai
esborracha-los nas caras dos que o chamam de golpista? Ui, quero me proteger...
Presidente Lulia, por que gastar dezessete mil
reais na compra do queijo tipo Minas? É ainda para satisfazer milhares de ratos
e ratazanas do Palácio da Gastança, como ficaram satisfeitos, antes de cair nas
ratoeiras fatais, os ratos de duas pernas – ratos bípedes – Eduardo Cunha,
ex-presidente da Câmara Federal, e Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de
Janeiro? Ambos guincham, agitam-se, estrebucham, sacodem os rabos, tentando
escapar das garras afiadas do Sérgio Moro, agilíssimo gatão juiz.
Presidente Lulia (volto a repetir, não
confundir com Lula) formulo esta pergunta: o apetite do seu estômago
sírio-libanês corresponde ao monstruoso apetite da sua ambição política? Se
corresponde, passarei a compreender porque o seu governo gastou dezoito mil
reais na compra de soberbos presuntos cozidos, sem capas de banha, feitos com
roliços pernis de suínos brasilienses, esplêndidos pernis cobertos de pimentas
vermelhas, da cor da nossa indignação, e de pimentas pretas, da cor dos nossos
vômitos de nojo, diante dessa orgia de gastos. Sim, desperdício do dinheiro
público na aquisição de alimentos perecíveis, destinados a apodrecer de modo
rápido na copa do edifício que pode ostentar este outro nome: Palácio da
Gastança.
Presidente Lulia, o senhor me dá a impressão de
ser igual a Vitélio, imperador romano (15-69), célebre por causa do seu voraz
apetite. A gula desse homem não tinha limites. Após a revolta de Tito Flávio
Vespasiano (7-79), ele fugiu com o seu padeiro e o seu cozinheiro. O povo
assassinou o comilão e o jogou no rio Tibre. Senhor Lulia, aí em Brasília
existe algum rio?
Aconselho o nosso super-legitimo presidente a
jamais comer tanto como o romancista Honoré de Balzac (1799-1850), que num
restaurante de Paris devorou seis pudins, doze costelas, vinte bifes, noventa e
seis ostras de Ostende.
Um naturalista inglês, John Lubbock, garantiu:
a aranha, no reino dos animais, é o bicho que mais come, proporcionalmente ao
seu peso e ao seu tamanho. E Lubbock chegou à seguinte conclusão: se um homem
precisasse se alimentar à semelhança das aranhas, teria de engolir, todos os
dias, duas vacas, três carneiros, dez porcos, milhares de peixes compridos.
Creio que devido a fartura do cardápio do
Palácio da Gastança, o presidente Lulia foi em outra encarnação uma viúva-negra,
a mais voraz, temida e peçonhenta das aranhas. O nome dela provem do fato da
fêmea dessa aranha comer o macho, depois do acasalamento. Isto lhe fornece uma
proteína extra, capaz de ajudá-la a produzir os seus ovos.
Sintetizo a minha hipótese. Talvez o presidente
Lulia seja o nosso Homem-Aranha. E ele soube construir a sua teia, a fim de
eliminar a inculpável borboleta Dilma Rousseff.
Artigo publicado no Jornal Itabirano
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